VW Passat GTS Pointer foi versão de despedida de fazer inveja ao Gol
A versão esportiva do Passat alcançou o mais alto grau de refinamento técnico para encerrar com louvor a carreira do modelo
Referência em desempenho, o Passat TS foi objeto de desejo dos brasileiros na maior parte dos anos 70, mas sucumbiu na década seguinte frente à modernidade de rivais como Chevrolet Monza e Ford Escort.
Para recuperar o prestígio perdido, a Volkswagen desenvolveu aquele que seria um de seus modelos mais cultuados: o Volkswagen Passat GTS Pointer.
O GTS Pointer surgiu como uma evolução do pacato Passat GTS de 1983, idêntico à luxuosa versão GLS com motor de 1,6 litro.
Em junho de 1984, o elegante cupê desenhado por Giorgetto Giugiaro recebeu o novo motor de 1,8 litro, o mesmo que impulsionava o recém-lançado Santana.
O torque subiu de 12,9 kgfm a 2.600 rpm para 15,2 mkgf no mesmo regime. O ganho em potência foi ainda mais expressivo e saltou de 82 cv a 5.200 rpm para 92 cv a 5.000 rpm.
Alcançou ótimos números de desempenho no seu primeiro teste: máxima de 162,89 km/h e aceleração de 0 a 100 km/h em 13,39 segundos.
Seu equilíbrio era igual ao do Passat TS em 1976: freios eficientes com boa modulação e sem desvios de trajetória.
Recalibrada, a suspensão aliava conforto e estabilidade com tendência ao subesterço no limite da aderência. Precisa, a direção tinha o peso correto em qualquer velocidade. Era a primeira vez que o Passat recebia rodas de 14 polegadas, a famosa Avus com pneus 185/60.
Os bancos dianteiros eram fornecidos pela Recaro, anatômicos e com eficientes apoios laterais. O traseiro contava com dois encostos de cabeça e apoio de braço central. Entre os opcionais, estavam ar-condicionado e teto solar.
Mais leve, o GTS Pointer era muito mais ágil e comunicativo que o Santana. E era sensivelmente superior em espaço interno e porta-malas quando comparado ao Gol GT.
A nova mecânica marcou o renascimento do Passat, que apresentou uma reação positiva em vendas com as atualizações adotadas em 1985.
Os para-choques de lâmina metálica deram lugar a outros de plástico envolvente, com indicadores de direção posicionados na parte inferior.
As lanternas traseiras receberam frisos horizontais pretos e o painel de instrumentos foi completamente redesenhado. Mas a melhor novidade foi o câmbio de cinco marchas com escalonamento esportivo.
O novo câmbio fez o GTS Pointer ganhar quase 1 segundo no 0 a 100 km/h, realizando a prova em 12,45 segundos.
Outras novidades no interior do modelo 1985 eram o termômetro de óleo posicionado ao lado do voltímetro no console e o belíssimo volante de quatro raios, que logo ficou conhecido como “Quatro Bolas”.
O desempenho chegou ao auge no modelo 1986, quando o GTS Pointer recebeu o mesmo motor do Gol GT.
Com comando de válvulas do Golf GTI alemão, a potência mínima estimada era de 105 cv – os 99 cv declarados na ficha técnica eram uma estratégia tributária da VW para evitar uma alíquota maior do IPI.
O novo motor fez o veterano Passat superar não só o Gol GT como o recém-lançado Chevrolet Monza S/R: alcançou a máxima de 170, 61 km/h e foi de 0 a 100 km/h em 11,46 segundos. Além de ter o melhor desempenho, ainda era o mais econômico, com média de 7,36 km/l de etanol.
O Monza S/R reagiu com um motor de 2 litros em 1987, mas em seu último teste o GTS Pointer cravou 10,91 segundos para ir de 0 a 100 km/h.
Apesar das virtudes, a VW estava mais preocupada em propagar novidades como o Gol GTS, o Voyage GLS e, no ano seguinte, o tão esperado Santana 2000 (com motor 2 litros).
A última unidade deixou a fábrica em São Bernardo do Campo em 2 de dezembro de 1988. Seu caráter sóbrio e esportivo teve como sucessores o Santana GL com motor 2 litros e o igualmente cultuado Gol GTi.
Ficha Técnica – VW Passat GTS Pointer 1.8 1989
- Motor: Longitudinal de 4 cilindros em linha, 1.8 L, 8V, comando simples no cabeçote, carburador de corpo duplo; 99 cv a 5.600 rpm e 14,9 mkgf a 3.600 rpm
- Câmbio: Manual de 5 marchas, tração dianteira
- Dimensões: Comprimento, 426 cm; largura, 160 cm; altura, 135,5 cm; entre-eixos, 247 cm; peso, 970 kg
- Pneus: 185/60 R14
- Desempenho: (teste em abril de 1988) Aceleração: 0 a 100 km/h em 10,91 segundos; velocidade máxima de 169,15 km/h; consumo: 6,35 km/l (urbano) e 9,91 km/h (rodoviário)
- Preço: Cz$ 1.467.170 (mar/88) – Atualizado: R$ 172.321 (IPCA-IBGE)