Chevrolet El Camino foi a rainha das picapes urbanas bem antes da Montana
Ela mostrou que era capaz de levar muita carga e sonhos de uma geração na caçamba
A necessidade é a mãe da invenção: para inovar, muitos fabricantes dão asas à criatividade e investem em conceitos inéditos. Foi o que ocorreu em 1957, quando a Ford inaugurou com o Ranchero o segmento dos cupês utilitários: sucesso de público e de crítica, reinou até ser confrontado pela El Camino, o utilitário da rival Chevrolet.
Ela nada mais era do que a picape leve do Impala 1959: o desenho original de Harley Earl foi convertido numa cabine simples para três pessoas, mantendo a famosa traseira em asa de gaivota.
A combinação de estilo moderno e motores potentes fez com que o Ranchero fosse superado em vendas já na estréia do El Camino, em 1959.
Sob o capô, um seis-cilindros de 3,9 litros e os V8 de bloco pequeno (4,6 litros) e bloco grande (5,7). Molas helicoidais e câmbio automático Powerglide faziam dela mais um veículo de lazer, pouco indicado ao serviço pesado.
Redesenhado por Bill Mitchell, não fez sucesso em 1960: com estilo suavizado e menos cromados, não oferecia a praticidade do Ranchero, agora baseado no compacto Ford Falcon. As vendas caíram mais de 30% e a GM encerrou a produção.
Mas a ideia seria resgatada em 1964 com o Chevelle, novo médio da Chevrolet, base da segunda geração da El Camino. Menor, mais prática e voltada ao trabalho, trazia amortecedores traseiros com bolsas infláveis, que nivelavam a carroceria quando carregada.
O luxo, o requinte e a potência do Impala eram passado: havia só duas versões (básica e Custom), com novos seis-cilindros (3.2 e 3.8) e dois V8 small block (4.6 e 5.4).
Assim, a El Camino servia só à juventude que precisava de um carro barato para curtir passeios ao som de Beach Boys. Os rachadores só cresceram os olhos em 1966, com o V8 6.5 big block. Para dar conta de seus 360 cv, o modelo 1967 ganhou freios a disco dianteiros e câmbio automático de três marchas.
Maior e mais bonita, a terceira geração veio em 1968, incorporando elementos dos fastbacks: a coluna traseira mais larga suavizava a junção da cabine com a caçamba, quase um retorno à original. Veio junto a versão SS 396, com decoração nervosa e um V8 6.5 de 375 cv.
Mas o ápice da esportividade viria em 1970: pouco mais de 500 unidades da SS receberam o V8 7.4 de 450 cv, que atingia 100 km/h em 6,5 segundos, número impressionante ainda hoje.
Na quarta geração, o modelo 1973 estava maior e mais fraco, graças à proibição do chumbo na gasolina. Os enormes para-choques quebravam a harmonia de suas linhas, longe das gerações anteriores.
A última deu as caras em 1978, baseada no Malibu. Ficou sozinha no mercado no ano seguinte, após o fim do Ranchero, e viu nos anos 80 seu público migrar aos poucos para a picape S10 a partir de 1982.
A produção foi para o México em 1985 e enfim encerrou-se em 1987, deixando órfã uma série de fãs que até hoje sonham com uma El Camino zero-quilômetro.
Ficha Técnica – Chevrolet El Camino 1965
Motor | V8 de 4,6 litros |
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Potência | 220 cv a 4 800 rpm |
Torque | 40,78 mkgf a 3 200 rpm |
Câmbio | automático de 2 velocidades |
Carroceria | picape, 2 portas, 3 lugares |
Dimensões | comprimento, 511,8 cm; largura, 189,2 cm; altura, 135,2 cm; entre-eixos, 292,1 cm |
Peso | 1 467 kg |
0 a 100 km/h | 10,7 segundos |
Velocidade máxima | 177 km/h |