Desde quando lançou o primeiro e-tron, em 2018, a Audi tem um plano bem definido para sua transformação elétrica, que envolverá o fim de novos carros a combustão já em 2026. O sucesso do seu SUV pioneiro, com mais de 150.000 unidades vendidas, parece ter dado confiança à alemã, que agorá inicia a “conversão” da sua linha de SUVs para o mundo das baterias.
A começar pelo Audi Q8 e-tron: a nova geração do utilitário elétrico foi recém-apresentada e agora traz o Q8 no nome, indicando se tratar do topo da linha de SUVs do tipo que seguirão chegando — os Q4 e Q6 e-tron já estão confirmados.
Com direito a versão S, esportiva, e carroceria Sportback, o Q8 e-tron ainda não tem previsão de chegar ao Brasil, mas, na Europa, ele será vendido a partir de 2023, com preço-base de 74.400 euros.
Motores e baterias
No novo Q8 e-tron, a Audi estreia as alterações no seu motor elétrico assíncrono, que agora traz 14 bobinas (duas a mais) no estator e, dessa forma, gera campo eletromagnético mais forte. Em termos práticos, isso significa mais torque ou o mesmo torque que um modelo antigo mas gastando menos energia.
O utilitário em suas versões mais caras conta com um motor no eixo dianteiro e dois no eixo traseiro, permitindo tração integral com vetorização avançada de torque. As versões mais baratas têm um motor a menor, mas mantendo a tração nas quatro rodas.
- Audi Q8 50 e-tron e Audi Q8 50 Sportback e-tron: 340 cv e 67,7 kgfm
- Audi Q8 55 e-tron e Audi Q8 55 Sportback e-tron: 408 cv e 67,7 kgfm
- Audi SQ8 e-tron e Audi SQ8 Sportback e-tron: 503 cv e 99,2 kgfm
O conjunto de baterias não teve grandes mudanças, mas a Audi conseguiu melhorar o sistema que gerencia o consumo de energia, controle térmico etc. O resultado é que o alcance dos novo e-tron também melhorou e, na versão Sportback intermediária, chega aos 600 km (WLTP).
A linha SQ8 acaba abrindo mão de um pouco do autonomia em nome da performance, mas também não faz feio e chega aos 513 km (WLTP) também na variante Sportback, mais aerodinâmica.
Isso só é possível graças a gigantescas baterias de 89 kWh ou 106 kWh líquidos. Como o gerenciamento térmico está melhor, também é possível carregá-las mais rápido: em tomadas de corrente contínua, a 170 kW, o Q8 55 e-tron, por exemplo, vai de 10% a 80% de carga em 31 minutos.
A entrada de corrente alternada também faz bonito, e aguenta até 22 kW (o triplo do normalmente encontrado no mercado), permitindo que a bateria do utilitário se encha em uma pernoite de 6h.
Estilo e tecnologia
O design do Q8 e-tron não mudou tanto em relação ao seu antecessor, mas traz atualizações pontuais que mantém o imenso nível de engenhosidade da linha. A começar pela grade frontal ativa, que se abre e fecha automaticamente a fim de canalizar o ar para o assoalho do carro. O para-choque dianteiro tem função semelhante, e desvia o ar dos pneus — grande fonte de arrasto aerodinâmico.
Com 4,9 m de comprimento, 1,9 m de largura e 1,62 m de altura, o modelo tem uma ampla seção frontal, um prato cheio para ser pouco aerodinâmico. Todas essas funções aliadas à forma da carroceria, entretanto, garantem coeficiente aerodinâmico que varia entre 0,24 e 0,28 — bem acima da média de um SUV grande.
Em termos de conforto, isso também ajuda a melhorar o nível de ruído interno. Em busca do silêncio, a Audi ainda envolveu os motores em espuma acústica, instalou mantas de microfibra nas cavidades da estrutura veicular e envolveu o interior dos pneus em materia isolante.
Isso não quer dizer, porém, que o Q8 e-tron está sem graça, pelo contrário. Segundo a Audi, a direção elétrica progressiva da linha foi revisada e agora está mais precisa e prazerosa. O conjunto de suspensão a ar permite que a altura do carro varie 7,6 cm conforme o contexto, se adaptando do conforto à esportividade.
Além disso, não apenas a rigidez torcional do carro foi aumentada como o conjunto de células prismáticas da bateria contribuem para isso, exercendo função estrutural.
Desse modo, restam aos ocupantes aproveitar a cabine bem conhecida dos Audi, que na linha Q8 e-tron inclui materias como fibra de carbono, madeira rústica e alumínio. Outra mordomias são o teto solar panorâmico e ar-condicionado com até quatro zonas. Detalhe importante é o extenso uso de materiais reciclados no veículo, com origens que vão de garrafas PET a lixo automotivo.
Tudo isso aliado aos métodos de produção garantem que, da primeira peça à entrega ao comprador, o novo Audi Q8 e-tron seja um produto com emissão zero de carbono, como seu motor.