Black Friday: assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

O tatuador brasileiro que se especializou em tatuar… carros clássicos

Acostumado a trabalhar na pele, o tatuador Marcelo Lobão resolveu pintar desenhos em carros e virou o papa brasileiro do pinstripe

Por Fabio Black
Atualizado em 12 ago 2023, 16h56 - Publicado em 25 mar 2020, 07h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Pinstripe
    Marcelo Lobão no seu estúdio, com quadros que são feitos nas suas aulas de pinstripe (Renato Pizzutto/Quatro Rodas)

    Em 2004, o tatuador paulista Marcelo Lobão trabalhava em um estúdio em Detroit (EUA).

    Como havia um velho sofá no local, ele resolveu decorá-lo com um estilo de pintura chamado pinstripe, que usa linhas feitas à mão com pincel, cultuado lá na capital americana do automóvel.

    “Achei que estava perfeito. Mas um belo dia um cliente entra na loja, olha o sofá, pergunta quem tinha feito e diz que estava tudo errado e era uma m… Era ninguém menos que Kevin Corder, um dos maiores especialistas no assunto no país.”

    Pinstripe
    (Renato Pizzutto/Quatro Rodas)

    Foi a partir desse dia que a vida de Lobão começou a mudar. “Corder me levou para sua oficina de customização e fabricação de motos e me ensinou tudo sobre a arte do pinstripe.”

    Ele explica que nos EUA essa técnica é tão difundida que algumas concessionárias presenteiam os clientes com pinstripes em seus automóveis novos.

    Pinstripe
    (Renato Pizzutto/Quatro Rodas)

    A origem dessa arte é mais antiga que a do próprio automóvel: nasceu ainda no tempo das carruagens. Para deixar o veículo com sua cara, os cocheiros recorriam a vários tipos de personalização e uma delas era o pinstripe.

    Continua após a publicidade

    Daí para as carrocerias dos automóveis foi um pulo. Só que, nos anos 50, começou a surgir a cultura dos hot rods e o pinstripe tomou outro rumo.

    No início usado como uma maneira rápida e barata de esconder imperfeições, riscos e amassados, rapidamente se tornou ingrediente obrigatório para a personalização desses carros baseados em velhos modelos dos anos 30 e 40 com grande modificações de carroceria.

    Pinstripe
    (Renato Pizzutto/Quatro Rodas)

    Quando retornou ao Brasil, em 2006, o tatuador se juntou a outros entusiastas da cultura custom (ligada principalmente aos hot rods) e começaram a difundir o movimento até então tímido no Brasil.

    Lobão explica que hoje há duas vertentes principais no pinstripe: estilo clássico, que é o seu preferido, e o desenvolvido principalmente pelos mexicano e seus low riders.

    Pinstripe
    (Renato Pizzutto/Quatro Rodas)

    O clássico também é chamado de Von Dutch.

    Continua após a publicidade

    Não, essa não é só uma famosa marca de bonés e roupas, mas também o nome do lendário construtor e artista que criou o pinstripe moderno (veja texto abaixo) – hoje suas obras de arte são até comercializadas em importantes galerias.

    A diferença entre os dois estilos é a variedade maior de cores no mexicano, que também usa linhas mais longas, em vez dos desenhos mais complexos do clássico.

    Assim como outros artistas internacionais, Lobão não restringe seu trabalho apenas às carrocerias dos automóveis.

    “Faço em qualquer objeto que você possa imaginar. De liquidificador, passando por churrasqueiras, até sofás e geladeiras.”

    Pinstripe
    (Renato Pizzutto/Quatro Rodas)

    Ele também criou um curso à distância, lançou uma linha de produtos para os profissionais dessa área e participa de eventos. “Hoje, a procura pelo pinstripe é tão grande, que é possível viver disso no Brasil”, conta Lobão.

    Continua após a publicidade

    Um pinstripe pequeno, custa em torno de R$ 400 e é um trabalho que leva em torno de duas horas para ser feito. Mas, para cobrir um automóvel inteiro (capô, porta-malas e laterais), po-de facilmente passar dos R$ 2.000.

    Pinstripe
    Linhas finas e desenhos complexos: tudo feito à mão com pincel (Renato Pizzutto/Quatro Rodas)

    Se você ficou curioso para conhecer o trabalho dele, nem pergunte onde fica sua oficina.

    Lobão continua com seu estúdio de tatuagem, pois prefere atender seus clientes automotivos onde o carro estiver. “É um trabalho personalizado mesmo!”

    Pincel maravilha – Von Dutch foi o precursor do pinstripe no mundo

    Pinstripe
    Fazendo arte na perua de George Barris (Divulgação/Internet)

    Kenneth Robert Howard (1929-1992), conhecido como Von Dutch, trabalhava como pintor numa oficina de motos e um dia precisou retocar um tanque.

    Nesse serviço, ele resolveu usar os pincéis de seu pai, que era um pintor de placas de propaganda e sinalização. Ali nascia o pinstripe moderno.

    Continua após a publicidade

    Artista desde menino, Von Dutch criava desenhos e pequenas invenções em sua garagem, como skates com motores de aeromodelos.

    Seu desenho mais famoso, e hoje marca registrada, é  “The Flying Eyeball” (olho voador), que ele disse ter criado aos 18 anos. 

    Pinstripe
    “The Flying Eyeball”, desenho de Dutch que virou ícone da cultura custom (Divulgação/Internet)

    Ao longo da vida, fabricou carros, motos, armas de fogo, facas, quadros entre outras formas de arte. Um de seus veículos mais emblemáticos foi uma moto com motor de Fusca.

    Trabalhou com diversos construtores, como George Barris, pai de vários carros de cinema, como o primeiro batmóvel. A Hot Wheels vende até hoje miniaturas dos carros criados por Von Dutch.

    Hoje a marca Von Dutch dispõe de roupas, bonés, sapatos, entre outros artigos, e virou objeto de desejo na cena custom. Algo contrário à natureza do artista, que era um recluso e odiava os holofotes.

    Continua após a publicidade

    Pinceladas na indústria moderna

    Pinstripe
    Mark Court, um dos artesãos da Rolls, faz um pinstripe (Divulgação/Internet)

    Até hoje a Rolls-Royce oferece o pinstripe como opcional em seus carros, que é feito à mão por apenas quatro artesãos.

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY
    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês

    ou
    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Quatro Rodas impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 10,99/mês

    ou
    ou ainda

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.