Hoje em dia, as marcas chinesas vêm apresentando tantas tecnologias revolucionárias que, aos poucos, o passado de tropeços e soluções estranhas vai ficando para trás. Mas a má fama que elas têm no Brasil não é por acaso, e nos lembra de tempo onde a China ainda estava muito longe das ocidentais.
A BYD não escapa dessa reputação e, se hoje é parceira da Toyota em modernos carros elétricos da linha bZ, antes literalmente copiava a japonesa. Mas acredite: uma evolução dessas cópias pode ser lançada em breve no mercado nacional.
Com dezenas de estreias previstas em seu plano de ser a terceira montadora que mais vende no Brasil, a BYD está testando o Qin EV nas ruas do país, como mostra as imagens do site Autos Segredos. A terceira geração do sedã elétrico foi mostrada no Salão de Pequim, no mês retrasado, mas quem viria é a geração anterior, de 2014. Isso facilitaria o preço na faixa de R$ 150.000, tornando-o especialmente útil para taxistas e motoristas de aplicativo.
No limite superior de tamanho para um sedã médio e com 450 litros de porta-malas, o Qin EV tem no espaço um de seus trunfos. Apesar de seis anos representarem tempo gigantesco para o atual ritmo de evolução dos carros elétricos, porém, o carro não faz feio em termos de alcance, que chega, no melhor dos casos, aos 400 km.
A versão puramente elétrica traz motor dianteiro de até 136 cv e 18,3 kgfm. Mas há possibilidade de termos, ainda, o Qin híbrido, com carroceria também diferente e que une motor 1.5 aspirado ao elétrico e totaliza 172 cv e 25,0 kgfm. Esses números, entretanto, podem ser ajustados por conta do combustível nacional ou a fim de priorizar o consumo, por exemplo, que gira em torno dos 20 km/l nas diferentes especificações da China.
Em ambos os casos, há cabine bem equipada, com central multimídia flutuante e quadro de instrumentos digital que, juntos, têm cerca de 15”. O console central pode lembrar os da Volkswagen e a decoração, em geral, tem aspecto sóbrio que pouco se parece com as ousadias da montadora nos dias atuais.
Quem vê o Qin EV nem imagina que ele é um derivado do BYD F3. Esse é o nome dado ao carro que era basicamente uma cópia da nona geração do Toyota Corolla, apelidado de Corolla “Brad Pitt”. Em relação ao japonês, há meros retoques na dianteira e traseira, mas a reprodução foi tamanha que até as portas dos modelos são intercambiáveis entre si.
O BYD F3 foi lançado em 2005, passou por uma reestilização para se distanciar do “irmão” e seguiu nas lojas até 2021, tendo sido exclusivamente dedicado às vendas diretas nos últimos anos. Ele foi descontinuado tanto pela idade quanto pelo nova fase da BYD, que teve no Qin híbrido um de seus primeiros eletrificados com a tecnologia DM-i, que equipa o Song Plus, por exemplo.
Em dez anos, muita coisa mudou. Entretanto, para se tornar uma generalista, a marca chinesa terá que recorrer a modelos simples e de volume, como o Qin EV. Nesse caso, será impossível não lembrar, ao menos levemente, um passado menos glorioso.