Admardo Augusto, Campos dos Goytacazes (RJ)
A potência disponível para cada mistura de gasolina e etanol será um valor intermediário entre os dois extremos (gasolina pura e etanol puro),variando em função da porcentagem de cada combustível nessa mistura e também em razão da taxa de combustão do motor, que pode favorecer um ou outro tipo de combustível, conforme foi definido no projeto do motor.
Conversamos com o engenheiro Fábio Ferreira, diretor da Bosch, e ele nos forneceu o seguinte exemplo: no caso em que a potência com gasolina seja 106 cv e com etanol próximo a 111 cv, uma mistura meio a meio proporciona uma potência próxima a 110 cv, considerando que o motor tenha uma taxa de compressão elevada (algo acima de 11:1).
Por que etanol aumenta a potência?
Uma potência maior com etanol é o mais comum nos motores flex, mas não é regra. Vai depender da programação da Unidade de Comando Eletrônico (ECU) do motor. Há carros com programação mais conservadora, com a mesma potência com gasolina e álcool, como os Nissan.
Também vale lembrar que o antigo Honda HR-V 1.8 era mais potente com gasolina: tinha 140 cv com o combustível de origem fóssil e 139 cv com etanol.
A questão está em poder explorar as vantagens do etanol, que tem maior poder antidetonante que a gasolina. Por isso a taxa de compressão ideal para seu uso é mais alta – 12:1, contra os ideais 9:1 para a gasolina.
Em motores flex, geralmente é utilizada uma taxa intermediária entre 10,5 e 11:1. Apesar de ser intermediária, essa taxa acaba favorecendo o uso do etanol, resultando em maior potência e torque quando tal combustível é utilizado.
Por outro lado, o etanol possui menor poder calorífico (a quantidade de calor emitida pela combustão completa de um combustível) que a gasolina. Por causa disso, os números de consumo de um motor flex tendem a ser piores com etanol do que com gasolina.