Vanderlei Inácio de Faria, por email
Esse “grilo” indica a ocorrência da pré-ignição, que é provocada pelo excesso de carbonização na câmara de combustão, resultado de combustível de má qualidade ou do retardo no ponto de ignição do motor.
Este último problema é mais comum nos automóveis equipados com injeção eletrônica e com motor bicombustível e pode indicar que o sistema injetor não reconheceu a troca de um combustível para o outro e manteve suas regulagens para a utilização do etanol.
Isso pode ocorrer devido ao fato de a taxa de etanol na gasolina ser variável no Brasil, podendo chegar a até 27% na gasolina comum – mas diminuindo em períodos de entressafra de cana de açúcar.
Motores flex com taxa de compressão elevada, mais propícia para o uso do etanol, tendem a sentir mais o problema – aproveite para ler aqui sobre um novo motor com taxa de compressão variável que poderia resolver a questão.
Quando ocorre apenas nos primeiros instantes ao rodar e depois cessa, o grilo da pré-ignição (ou ignição espontânea) geralmente não traz maiores consequências, pois indica apenas uma demora no sistema em identificar o combustível.
O fenômeno, porém, pode indicar excesso de carbonização e causar danos nos pistões e bielas caso se torne severo e/ou constante.
Abastecer o carro só com etanol evita pré-ignição no motor?
Os eventos de pré-ignição ocorrem em função da baixa octanagem do combustível. Como a gasolina ganhou um aumento significativo da octanagem há alguns anos, a pré-ignição não deveria ocorrer.
De acordo com o engenheiro Everton Lopes, da SAE Brasil, você deve ficar atento na hora de abastecer o tanque do seu carro. Procure um posto que tenha programa de garantia de qualidade do combustível para o abastecimento e, caso o comportamento do veículo não melhore, a sugestão é procurar um mecânico para analisar a quantidade de carbonização presente nos pistões do veículo, pois isso pode ser a fonte dos problemas de pré-ignição.
Como evitar a carbonização no motor?

A carbonização das válvulas pode ocorrer de duas maneiras. A mais comum é o acúmulo de resíduos provenientes do combustível não queimado.
Esse é o tipo do qual os motores de injeção direta estão quase imunes, pois o líquido vaporizado não passa pela válvula antes de entrar no cilindro. Outra situação é quando o óleo escorre pelo retentor da válvula ou se acumula a partir do excesso de vapor na recirculação.
Essa situação é muito comum quando o proprietário se descuida da manutenção ou opta por um óleo mais barato (e fora da especificação recomendada).
A maneira mais eficaz de prevenir a carbonização das válvulas do motor é manter a manutenção em dia, trocar filtros e óleo de motor sempre dentro do prazo e utilizar o mesmo grau de viscosidade e qualidade (API) recomendado pelo fabricante