A BMW revelou os detalhes completos de seus dois novos veículos elétricos. Além do SUV iX, a fabricante alemã explicou minúcias do i4, um sedã com linhas de cupê e quatro portas que terá versão esportiva histórica. Mais do que isso, o modelo tem a meta de desbancar o Tesla Model 3, veículo elétrico mais vendido no mundo.
Clique aqui e assine Quatro Rodas por apenas R$ 8,90
É questão de meses para que ambos cheguem ao Brasil, e os consumidores locais já sabem há certo tempo o que terão à disposição em termos de potência e desempenho, mas os detalhes inéditos ajudam a explicar a imensa expectativa da BMW com seus lançamentos.
Topa tudo por autonomia
Um dos grandes desafios dos carros elétricos diz respeito à aerodinâmica, que pode reduzir a autonomia do modelo a níveis impraticáveis ou contribuir para que esse seja um diferencial. A segunda opção vale para o i4, com coeficiente de arrasto (Cx) de míseros 0.24 e autonomia de 590 km em ciclo WLTP.
É resultado de uma estratégia na qual todas as partes do carro tiveram o vento como fator determinante no desenho. Muito além de rodas com desenho especial, os projetistas criaram até um caminho que o ar percorre sob o veículo, graças às formas exclusivas do compartimento de baterias, motores e capas dos braços de suspensão.
Motor ainda mais ecológico
Ao contrário de motores PMS, o motor externamente excitado usado pela BMW usa corrente direta para percorrer os fios de cobre do estator e gerar o campo eletromagnético que gira o rotor e, consequentemente, as rodas.
Enquanto os concorrentes declarados Tesla Model 3 e Polestar 2 utilizam motores síncronos permanentemente magnetizados e de corrente alternada (PMSMs), a BMW escolheu um arranjo improvável para equipar seus novos modelos, sempre com corrente contínua.
Uma das principais vantagens dessa opção diz respeito ao torque verdadeiramente instantâneo — os PMSM só têm torque pleno a partir de 10% das rotações —, que fará diferença principalmente no BMW i4 M50, recordista em potência da marca com 551 cv.
Isso, entretanto, poderia ser obtido utilizando um motor assíncrono e um PMSM, como faz a Tesla no Model 3 Performance. A justificativa para motores mais caros em ambos os eixos tem a ver com consumo sustentável, dado que os PMSMs utilizam metais escassos como matéria-prima dos seus imãs.
Os bávaros frisam a responsabilidade socioeconômica que vigorará em toda a cadeia de suprimentos, mas fazem pouca menção ao fato de que a escassez desses metais é um problema temido pela indústria, mais traumatizada do que nunca.
Redefinindo o volante
A SAE eventualmente utiliza a analogia de que a automação veicular só será plena quando os volantes se tornarem desnecessários. Estamos longe disso, mas os assistentes de direção já começaram a influenciar o espaço outrora exclusivo ao motorista.
O iX estreará um volante hexagonal, que será gradualmente implantado em futuros BMW. Segundo os alemães “a geometria poligonal é ideal para que se alterne entre direção autônoma e ativa”, ao mesmo tempo que permite campo de visão mais amplo ao motorista.
Esse campo de visão será levado em conta pelo sistema multimídia, que tratará de exibir as informações mais importantes sempre ao redor do volante, para que esse não obstrua a leitura. O mesmo, claro, valerá para as informações do painel disruptivo.
Pneus sob controle
Um dos itens mais interessantes do novo iX é a opção de adquirir pneus que vêm com camada interna de espuma, que filtra a ressonância causada dentro da câmara pressurizada.
Graças ao QR code único, cada pneu do utilitário pode ser inspecionado a fundo no pós-venda, com dados compartilhados entre carros e mecânicos. Essas mesmas informações são usadas em uma inteligência artificial, que em caso de possíveis avarias informa o proprietário via celular.
A BMW também anunciou um banco de dados que envolverá as diferentes marcas e modelos de pneus homologadas para o iX, que usará essas informações para refinar sua vetorização de torque e transferências dos dois motores.
Orquestra às ordens
O silêncio desses motores também vêm permitindo que os responsáveis pelo sistema de áudio dos carros elétricos explorem ainda mais a capacidade dos alto-falantes, que no iX virão embutidos em bancos e, como opcional, farão parte de conjunto da Harman Kardon com 18 peças.
Um uberequalizador da Bowers & Wilkins, também à parte, tem vibrações magneticamente controladas que prometem percepção ainda mais clara dos graves ao mesmo tempo que microfones captam o ambiente e permitem ajustes mais refinados.
Curva de potência em função da velocidade do i4 M50 em modo Sport Boost (laranja) e outros (azul). A linha amarela representa a recuperação de energia das frenagens e a verde a velocidade de carga das baterias em função da carga total.
Mas o silêncio que ajuda também pode atrapalhar, e estudos feitos em locais com maior adesão aos elétricos já apontam que a falta de barulho na cabine pode favorecer a sonolência do motorista e atrapalhar a percepção de velocidade, por exemplo, muitas vezes referenciada pelo ronco do motor.
Isso ajuda a explicar especial atenção que todas as montadoras vem dando aos sons artificiais, que simulam dos V12 da Ferrari à antimatéria de naves futuristas para quebrar a mudez interna. Estudos, pesquisas de mercado e até acadêmicos parecem dar razão ao músico e intelectual canadense R. Murray Schafer, que já em 1977 classificou o barulho do automóvel como “um som fundamental da civilização contemporânea”, tal como “o vento é barulho típico das estepes”.
Em sua aposta, a BMW decidiu recorrer à experiência de ninguém menos que o compositor alemão Hans Zimmer, indicado meras 11 vezes ao Oscar por trilhas sonoras de filmes. O desafio é especialmente desafiador ao esportivo i4 M50, que terá que compensar a ausência do motor a combustão na experiência completa que a letra M vende.
A trilha sonora de luxo ainda é bem desconhecida, mas os adjetivos são nada modestos: “pressionar o botão Start/Stop acende um inspirador acompanhamento acústico que constrói antecipação pela experiência de condução elétrica que está por vir”, descreve a marca.
A trilha será alinhada ao comportamento do carro e uma pisada no acelerador ou mudança de terreno serão identificados e correspondido em música. Os modos de direção também são determinantes e no modo SPORT, por exemplo, o primeiro M elétrico fará um barulho “particularmente energético”, com o acelerador sempre acompanhado de um “menos harmonioso mas sedutoramente excitante som técnico”.
Chegada breve
É impossível não ficar curioso, mas teremos que aguardar até o ano que vem para colocar as colossais expectativas da BMW à prova. Antes que os brasileiros possam adquirir o iX e o i4 eles serão vendidos no Hemisfério Norte, logo descendo ao nosso país.
Outro mistério envolve os preços locais, mas os EUA servem como base para uma estimativa de quanto custarão aqui. No mercado americano o i4 eDrive 40 sairá pelo equivalente a R$ 297.000, enquanto o esportivo i4 M50 custará cerca de R$ 352.000. Ainda mais caro, o iX tem preço único de aproximadamente R$ 443.530, que pode facilmente crescer com os opcionais.
Não pode ir à banca comprar, mas não quer perder os conteúdos exclusivos da Quatro Rodas? Clique aqui e tenha o acesso digital