Hoje um dos dez maiores fabricantes de automóveis do mundo, a sul-coreana Hyundai ainda tem uma história razoavelmente recente para seu tamanho sucesso comercial.
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A empresa criada por Chung Ju-Yung havia começado sua empreitada na indústria automotiva montando o Ford Cortina europeu sob licença em 1967. Na década seguinte, para dar seu primeiro passo importante rumo a sua autonomia, contratou o ex-dirigente da Austin Morris inglesa, George Turnbull.
A indústria automobilística local havia nascido modesta nos anos 50 com cópias do Jeep Willys. Mas nos anos 70 o governo do país resolveu fazer dela uma de suas principais fontes de divisas.
Em outubro de 1974, foram apresentados os primeiros frutos da Hyundai nesse sentido: um carro com design italiano, motor japonês e plataforma inglesa.
Pony ou Passat?
Ao exibir no Salão de Turim o conceito Pony Coupé, desenhado por Giorgio Giugiaro na Italdesign, um estudo inicialmente chamado Asso di Fiori (ás de paus em italiano), a Hyundai já demonstrava disponibilidade para ousar.
Mas, se o Coupé era material para sonhos, ao lado dele também era apresentado o moderno, mas realista Pony de produção.
Cartada definitiva na autonomia da engenharia da Hyundai, criado também para exportação – a exemplo do que fazia a indústria japonesa –, o Hyundai Pony era um sedã fastback compacto, que estaria inicialmente disponível em versões de quatro portas, e hatchback, com duas portas.
Seu desenho reto e simples, marca registrada da Italdesign na época, lembrava o do Volkswagen Passat, também criação do estúdio italiano e que fora apresentado um ano antes.
Dois motores Mitsubishi de quatro cilindros eram oferecidos, de 1.2 (55 cv) e 1.4 litro (68 cv). A transmissão também vinha do fabricante japonês e enviava a força para as rodas traseiras. Turnbull deixou deu legado ao ter usado a plataforma do Morris Marina como ponto de partida para a plataforma do Hyundai Pony.
George Turnbull havia sido diretor da Austin Morris. Contratado pela Hyundai, ele “importou” cinco outros grandes engenheiros automotivos britânicos. Kenneth Barnett projetaria a carroceria, John Crosthwaite seria engenheiro do chassi, Peter Slater seria engenheiro chefe de desenvolvimento e os engenheiros John Simpson e Edward Chapman também integrariam a equipe. O projeto final também tinha peças aproveitadas do Ford Cortina.
A comercialização local começou em 1975 e as exportações só teriam início no começo de 1976. Os principais compradores foram países sul-americanos: Chile, Argentina, Colômbia e Equador. Mas também houve vendas significativas para o Egito. Depois, chegou à Bélgica, aos Países Baixo e à Grécia.
Ainda em 1976 ganhou uma versão picape (com capacidade de carga de meros 380 kg) e, no ano seguinte, uma perua. A segunda geração estreou em 1982 e marcou o início das exportações para o Reino Unido.
O Hyundai Pony seguiu em produção até 1990, quando a Hyundai já exportava até para os Estados Unidos, com boa aceitação do Excel, que acabou por sucedê-lo.
Em busca de independência
O primeiro carro da Hyundai desenvolvido com tecnologia própria foi o Sonata, lançado em 1988. Mas foi apenas em 1991 que a Hyundai anunciou sua primeira transmissão e também seu primeiro motor, o Alpha. Era um quatro-cilindros 1.5 12V de 88 cv, que estreou no Scoupe.
Depois, o motor Alpha equipou a primeira geração do Accent, modelo pouco maior que o HB20S vendido no Brasil, que ocupa a posição do Pony na linha Hyundai. A família de motores Alpha só deixou de ser produzida em 2011.
Pony do século XXI
Principal carro elétrico da Hyundai atualmente, o Ioniq 5 foi responsável pelo lançamento de uma nova arquitetura para carros elétricos que será padrão entre os Hyundai e Kia. Mas seu design tem traços inspirados no clássico Pony.
Isso, porém, não impediu a Hyundai de criar o Pony EV: um carro conceito ainda mais fiel ao design do Hyundai Pony dos anos 1970.
O conceito misturava o estilo antigo com itens modernos. Por exemplo, faróis e lanternas têm o formato original mas a iluminação é de leds. Os para-choques foram integrados à carroceria, o que não se fazia há quase 50 anos.
No interior, combina formas do carro original com elementos e materiais mais atuais. O mais curioso, porém, é o velocímetro com layout que lembra os antigos equipamentos eletrônicos valvulados.