Audi usa baterias velhas em carregador de carro elétrico à prova de apagão
Baterias de protótipos dos Audi e-tron agora armazenam energia eólica e solar e solucionam problemas de estações de recarga
A Audi encontrou uma boa destinação para as baterias de carros elétricos usadas, problema que preocupa toda a indústria automotiva. Aproveitando as baterias dos veículos de sua frota, carros de uso, de teste e protótipos de desenvolvimento, da família e-tron, a empresa construiu estações de carregamento públicas de alta potência, que são alimentadas por energia limpa e à prova de apagões.
QUATRO RODAS conheceu uma dessas estações, batizadas de Audi Charging Hub. Localizada em uma das entradas da cidade de Nuremberg, na Alemanha, entre um centro de eventos e um parque público, a estação foi providencial após uma viagem de 100 km em Autobahn, com picos de 250 km/h, ao volante do e-tron GT.
No local, há seis estações de recarga rápidas, com até 320 kW de potência, que não impactam na rede elétrica local. As vagas são espaçosas e os cabos dos carregadores ficam suspensos em braços móveis, facilitando o uso. Carros de qualquer marca podem ser recarregados ali, mas quem tem Audi pode usar o app da marca para reservar uma estação, que fica travada até o cliente chegar. O motorista só precisa conectar o carro. A estação reconhece o veículo e o contrato de carregamento. O custo do quilowatt é de R$ 1,60, o mesmo que em um carregador doméstico na Alemanha, enquanto na rede de carregadores Ionity, por exemplo, custa de R$ 2,75 a R$ 4,40/kW, a depender da potência. Os carregadores funcionam 24 horas.
Essa estação de Nuremberg serviu como piloto para a iniciativa e superou a fase de testes há um ano. Recentemente, entraram em operação outras três: em Zurique, na Suíça; Salzburg, na Áustria, e Berlim, na própria Alemanha.
A grande sacada dessas estações (além de dar segunda vida às baterias) está em driblar limitações da rede elétrica pública de cidades pequenas, sem infraestrutura ou com um movimento sazonal.
Powerbank gigante
Baterias ocupam contêineres instalados no primeiro piso do prédio que abriga a estação
Grupo de contêineres
Pudemos entrar na estrutura elétrica que ocupa o primeiro andar (confira o vídeo em nosso Instagram, @quatro_rodas). As antigas baterias dos Audi e-tron estão alocadas em três PowerCubes, como são chamados os contêineres, que têm de 300 kWh a 525 kWh de capacidade. Cada um fornece energia para dois carregadores ultrarrápidos.
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O chamado StorageCube mantém entre 300 kW e 875 kWh e é responsável por garantir a recarga direta (dispensando inversores) dos PowerCubes e também por receber a energia da rede elétrica externa. Somando, são até 2,45 MWh acumulados para a recarga dos carros. O fornecimento externo soma 200 kW gerados em usinas eólicas espalhadas pelos campos alemães e os 30 kW dos painéis solares colocados no topo do prédio. Com isso, mal daria para recarregar nosso e-tron GT a 270 kW, potência máxima aceita por ele. Daí vem a importância das baterias, que também contornam a disponibilidade de sol e vento, e as eventuais falhas na rede elétrica.
Recarga em tempo real
Computadores regulam tudo isso e acompanham o estado das baterias de lítio. Por mais que a demanda tenha seus picos, a reposição mais lenta da energia evita superaquecimento, o que também ajuda a estender a vida útil de suas células. No segundo andar está o espaço de convivência. A senha de acesso é fornecida pelo carregador assim que o carro é conectado. Qualquer motorista pode usar os banheiros e as máquinas de venda de bebidas e lanches, mas só donos de Audi têm acesso garantido a um lounge mais amplo, com grandes sofás, mesas, tomadas, brinquedos, salas com isolamento acústico, e à varanda. Um funcionário da Audi está no local das
7 às 22 horas e pode franquear o acesso de outras pessoas ao lounge.
Monitores exibem, em tempo real, o estado do carregamento de cada carro, o que é importante para que o motorista não deixe seu carro ocupando a vaga mesmo após o carregamento estar completo. Em vez de multa, a cobrança de uma taxa-estacionamento, que seria cara, é suficiente para desestimular o ato.