A Great Wall Motors (GWM) já monta, na China, o primeiro lote de carros de pré-produção que serão enviados para o Brasil nos próximos meses, antecipou Oswaldo Ramos, diretor geral da GWM Brasil durante o Congresso AutoData Perspectivas 2023. No Brasil, esses primeiros carros serão usados para test-drive.
São unidades do Haval H6, um SUV médio, com configuração mecânica e estética exclusiva para o Brasil. De acordo com Ramos, a estreia será com um conjunto híbrido plug-in com autonomia elétrica de 200 km e até 1.000 km de autonomia em modo híbrido, combinando motores elétricos e o a combustão, ainda a gasolina.
Lá fora a Great Wall já vende o Haval H6S com mecânica L.M.N DHT dentro deste escopo. Combina um motor 1.5 turbo com injeção direta de alta pressão (350 bar), turbo de geometria variável e que trabalha em ciclo Miller para entregar 156 cv com um motor elétrico extra no eixo traseiro, o que eleva a potência aos 326 cv mas mantém o torque em 54 kgfm.
Este conjunto mais potente é o chamado 1.5T+DHT130+P4, e tem a disposição uma bateria de 41 kWh. Essa bateria é maior que a de muitos carros elétricos grande o suficiente para que um SUV rode mais de 200 km (ciclo NEDC) sem precisar gastar uma gota de gasolina.
O detalhe é que o motor a combustão só tem duas marchas a disposição, sendo a primeira uma espécie de reduzida e a segunda marcha, que é engatada a partir dos 65 km/h, algo como uma marcha longa, um overdrive.
Oswaldo Ramos trata esse Haval H6 como uma nova geração, que ainda não é vendida em nenhum lugar do mundo. Esse carro terá detalhes estéticos, cores, materiais de acabamento e rodas exclusivas para o Brasil. Mas o executivo ilustrou sua apresentação com o H6 Plug-in vendido em mercados da Ásia e Oceania.
“Precisamos otimizar, colocar uma bateria maior, para dar uma verdadeira experiência de carro elétrico ao consumidor. Nós podemos colocar um motor a combustão a etanol para dar autonomia”, conta Ramos, que já adiantou a aposta da fabricante em híbridos flex. O Haval H6 flex já está em desenvolvimento e fica para 2024, quando começará a ser fabricado em Iracemápolis (SP).
Oswaldo Ramos não antecipa a previsão de vendas e diz ter o aval (sem trocadilho) da matriz para “lançar a marca direito no Brasil”.
Vendas 100% digitais ou 100% presenciais
A GWM começa o aquecimento de suas operações em novembro, quando fará uma primeira apresentação do Haval H6 no Brasil. O SUV entrará em pré-venda em janeiro e apenas no segundo trimestre é que os primeiros compradores receberão seus carros – que poderão ser assinados.
Oswaldo Ramos promete um modelo de vendas diferente, que não necessariamente dependerá de concessionárias. A Great Wall terá 46 pontos de vendas e 30 centros de distribuição de peças e serviços espalhados por todos os estados brasileiros já no lançamento. As concessionárias, diz, terão conceito bem diferente das atuais mas ainda terão vendas e serviços.
Os centros de distribuição, por sua vez, permitirão uma distribuição rápida de carros e um atendimento do tipo delivery em todo o território brasileiro.
“O cliente não quer prédio, quer serviços. Então se eu tiver 30 centros de distribuição de peças e de serviços pelo Brasil será possível atender os clientes”, explica Ramos lembrando que as locadoras já fazem isso, seja na entrega de um carro ou no momento da revisão.
“A gente vai buscar o carro do cliente e, se for um serviço mais longo fornecer um carro reserva, e depois devolver o carro”, completa o executivo lembrando que a GWM tem capacidade para produzir 30.000 unidades do Haval H6 mensalmente e “vender 500 carros a mais em um mês não muda a escala de produção”.
Uma particularidade é que os carros poderão ser vendidos em modelo tradicional, à vista ou financiados, ou assinados. Os concessionários receberão a mesma comissão, o que dificultará uma aposta exagerada em um modelo de negócio. A ideia é deixar o cliente escolher o modelo de vendas naturalmente. E tornar as vendas um processo natural, podendo ser concluída virtualmente ou fisicamente.
Os Great Wall terão carros de test-drive disponíveis em diversos pontos, inclusive em shoppings, em uma operação controlada pelo braço de locação da empresa. E as demandas dos clientes também controlarão as diferentes versões dos produtos: “Se for outra tecnologia que o cliente quiser, podemos mudar esse produto a médio prazo. E se fizer muito sucesso podemos montar o carro no Brasil. É o consumidor quem vai ditar nosso volume no Brasil”.
Por sinal, o início da produção dos Great Wall no Brasil (em pré-série, pelo menos) começará em 2023. No início de 2024 a marca lançará a primeira picape híbrida e um SUV híbrido, ambos inéditos. Estes já estão em fase final de desenvolvimento.