Primeiro carro elétrico da BMW na era moderna, o carismático i3 teve sua produção encerrada em meados deste ano, dois anos antes do previsto pela marca – apesar de ainda estar à venda no Brasil. Além dos custos altos de produção, o modelo não faria mais sentido na atual linha, especialmente pela chegada de um integrante inédito, que virá a ser seu substituto: o BMW iX1.
Para saber das promessas e da realidade do novo elétrico de entrada da fabricante bávara, QUATRO RODAS foi até Regensburg, na Alemanha, para conhecê-lo diretamente de seu local de nascimento. Ele ainda não está confirmado oficialmente para o Brasil, mas seguindo os recentes lançamentos da marca no mercado brasileiro fazemos nossas apostas de que, sim, o modelo deverá chegar por aqui em 2023.
É preciso dizer que o iX1 é, declaradamente, a versão elétrica do X1 — e ele não faz esforço algum para dar a entender que é um modelo diferente. Muito pelo contrário.
Caso esteja equipado com o pacote visual M, como as unidades das imagens e as que andamos pelas estradas alemãs, será preciso se atentar ao nome “iX1” na traseira e ao discreto “i” na “grade” dianteira. “Grade”, entre aspas, porque ela é fechada, o que também fica muito bem disfarçado pelos acabamentos em preto e prata, criando efeito de profundidade.
Na traseira, o desenho geral remete bastante à primeira geração do SUV, com lanternas mais estreitas e de aspecto mais agressivo, e o vidro pronunciado. O mesmo vale para as laterais, com uma grande área envidraçada. De lado, o que muda são as rodas, de até 20 polegadas na versão elétrica, e as maçanetas embutidas.
Sem o pacote visual o iX1 segue praticamente idêntico ao X1 a combustão (ou híbrido), mas deixa mais evidente que se trata do elétrico pelos detalhes em azul espalhados pela carroceria. Com o pacote M, eles não existem.
Não é só do lado de fora que o modelo está mudado e mais bonito do que nunca: o interior o novo X1 também é (finalmente) totalmente novo. O painel tem diversas superfícies com materiais e texturas diferentes, além de vincos. As saídas de ar têm posicionamento fora do comum, com uma central, outra à esquerda do motorista e duas à frente do passageiro, algo como no antigo Honda HR-V.
O console central tem “dois andares”, com uma seção inferior, onde há carregador de celular por indução (no qual o celular fica em pé e preso por uma barra, algo incomum), e outra seção superior que remete ao iX, com efeito flutuante, onde ficam comandos do câmbio, dos modos de condução e do freio de estacionamento.
Quem manda na parte de dentro, porém, é o conjunto curvo de telas – também como no “irmão” maior iX e no novo Série 3, que também conhecemos em Regensburg. São duas telas, uma de 10,25 polegadas para o quadro de instrumentos e, outra, de 10,7 polegadas para a central multimídia.
Convivendo e acelerando o BMW iX1
Espaço é um dos pontos altos do SUV, mesmo no banco traseiro, com folga para pernas e cabeça de (quase) todos. Quase, porque quem precisar ir no assento central poderá reclamar do túnel central, que é alto. O console com as saídas de ar também invadem o espaço.
Vale considerar, por isso, como o X1 cresceu em comparação com a geração passada. São 5,3 centímetros a mais no comprimento (agora de 4,5 metros), 2,4 cm na largura (1,84 m), 4,4 cm na altura (1,64 m) e 2,2 cm no entre-eixos (2,69 m). Além do espaço interno, o porta-malas também cresceu e ganhou 35 litros, chegando a bons 540 litros.
O BMW iX1 tem configuração única por ora, a xDrive30, com um conjunto mecânico composto por dois motores elétricos, posicionados um em cada eixo. Isso faz com que o SUV tenha tração integral, como já denuncia o “x” no nome da versão.
São 313 cv de potência e 50,4 kgfm de torque extraídos das unidades “abastecidas” com energia elétrica. Segundo a marca, o iX1 acelera de 0 a 100 km/h em 5,7 segundos, mas tem a velocidade máxima limitada a 180 km/h para preservar a bateria de 64,7 kWh e a autonomia. Por falar na autonomia, o alcance projetado do elétrico é de até 440 km no ciclo europeu.
Os números de aceleração são muito bons para um SUV grande e pesado, e bem nítidos durante a condução. O iX1 tem acelerações fortes, com respostas rápidas graças ao bom volume de torque que, por sua vez, é instantâneo. Durante as acelerações, é possível ativar um “ronco” que sai pelos alto-falantes, com um ruído que busca imitar o barulho de um motor a combustão, mas com timbres mais metálicos e futuristas. É interessante para não viver no silêncio.
Isso também dependerá do modo de condução escolhido. Entre os oferecidos estão os clássicos Personal, com ajustes mais equilibrados, Efficient, para uma condução mais econômica, e Sport, para uma tocada mais esportiva.
Além destes, porém, há outros dois inéditos: Expressive e Relax. Em ambos os novos modos as mudanças são apenas de ambientação, sem qualquer alteração mecânica, diferente do que ocorre nos três primeiros. Os dois últimos alteram o tema das telas e as cores ambiente. No Relax, a massagem presente no banco do motorista é ativada.
A dirigibilidade do iX1, assim como no i4, não renega as tradições de um BMW pela veia esportiva. A direção tem relativo peso e a suspensão é firme. Pelas ruas e estadas alemãs (incluindo trechos das famosas Autobahnen) ele foi bem, agarrado ao chão, com estabilidade garantida, mas um balanço confortável, sem pulos de um esportivo com curso menor de amortecedores.
No único buraco encontrado pelo caminho, a pancada seca mostrou os contras de um conjunto tão firme – e onde deverá sofrer se (ou quando) for comercializado no Brasil. Na prática, é uma condução muito mais próxima dos sedãs da marca do que do iX, outro SUV elétrico.
X1 nacional está garantido
Como já dissemos, nossa aposta é de que o iX1 chegue ao Brasil já em 2023. Porém, ele chegaria por aqui importado de Regensburg, já que a produção nacional do X1 em Araquari (Santa Catarina) será apenas para versões sem eletrificação. O modelo é equipado, atualmente, com um motor 2.0 turbo flex de 192 cv. Uma versão com este motor deverá continuar existindo.
Caso você tenha perdido algum capítulo desta história, o novo X1 já está confirmado para ser produzido por aqui a partir do próximo ano, já que algumas versões (como a elétrica) não chegaram nem mesmo às lojas europeias. Por aqui, as versões ainda não foram anunciadas, mas, além do elétrico e do puramente a combustão, uma versão híbrida também é esperada.