A Citroën prometeu mostrar ainda em 2022 a primeira aplicação do seu novo logotipo, mas ela foi mais rápida do que imaginávamos e já revelou o modelo. O responsável pela estreia é o Oli (pronuncia-se “all-e” em inglês, ou “ól-i”, em português), um conceito de picape elétrica leve, sustentável e com caçamba menor que muito porta-malas.
Antes de partir para o Oli, vale uma breve apresentação sobre o novo e décimo logotipo da marca em seus 103 anos de história. A identidade é uma reinterpretação do primeiro logo da Citroën, de 1919, com uma borda oval e o duplo chevron com ângulos bem definidos.
Em comparação com o oval de mais de cem anos atrás, o atual ganha uma paleta de cores mais simples e moderna, considerando também a fonte utilizada quando o nome Citroën acompanha o duplo chevron. Entre as cores estão preto, azul, branco e vermelho. O primeiro modelo de produção em série com a novidade chegará ao mercado em 2023.
É mesmo uma picape?
Sim, a Citroën trata o Oli como uma picape, mas antes daremos outros números do modelo. Não foram especificados dados de potência e torque do motor elétrico, que é alimentado por uma bateria de 40kWh, capaz de ser recarregada de 20 a 80% em 23 minutos, segundo a marca. Se sabe, porém, que ele pode chegar aos 110 km/h e rodar até 400 km com uma carga.
O design é outra forte aposta do conceito, que passa a impressão de robustez por suas linhas e seus volumes em blocos. Para-choques dianteiros e traseiros têm grandes áreas “plásticas” para darem ares de fora-de-estrada, enquanto faróis e lanternas formam letras “C” em reinterpretações mais quadradas.
De lado é possível notar proporções excêntricas, como um bom Citroën. O capô é longo e o para-brisa é totalmente vertical, enquanto o vidro lateral traseiro termina abaixo da janela da porta. As rodas também fogem ao convencional e o formato de cupê esconde a (tímida) caçamba.
O compartimento traseiro tem 68 centímetros de profundidade, 99,4 cm de largura e 58,2 cm de altura. Porém, pode ser estendido para até 105 centímetros com o rebatimento dos bancos traseiros, cujos encostos de cabeça vão para o teto.
Dá para ser elétrico e leve
Agora sim, vamos ao Oli. São 4,90 metros de comprimento, 1,65 m de altura e 1,90 m de largura, medidas muito próximas às de um Jeep Renegade. Apesar disso, pesa cerca de 1.000 kg graças ao uso extenso de materiais leves, reciclados e recicláveis.
“Em vez de ser um ‘palácio sobre rodas’ de 2.500 kg, cheio de telas e gadgets, o Oli prova que mais pode ser alcançado com menos e mostra como o uso inventivo de materiais responsáveis e um processo de produção sustentável podem levar a veículos de emissão zero baratos e desejáveis que atendem a vários estilos de vida”, diz a marca.
Entre as soluções para que o conceito seja extremamente leve estão a construção dos bancos, com 80% menos peças do que os convencionais e com direito a bolsas de ar para garantir o amortecimento, e uso de materiais reciclados. As portas, 20% mais leves em comparação com as de um hatch convencional, economizam cerca de 1,7 kg cada, já que não há alto-falantes, isolamento acústico e fiação elétrica nelas.
Os painéis de teto, capô e da cobertura da caçamba são feitos com papelão ondulado reciclado, que forma uma estrutura de sanduíche de favo de mel entre painéis de reforço de fibra de carbono, e revestidos com resina de poliuretano. A marca diz que são tão leves (50% mais leves em relação a painéis de aço) e rígidos que um adulto pode ficar em pé sobre eles.
Quem também ajuda na dieta são as rodas de 20 polegadas, que misturam aço e alumínio – já que rodas apenas de aço são pesadas e, apenas de alumínio, caras. Assim, os componentes híbridos são 15% mais leves do que equivalentes de aço e reduzem em 6 kg o peso total do veículo.
Os números não param por aí. Os para-choques são 100% recicláveis e feitos com 50% dos materiais reciclados, o painel interno tem 34 peças, contra cerca de 75 de um hatch convencional, além de uma vasta utilização de poliuretano termoplástico leve por toda a cabine.
Para o sistema multimídia não há tela fixa no painel – ele é representado pelo celular do motorista, que pode ser encaixado e transformado em uma central, artifício econômico conhecido no Brasil através dos Fiat Mobi mais antigos e do final Volkswagen Up!. As caixas de som Bluetooth também são removíveis.
“Você pode optar por pagar por todos os recursos mais recentes e inteligência artificial que você usa apenas 2% do tempo ao dirigir, ou você pode se perguntar ‘qual é a coisa responsável a fazer e quanto disso eu realmente preciso?’, o Oli é uma maneira de dizer o suficiente, que ‘eu quero algo inovador, mas quero algo simples, acessível, responsável e duradouro”, apontou Laurence Hansen, diretor de desenvolvimento de produtos Citroën.