Dodge Dakota R/T: picape esportiva foi o último V8 nacional
A picape que estreou no Brasil nos anos 90 surfou na onda da Ford Ranger e Chevrolet S10 e ganhou o título de maior automóvel produzido no país
É imensurável a devoção que os entusiastas nutrem pela Dodge, divisão da Chrysler que se estabeleceu no Brasil em 1969. Boa parte desse carisma se deu em razão do seu V8 de 5,2 litros, ainda hoje o maior motor já produzido no país. Após um hiato de quase 20 anos, o renomado propulsor voltou a embalar um Dodge nacional: a Dakota R/T.
Produzida no município paranaense de Campo Largo desde 1998, a Dakota pegou carona no sucesso das precursoras Ford Ranger e Chevrolet S10. Era baseada na Dakota americana de segunda geração, a única naquele mercado a oferecer um V8.
Importado dos EUA, o V8 Magnum de 5,2 litros foi um dos últimos desenvolvidos na antiga planta de Highland Park, em 1992, e era baseado no LA de 318 polegadas cúbicas adotado nos automóveis e caminhões Dodge nacionais desde 1969.
Bloco e cabeçotes continuavam de ferro fundido. Entre as modificações mais importantes estavam cabeçotes com tuchos roletados, coletor de admissão de alumínio, coletores de escapamento redimensionados e injeção eletrônica multiponto sequencial para render 41,6 kgfm a 3.200 rpm e 232 cv a 4.400 rpm.
O único câmbio disponível era o automático de quatro marchas, com alavanca seletora na coluna de direção e, como em todas as Dakotas, o eixo traseiro tinha diferencial de deslizamento limitado. Poucos conjuntos mecânicos seriam mais adequados para acelerar de 0 a 100 km/h em 11,2 s. Pesando 1.860 kg, a Dakota R/T com cabine estendida Club Cab ostentava o título de maior automóvel produzido no país, com 5,46 m de comprimento.
Sua velocidade máxima era limitada a 180 km/h (pouco mais de 171 km/h reais), pois não havia controles de tração ou estabilidade nem como opcional. As largas rodas de 15×8 polegadas de liga de alumínio acomodavam discos de freio ventilados de 287 mm na frente e tambores de 254 mm com ABS atrás e só não ofereciam melhor aderência em razão dos pneus de uso misto Goodyear Wrangler RT/S na medida 31×10,5. A Chrysler adotou um artifício para melhorar sua estabilidade: um acerto de suspensão mais macio, que reduziu a capacidade de carga de 1 tonelada para 750 kg.
A decoração externa era complementada pelos emblemas da versão e por alargadores de para-lamas e grade pintados na cor da carroceria: preto, vermelho, branco ou prata. Seu pacote de equipamentos incluía rádio com CD player, computador de bordo, ar-condicionado, airbags frontais e acionamento elétrico de trás, vidros e espelhos retrovisores.
Um dos poucos pontos críticos era a ergonomia, prejudicada pelo banco do motorista sem ajuste de altura do assento e sem apoio lombar. Outra limitação era o tanque de apenas 83 litros, garantindo visitas quase diárias ao posto de combustível: com o ar-condicionado ligado, o consumo urbano da Dakota R/T era de 3,4 km/l e nem sequer chegava aos 7,5 km/l em uso rodoviário, mesmo pisando leve. As marcas melhoravam com o ar-condicionado desligado: 4,5 km/l na cidade e 8,2 km/l na estrada.
Galeria: o interior da Dodge Dakota
Detalhes insignificantes para quem apreciava a sinfonia dos oito cilindros emitida pelo escapamento. Em abril de 2001, a Chrysler encerrou as atividades no Brasil, pela segunda vez. “Este exemplar não é apenas o último V8 brasileiro, é também o último automóvel produzido pela Chrysler em solo brasileiro”, conta o proprietário Danilo Eduardo Sanchez, um fã ardoroso dos Dodge V8.
Ficha Técnica – Dodge Dakota R/T
- Motor: gas. long., V8, 5.216 cm3, comando de válvulas simples no bloco, injeção eletrônica, 232 cv a 4.400 rpm; 41,6 kgfm a 3.200 rpm
- Câmbio:autom., 4 m., tração traseira
- Pneus:31×10,5 R15
- Dimensões: comprimento, 546,3 cm; largura, 181,8 cm; altura, 176,7 cm; entre-eixos, 332,7 cm; peso, 1.860 kg
- Aceleração 0 a 100 km/h: 11,2 s
- Vel. Máx.: 171,3 km/h
- Consumo: 4,5 km/l urb.; 8,2 km/l rod.
- Preço: R$ 42.700 Atualizado R$ 292.781
Ref.: salário mínimo