Clássicos: Ferrari Dino 246 GT, de pai para filho
O motor V6 do esportivo, que homenageia o filho de Enzo Ferrari, rompeu com a tradição dos 12 cilindros
A idéia de criar um motor V6 na Ferrari surgiu entre 1955 e 1956, quando o comendador Enzo Ferrari, seu filho Alfredo e o engenheiro Vittorio Jano pensavam como equipariam seu carro de Fórmula 2. Filho único de Enzo, Alfredo – mais conhecido por Dino, abreviação de Alfredino – sofria de distrofia muscular e não viveria para ver o projeto pronto. Ele morreu em 1956.
O primeiro motor V6 da marca levaria o nome de Dino em sua memória e chegaria às pistas dois anos após a morte de Alfredino. O V6 com o inédito ângulo de 65 graus voltaria em 1966 com o esportivo Fiat Dino. No ano seguinte, no Salão de Paris, o motor ganharia sua roupagem mais famosa: a Dino 206 GT, desenhada por Pininfarina.
A rigor, seria a primeira Ferrari de rua de seis cilindros. Mas o comendador preferiu lançá-la como uma marca independente. Na carroceria, os logotipos mostravam o nome Dino, mas nenhum cavalinho rampante. Em parte, a razão era que se tratava de uma homenagem ao filho, mas diziam que Enzo achava que uma legítima Ferrari não poderia ter menos de 12 cilindros.
Com isso, ela marcava duas transgressões: seu motor não era dianteiro e ainda trazia metade dos 12 cilindros habituais. Mas ela teria produção minguada de três exemplares por semana. Em 1969, após 150 unidades, a 206 GT foi substituída pela Dino 246 GT.
O motor cresceu de 2 para 2,4 litros e a potência, de 180 para 195 cv. Perdeu o alumínio do bloco do motor (passou a ser feito de ferro) e da carroceria (gradualmente deu lugar ao aço). Com o motor maior, estendeu-se o entreeixos para 234 milímetros, o que resultou numa velocidade máxima de 245 km/h. Assim, a produção saltava, am 1971, para três carros por dia.
No Salão de Genebra de 1972 foi apresentada a versão GTS, de carroceria targa, com coluna mais larga ocupando o espaço da janela lateral traseira.
A produção durou até 1974, totalizando 3.700 carros, um número sem precedentes na Ferrari da época. Até que o nome passaria a outro modelo, a Dino 308 GT4, um cupê 2+2 com design mais retilínio e que inaugurou os V8 na marca, seguindo a trilha de renovação e diversificação aberta pela primeira Dino.
Ficha Técnica – Dino 206 GT / 246 GT
- Motor: V6, 2/2,4 litros
- Potência: 180 cv a 8 000 rpm/195 cv a 7 600 rpm
- Câmbio: manual de 5 velocidades
- Dimensões: comprimento, 414/430 cm; largura, 170 cm; altura, 107/115 cm; entreeixos, 228/234 cm
- Carroceria: cupê de 2 portas/cupê de 2 portas, targa de 2 portas
- Desempenho: 235/245 km/h e 0 a 100 em 6,2 segundos