É quase um roteiro previsível. Terminada a garantia, o dono do carro corre da concessionária. Só que para fugir dos preços tradicionalmente mais caros da rede autorizada, muitas vezes o proprietário também abandona as revisões preventivas regulares.
E é aí que mora o perigo. Passada a cobertura de fábrica, é ainda mais imprescindível manter a manutenção em prazos fixos – e até menores. A boa prática evitará defeitos que poderão exigir reparos emergenciais ainda mais caros que uma revisão.
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“Um aspecto interessante é que um veículo é projetado e desenvolvido para aguentar 240.000 km, ou dez anos. Ou seja, tem de garantir o funcionamento de suas partes essenciais nesse período ou quilometragem”, diz Erwin Franieck, mentor de Engenharia Avançada da SAE Brasil.
Assim é como a indústria define a “vida nominal” do carro. Trata-se de um padrão internacional que prevê que o veículo tem de, dentro desse tempo, garantir que seus principais componentes funcionem corretamente. Porém, para isso, a correta manutenção é fundamental.
O bom é que não há grandes mistérios para manter essas revisões pós-garantia. Se você for correr das concessionárias, opte por uma oficina não só com boa reputação mas que tenha ferramental adequado e aparelhos de diagnose, o chamado scanner automotivo, que descobre falhas mais rapidamente e com precisão.
Quanto aos prazos, a dica é diminuir em 20% os intervalos. Geralmente os veículos saem de fábrica com visitas de manutenção de 10.000 em 10.000 km e garantia de três anos, ou até 60.000 km. Então, a recomendação é fazer as revisões a cada 8.000 km e espelhar as verificações e trocas do início.
Ou seja: em uma situação hipotética de um veículo cuja garantia terminou após os 60.000 km. Se na revisão original de 10.000 km, foi feita verificação de anéis e troca de óleo, faça o mesmo na de 68.000 km. Se na de 30.000 km estava previsto trocar filtros de ar do motor e de cabine e o lubrificante, além do óleo, repita na sua revisão de 84.000 km.
Para consultar o que tem de ser checado e/ou trocado, vale verificar o Manual do Proprietário ou pesquisar no site do fabricante. “Claro que nem tudo vai se comportar linearmente, mas é uma referência e por isso a importância de tentar reduzir um pouco os prazos”, explica Franieck.
Lista básica
A recomendação é fazer um roteiro com itens básicos que valham a pena ser verificados a cada revisão. É importante checar tais peças e sistemas, mesmo que não esteja dentro do prazo estabelecido para a troca.
• Óleo lubrificante e filtro do óleo
• Fluidos do freio e da transmissão
• Filtros de ar do motor e do ar-condicionado
• Velas
• Anéis
• Correia
• Sistema de injeção
• Líquido de arrefecimento
• Mangueiras
• Discos e pastilhas
• Suspensão (amortecedores,
buchas e batentes)
• Parte elétrica
• Ar-condicionado
• Óleos obrigatórios
Peças
A opção por intervalos menores não é exagero quando o assunto também são os componentes. Muitas peças do mercado de reposição não têm o mesmo tratamento do componente original, o que provavelmente reduzirá sua vida útil.
“As borrachas que vão no veículo original, por exemplo, são de materiais extremamente caros, que recebem um tratamento térmico especial. No caso, peças como coxins e mangueiras trocadas podem ter a vida útil reduzida por menos da metade”, adverte Erwin Franieck.
Parte Elétrica
Neste quesito, é preciso ter cuidado especial com o aterramento da parte elétrica do automóvel. A cada revisão, os mecânicos desaterram os componentes para evitar que qualquer eventual conserto acarrete em uma queima geral dos dispositivos.
Porém, isso pode gerar uma perda de contato do sistema com o tempo. “A qualidade dos aterramentos é um aspecto bastante crítico no envelhecimento do veículo. Se as conexões se desgastarem e não estiverem boas, isso vai gerar inúmeros outros problemas”, explica o engenheiro.
Na rede
Para quem quiser continuar com a manutenção na concessionária, mesmo depois da garantia, um alento. Algumas marcas mantêm preços fixos para as revisões após os 60.000 km. A vantagem é que a rede autorizada já tem todo o histórico do seu carro e os equipamentos adequados para mexer nele. Veja alguns exemplos*: