Na capital paulista é possível encontrar centros automotivos independentes dedicados ao atendimento personalizado prometendo qualidade igual ou superior à das autorizadas.
Como diferencial, essas oficinas têm maquinário de manutenção indicado pela fábrica e fornecedores próprios, que trazem peças do exterior.
Os proprietários atendidos por elas garantem que o diagnóstico do defeito é exato, trocando apenas os componentes avariados, e que o tempo de permanência do carro no local é menor.
Conheça quatro dessas monomarcas que estão entre as mais tradicionais de São Paulo e que, além do conhecimento técnico específico, trazem na sua história a paixão pela marca do coração.
Oficina estrelada
A paixão do engenheiro civil João Bosco (foto no alto), 55 anos, pela Mercedes-Benz começou há 30 anos, quando ele comprava e revendia automóveis da marca alemã por conta própria.
“Como meus clientes tinham necessidade de consertos que eram exclusivos desses modelos, e como eu conhecia bem essa mecânica, decidi abrir uma oficina”, explica Bosco.
Foi aí que nasceu em 1994 a Avanti (11 5093-8221), onde só entram carros com a estrela de três pontas. “Com o tempo, desenvolvi uma verdadeira paixão por esses modelos. Tenho muito prazer em ver minha oficina repleta de Mercedes”, afirma.
O perfil dos clientes é variado: “Tem gente abonada, que não se preocupa com o orçamento final. Mas há aqueles que sofrem para manter o carro. Esses pechincham até não poder mais”.
Ele diz que já tem uma carteira fiel de clientes porque consegue resolver qualquer defeito, seja por ter conhecimento técnico, seja por ter bons contatos. Como fã, não poderia deixar de rodar a bordo de um Mercedes – ele tem um C 230 1997, mas até hoje já teve 20 veículos da marca.
Matrimônio à italiana
Natural de Salerno, o italiano Guglielmo Martino, 60 anos, chegou ao Brasil aos 26 e, após uma experiência como taxista, virou consultor técnico da concessionária Fiat Firenze, no Ipiranga. A devoção que já tinha pela marca Fiat em seu país só aumentou com o tempo, até que decidiu abrir sua própria oficina.
Mas com um diferencial: só atenderia modelos do grupo Fiat. “A tecnologia e o design italianos são impressionantes e a marca consegue aplicar nos carros de rua o conhecimento que adquiriu com a Ferrari nas pistas”, afirma Martino.
Desde 1996, o italiano se dedica à Karbello e ainda faz questão de colocar a mão na massa. “Tenho um ajudante, mas, como tenho paixão pelo meu ofício, quero eu mesmo descobrir o defeito e ter o prazer de fazer o conserto”, diz Martino, que atende cerca de 40 veículos por mês.
“A maioria são populares da Fiat, mas também tenho a sorte de mexer em máquinas como a Alfa Romeo 156 ou 166.”, completa.
Sotaque alemão
Inaugurada há 44 anos, a oficina Bavaria foi a primeira do país especializada no atendimento de modelos BMW. O fundador Carmine Grisolia Netto, 78 anos, encantou-se pela marca alemã quando trabalhava na importadora autorizada BMW Munique, onde era vendedor.
“Durante os cinco anos que atuei lá, fiquei impressionado com o avanço tecnológico da marca. Na década de 60, era a única a oferecer injeção mecânica. Foi quando decidi que queria trabalhar o resto da vida com BMW”, diz Tico, como é mais conhecido.
Mesmo com poucas unidades no Brasil para atender (cerca de 1 200 em 1972), ele abriu sua oficina especializada em BMW.
“Com a clientela escassa, tive que atender automóveis nacionais, mas com a abertura da importação, em 1991, voltei a me dedicar exclusivamente a minha marca predileta”, diz.
Assim que teve condições, Tico adquiriu seu primeiro BMW e há 35 anos só compra modelos da marca. Também passou sua predileção para a família: esposa, filha, genro e neto só andam de BMW.
Dr. Chrysler
O mecânico Sandro dos Santos, 39 anos, diz com orgulho que já recusou um convite para trabalhar na concessionária Ferrari só para atuar em uma autorizada Chrysler.
“Sempre fui movido por desafios e consertar carros Chrysler me desafiava mais”, diz o mecânico, que desde os 8 anos mexe em automóveis e já trabalhou com diversas marcas.
Santos tem oficina especializada na marca americana há 15 anos e desde 2011 é sócio-proprietário da Dr. Chrysler: “Atendo 80 veículos por mês e os trato como se estivessem doentes. Para explicar o defeito para o cliente, eu até uso metáforas com doenças humanas.”
Santos diz que seu serviço especializado é procurado no Brasil inteiro e regularmente oficinas de outras cidades pagam suas despesas para que ele se desloque até elas a fim de solucionar um defeito persistente.
“Faço consultorias para os donos de Chrysler em fóruns da internet. Calculo que já consertei cerca de 200 automóveis a distância”, afirma.