First! O comentário típico de quem comenta primeiro, seja nas redes sociais ou no YouTube, é o nome do primeiro crossover elétrico da smart. Na verdade, seu nome é uma hashtag: smart #1, seguindo a velha regra do nome todo em minúsculas.
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O #1 tem 4,27 metros de comprimento e marca apenas o início de uma nova família completa de automóveis, 100% elétricos. “A estreia mundial do smart #1 em Berlim é um marco na incrível fase de desenvolvimento em que nos encontramos desde a reinvenção da marca. Sendo o primeiro de uma nova geração de SUVs totalmente elétricos da smart, o novo #1 é a personificação perfeita dessa inovação”, explica Tong Xiangbei, CEO da Smart Automobile.
O lançamento no mercado chinês será no último trimestre de 2022, com preços partindo de algo ao redor dos 40.000 euros, o equivalente a R$ 208.000, antes dos impostos.
O crossover compacto é movido por um motor elétrico no eixo traseiro, com um rendimento de 272 cv (200 kW) e torque máximo 35 kgfm. A velocidade máxima é limitada a 180 km/h e a bateria de 66 kWh, instalada na parte inferior da carroceria, deverá permitir um autonomia de até 440 km com uma carga.
A propósito, a potência máxima de carregamento é de 150 kW, o que enche a bateria até 80% da sua carga máxima em meia hora.
Na cabine, há amplo espaço para quatro pessoas graças ao entre eixos de 2,75 metros e ao banco traseiro que pode avançar ou recuar ao longo de uma calha de 13 centímetros. Por isso a capacidade do porta-malas varia entre 273 a 411 litros, ao qual se junta um pequeno compartimento sob o capô dianteiro com mais 15 litros para cabos de carregamento e pequenos itens.
O cockpit sóbrio é dominado por duas telas digitais. Atrás do volante, o motorista olha para uma tela plana de dez polegadas e no centro do painel há uma tela vertical de 12,8 polegadas que pode ser usada para operar todas as funções do veículo por toque ou voz. A nova geração do smart oferece aos seus ocupantes um avatar como companheiro com controle de voz baseado em Inteligência Artificial, implementado na interface 3D do usuário.
A segunda vida da smart
Até hoje a marca smart era conhecida pelos pequenos e micro-carros de dois lugares, que tinham proposta totalmente diferente do que existia no mercado.
Originalmente concebido pelos fundadores da Swatch, Nicolas Hayek e Johann Thomforde, como um conceito de mobilidade para o interior das cidades, o smart era inovador, diferente e arrojado. O problema é que o modelo de negócio nunca permitiu à Mercedes ganhar dinheiro com qualquer das gerações do smart que realmente tinha caráter.
As derivações que apareceram de quatro lugares (o forfour) primeiro em parceria com a Mitsubishi e depois com a Renault, nunca tiveram muita demanda, apesar de terem o potencial para atrair mais clientes.
Por outro lado, o smart forall, um crossover com a característica célula de segurança Tridion que havia sido planejado há décadas, nunca se concretizou. Na prática, esse projeto de SUV compacto se tornará realidade agora, combinando tecnologia Geely com design da Mercedes.
O original conceito do pequeno smart parecia fazer sentido: um pequeno carro de vocação urbana, capaz de levar você a qualquer lugar e fácil de estacionar por ser tão pequeno, composto por módulos facilmente substituíveis e acessíveis.
Desde a década de 1970 várias montadoras, universidades e visionários estavam tentando desenvolver essa ideia, como foi o caso do diretor do fabricante de relógios Swatch, Nicolas G. Hayek, que perseguiu seu sonho de fabricar um “Swatch-Mobile” com todo o empenho, inicialmente com o Grupo Volkswagen. Mas logo ficou claro que uma solução de mobilidade urbana como essa não seria propriamente barata para o cliente e a VW se retirou do projeto em 1994, levando o empreendedor Hayek a voltar à procura de um parceiro.
O grande parceiro viria a ser a Daimler-Benz, que até já tinha estudado o projeto de um veículo parecido bastante antes: entre 1981 e 1982 foram feitos esboços de um carrinho de 2,5 metros de comprimento, que pudesse se dar bem com as cidades cada vez mais congestionadas e com baixo consumo de gasolina, para quando chegasse a nova crise petrolífera (a última das quais acontecera poucos anos antes). Só que as exigências de segurança de um carro tão pequeno não foram cumpridas e o projeto foi para a prateleira.
Já nos anos 90, então, a Mercedes-Benz retornou à essa ideia e produziu dois protótipos o Eco Sprinter e o Eco Speedster e, em associação com Hayek, foi fundada a Micro Compact Car (MCC) AG: a sede foi instalada em Biel, na Suíça, ao mesmo tempo que começava a ser construída a unidade de produção em Hambach, na França, e um centro de desenvolvimento na Alemanha. Não se pode dizer que essa cooperação tenha ido bem e a Daimler acabou mesmo ficando com 100% da MCC em 1998.
Nesse mesmo ano, em outubro, depois de uma série de concept-cars, surgiu então o primeiro smart com painéis de carroceria e célula de segurança Tridion, feitos em aço de elevada resistência, em combinação com outras partes da carroceria em material termoplástico.
A originalidade do conceito chegava também a forma como era vendido, em vários pisos em enormes torres circulares. 22 anos mais tarde o pitoresco fortwo continua sendo feito em Hambach, mas agora sob a responsabilidade da nova montadora de veículos de todo-o-terreno Ineos, que assumiu a antiga fábrica da smart. A verdade, porém, é que o futuro da smart não está na Alemanha nem na Alsácia, mas na China.