Clássico: Audi TT da primeira geração já nasceu como ícone do design
Ícone do desenho automotivo, o pequeno esportivo marcou a virada do milênio com desempenho expressivo e charme inigualável
Primeira escola de design do mundo, a Bauhaus foi fundada por Walter Gropius em 1919 e teve grande influência no desenho industrial ao combinar estilo e funcionalidade. Esses princípios nortearam o departamento de estilo da VW nos Estados Unidos, berço de um dos esportivos mais harmoniosos já concebidos: o Audi TT.
Idealizado pelo projetista Freeman Thomas, o conceito TT foi uma das atrações do Salão de Frankfurt de 1995. O cupê fez tanto sucesso que a versão roadster foi apresentada no Salão de Tóquio do mesmo ano: seu nome é uma referência à Tourist Trophy, competição na Ilha de Man, onde as motocicletas DKW e NSU (marcas integradas à Audi) tiveram grande destaque no passado.
A aceitação do público e da crítica motivaram a aprovação do projeto: a plataforma PQ34 do futuro VW Golf de quarta geração era a mais adequada para viabilizar sua produção. Após três anos de desenvolvimento, o TT cupê foi apresentado com pequenas alterações de estilo em setembro de 1998, impulsionado pelo motor EA113 de 1,8 litro sobrealimentado.
Cinco válvulas por cilindro e um turbocompressor KKK K03 resultavam em 180 cv, transmitidos às rodas dianteiras por um câmbio manual de cinco marchas. A aceleração de 0 a 100 km/h era realizada em cerca de 7,5 segundos e a velocidade máxima chegava a 226 km/h. Um dos opcionais mais interessantes era a tração integral quattro, que acionava as rodas traseiras com o auxílio de um sistema eletro-hidráulico Haldex.
A tração quattro era item de série na versão mais potente de 225 cv, com turbocompressor KKK K04, dois resfriadores de ar, componentes internos redimensionados e câmbio manual de seis marchas. Esta precisava de apenas 6,5 segundos para acelerar de 0 a 100 km/h e era capaz de atingir 241 km/h de velocidade. Era facilmente identificado pela saída de escapamento dupla e pelas rodas de 17 polegadas.
A primeira unidade chegou ao Brasil em outubro de 1998 e foi apresentada no Sambódromo do Anhembi antes de seguir para o Salão do Automóvel daquele ano. O charmoso TT Roadster chegaria ao mercado europeu no segundo semestre de 1999, causando um furor ainda maior.
Bancos de couro marrom com costuras similares às de uma luva de beisebol tornaram-se marca registrada do modelo, responsável pela detenção do repórter Júlio Santos e do fotógrafo Marco de Bari por militares em Frankfurt: ficaram tão encantados com o conversível que entraram sem querer em uma base aérea norte-americana durante a sessão de fotos.
Mesmo sem a apreciada tração traseira, o TT não fazia feio diante de concorrentes como BMW Z3, Porsche Boxster e Mercedes-Benz SLK. Chegava a ser até mais arisco que eles: o lendário piloto de rali Walter Röhrl apreciou o comportamento dinâmico do TT, mas o considerou perigoso demais para motoristas inexperientes.
Pouco depois, o TT apareceu em uma série de acidentes, alguns fatais. Todos causados pela sustentação aerodinâmica da traseira, em alta velocidade, e agravados pela direção de reações rápidas. Para conter os danos à imagem do modelo, a Audi promoveu um recall para alterar o acerto das suspensões, instalar um aerofólio traseiro e também o controle eletrônico de estabilidade.
As alterações surtiram efeito e o TT manteve sua popularidade. O câmbio manual de seis marchas tornou-se item de série e, no final de 2002, surge o TT 3.2 Quattro, impulsionado por um motor VR6 de 3,2 litros e 250 cv acoplado a um câmbio pré-seletivo DSG com seis marchas e duas embreagens multidisco. Era tão rápido quanto o 1.8 Quattro de 225 cv, mas sua velocidade máxima era limitada eletronicamente a 250 km/h.
Oferecida apenas no cupê, a versão quattro Sport teve 1.165 unidades fabricadas em 2005. A produção ficou a cargo da divisão quattro GmbH, que elevou a potência do motor de 1,8 litro para 240 cv, com redução de 75 kg no peso total do TT. Sempre pintado em duas cores, acelerava de 0 a 100 km/h em 5,9 segundos e a velocidade era limitada eletronicamente a 250 km/h.
A primeira geração do TT totalizou 276.560 unidades em oito anos de produção, sendo 185.173 cupês e 91.387 roadsters. O último deixou a fábrica de Győr (na Hungria) em junho de 2006, pavimentando o caminho do sucesso para mais duas gerações. Prestes a ser descontinuado, o TT é considerado um dos automóveis mais carismáticos dos anos 1990 e já entrou no radar dos colecionadores.
A unidade mostrada aqui foi gentilmente cedida pela Akkar Motors, de Campinas (SP).
Ficha Técnica – Audi TT Quattro 2001
Motor: transversal, 4 cilindros em linha, 1.781 cm3, sobrealimentado por turbocompressor
Potência: 225 cv a 5.900 rpm
Torque: 28,6 kgfm a 2.200 rpm
Câmbio: manual de 6 marchas, tração integral
Carroceria: aberta, 2 portas, 2 lugares
Dimensões: comprimento, 404 cm; largura, 176 cm; altura, 134 cm; entre-eixos, 242 cm
Peso: 1.480 kg
Pneus: 225/45 R17