Clássicos: Alfa Romeo SZ, o mais excêntrico esportivo dos anos 90
Raro e vigoroso, este Alfa Romeo ainda provoca inúmeras sensações no público, mesmo depois de três décadas
Privatizada em 1986, a Alfa Romeo recebeu grandes investimentos para se reestruturar. Sob o comando do engenheiro Vittorio Ghidella, o Grupo Fiat determinou o desenvolvimento de novos modelos para resgatar o prestígio da marca: entre eles o curioso cupê ES-30, mais conhecido pela sigla SZ (Sprint Zagato).
Baseado no Alfa Romeo 75, o Experimental Sportscar 3.0 foi idealizado por Robert Opron no Centro Stilo da Fiat (sob o comando de Walter de Silva), com colaboração da encarroçadora Zagato e do designer Antonio Castellana.
O estilo brutal e futurista explorava o uso de painéis de material sintético termoplástico e causou furor no Salão de Genebra de 1989, rendendo o apelido “Il Mostro”.
Três pares de faróis ladeavam o tradicional cuore estendido sobre o capô, com a dianteira em cunha e linha de cintura ascendente.
As colunas dianteiras curvadas serviam de base ao teto de alumínio, com queda suave em direção ao compartimento do estepe. A traseira era realçada pela presença do enorme aerofólio.
Tamanha agressividade causou sérias restrições ao espaço interno e à ergonomia: os dois assentos eram fixos, restando ao motorista o ajuste de altura da coluna de direção. O espaço atrás dos bancos fazia as vezes de porta-malas, com duas cintas longitudinais para amarração da bagagem.
Ninguém ficou indiferente ao SZ, que repetiu o impacto causado pelo Alfa Romeo Giulietta Sprint Zagato nas décadas de 50 e 60.
A distribuição de massas entre os eixos era favorecida pelo motor central dianteiro e pelo câmbio traseiro do tipo transeixo, com diferencial de deslizamento limitado, suspensão traseira DeDion e freios a disco deslocados para a parte interna dos semieixos.
Sob o capô estava o sonoro V6 criado por Giuseppe Busso, ainda hoje um dos propulsores mais idolatrados da marca. Ele gerava 210 cv para empurrar os 1.260 kg do carro.
A relação peso/potência era de 6 kg/cv, boa o bastante para acelerar de 0 a 96 km/h em 7,3 segundos.
A aerodinâmica favorecia a velocidade máxima de 226,8 km/h. Elaboradas pelo piloto e engenheiro Giorgio Pianta, as suspensões usavam buchas de politetrafluoretileno e amortecedores Koni com ajuste de altura por botões no console central.
Os freios vinham do 75 Turbo Evoluzione. As rodas Speedline recebiam pneus Pirelli P Zero 205/55 R16 na frente, e 225/50 R16 atrás.
O resultado era um cupê equilibrado, capaz de superar 1,1 G de aceleração lateral. Foi o último Alfa de tração traseira até a apresentação do 8C Competizione em 2007.
A produção ficou a cargo da própria Zagato. Havia apenas uma combinação de cor disponível: vermelho com teto grafite e interior de couro bege. Andrea Zagato foi o único a conseguir um SZ na cor preta com interior vermelho.
Estava longe de ser acessível: custava ligeiramente menos que um Porsche 911 e consideravelmente mais que o BMW M3 E30. Era muito mais um gran turismo que um esportivo legítimo, sensação realçada por comodidades como interior revestido de couro, ar-condicionado e vidros com acionamento elétrico.
No total, 1.036 SZ foram feitos entre 1989 e 1991. Logo após o encerramento da produção a Zagato dedicou-se à fabricação do roadster RZ, variante sem teto que teve 284 unidades produzidas até 1994. Foi feito em três cores (vermelho, preto e amarelo), sendo considerado o antecessor do Alfa Romeo 8C Spider, produzido entre 2007 e 2010.
Ficha técnica – Alfa Romeo SZ 1990
Motor: 6 cilindros em V de 3 litros; 25 kgfm a 4.500 rpm; 210 cv a 6.200 rpm
Câmbio: manual de 5 velocidades
Carroceria: fechada, 2 portas, 2 lugares
Dimensões: comprimento, 406 cm; largura, 173 cm; altura, 131 cm; entre-eixos, 251 cm; peso, 1.260 kg
Desempenho: 0 a 96 km/h em 7,3 segundos; velocidade máxima de 226,8 km/h