A Tesla prometeu que nova a Cybertruck seria feita de aço inoxidável e a prova de balas. Tal blindagem vem sendo contestada desde seu lançamento, mas certamente os donos não esperavam que a ferrugem seria um problema que afetaria a picape elétrica. Ao menos até agora.
Acontece que, em fóruns de proprietários, já há diferentes relatos sobre unidades seminovas da Cybertruck apresentando sinais de oxidação. É um problema cada vez mais raro na indústria, à medida que a pintura automotiva evolui, mas a escolha do aço inox sem tinta pode ter contribuído de maneira incomum para a falha.
As histórias quando o usuário Raxxar relatou que, ao pegar sua Cybertruck zero-km, foi alertado pelo vendedor que a picape tende a exibir pequenas manchas alaranjadas após tomar chuva. Curiosamente, o morador de Sacramento (EUA) também disse ter saído da loja e sofrido com a direção puxando fortemente o carro para a direita, necessitando de retorno imediato à loja.
Foi a questão da ferrugem, entretanto, que persistiu: após pegar estrada (e tomar um pouco de chuva no caminho), o usuário chegou em casa e notou justamente os pontinhos escuros alertados pelo lojista. Mesmo após uma limpeza dedicada, as fotos mostram um resultado pouco agradável esteticamente.
Outro usuário relatou manchas parecidas após também rodar na chuva, em Los Angeles. “A Tesla documentou a corrosão e disseram que me ligarão no próximo mês, quando as ferramentas chegarem e puderem realizar o serviço/reparo. Minha Cybertruck tem 600 km rodados e passou grande parte dos 11 dias sob meus cuidados, estacionado em frente à minha casa.”
As fotos dessa outra unidade foram tiradas após o polimento e, mesmo assim, era possível enxergar pequenas manchas laranjas. Ao mesmo tempo, outros proprietários estão até contentes com as supostas marcas de corrosão, torcendo para que que elas cresçam em suas picapes e deem um visual alternativo.
A culpa pode ser dos trens
O uso de aço inox na carroceria da Cybertruck foi um dos maiores desafios para a montadora de Elon Musk, que precisou desenvolver métodos quase inéditos para a moldagem dos painéis. Além disso, ainda não há jeito viável para pintar a caminhonete, que é vendida em cinza e pode, apenas, ser envelopada em preto.
Seu próprio manual, inclusive, relata que a superfície angulada é suscetível a manchas causadas por substâncias corrosivas, como graxa, óleo, resina de árvore, insetos mortos, que devem ser lavados rapidamente.
Mas há quem acredite que a culpa não seja do controle de qualidade da Tesla, e sim dos trens de carga, comumente utilizados para transportar carros novos pelos Estados Unidos. É a hipótese do youtuber Bearded Tesla Guy, que fez um vídeo acerca das alegações do fórum.
Segundo o influenciador digital, as manchas têm a ver com a poeira ferroviária. Esse tipo de contaminação surge das rodas dos vagões, que são levemente erodidas à medida que a locomotiva se move. As partículas quentes e muito pequenas acabam aderindo à superfície dos carros e, quando molhadas, podem enferrujar. A oxidação notada, portanto, não é exatamente do veículo.
–Mesmo quem defende a tese da poeira ferroviária, entretanto, não descarta que a superfície incomum da Cybertruck pode contribuir para o problema. Desse modo, os donos da picape já discutem métodos específicos para uma limpeza geral do veículo, diferente de outros carros.
Por fim, vale lembrar que o aço inoxidável detém essa propriedade por trazer uma fina camada protetora em sua superfície. Caso essa camada seja mal aplicada ou danificada por atrito, por exemplo, é possível que a liga seja exposta a corrosão e as manchas apareçam. Ao que tudo indica, o tempo irá dizer qual é o caso de um dos carros mais peculiares à venda no mundo.