Seres SF5: SUV da Huawei é elétrico mas não precisa de tomada por perto
Novidade no Brasil, Seres SF5 tem tecnologia da Huawei e é superesportivo elétrico perfeito para além das grandes capitais
Um SUV elétrico de luxo com tração integral e potência abundante que dispensa o dono da obrigação de carregá-lo na tomada. Essa é a síntese do Seres SF5, modelo que será lançado ainda em 2022 no Brasil, pontuando a estreia da marca sino-americana por aqui.
Fundada na Califórnia em 2016 com o nome de SF Motors, a Seres é americana de nascença, mas quem realmente manda na fabricante é o conglomerado industrial chinês Chongqing Sokon, em parceria com a fabricante conterrânea Dongfeng.
Conceitualmente, o SF5 é um elétrico com autonomia estendida, ou EREV (sigla em inglês de Extended Range Electric Vehicle). Ele tem dois motores elétricos que tracionam as rodas e possui também um motor térmico que serve como gerador (e apenas isso), convertendo gasolina em eletricidade e carregando a bateria pequena.
Os motores elétricos da Huawei (empresa chinesa conhecida por seus equipamentos para redes de telecomunicação) estão instalados um em cada eixo e juntos entregam 693 cv e 104 kgfm. O motor a combustão é um quatro-cilindros 1.5, de 112 cv e a bateria tem capacidade de 32 kWh.
Há boatos vindos da imprensa estrangeira de que a Huawei pretende adquirir a Seres, a fim de concorrer com os carros de Apple e Xiaomi, entre outras. Mas, antes disso, a “startup automotiva” já está bem servida de infraestrutura na China, com duas fábricas da Chongqing Sokon à disposição, capazes de fabricar até 150.000 veículos anualmente.
Feito na China, como todos os Seres que serão vendidos aqui (existem outras novidades a caminho), o carro das impressões de QUATRO RODAS contava com funções ainda inoperantes, mas que estarão habilitadas até o lançamento.
A principal delas é a central multimídia de 17’’, que, como um gigantesco tablet, também acessa notícias e filmes. Até os comandos de ar-condicionado são feitos pelo display – o que distrai o motorista. Já abrir e fechar os vidros ao mesmo tempo ou ajustar a intensidade dos faróis pela tela servem bem, a ponto de deixar os comandos físicos redundantes.
Já viajei em elétricos mais confortáveis, mas em nenhum deles o trajeto foi tão agradável quanto a bordo do SF5; e a culpa é da ansiedade.
Nada é tão incômodo quanto a necessidade de prever, com exatidão, a autonomia de um EV, dada a escassez de pontos de recarga no Brasil. Pensando nisso, fiz questão de levar o extensor de alcance às últimas consequências, descobrindo se é possível ter um elétrico sem precisar carregá-lo.
Na partida, fui bem recebido. Assim que me aproximei do veículo, por detecção de presença, as maçanetas, que são embutidas, se posicionaram para que eu abrisse a porta. Depois disso, o carro me cumprimentou, quando me acomodei no banco de couro (material presente na maior parte do acabamento) com aquecedor, resfriamento e 12 opções de tipos de massagem.
Em movimento, a suspensão do SF5 é muito silenciosa e sem baques, e mesmo em vias péssimas sinto que os pneus (255/45 R20 ) seguem grudados no chão. O único ponto de melhora é o ajuste dos amortecedores, moles além da conta e “típico de carros chineses”, como aponta nosso piloto de testes Leonardo Barboza.
No modo esportivo de condução, os comandos elétricos transformam volante e pedais, que passam a agir como em um bom carro de pista, exigindo força nas pernas e nos braços do motorista para segurar a inércia do veículo (muito divertido para quem gosta desse tipo de interação).
Também é na tela que escolho o comportamento do gerador a gasolina, ajustado para entrar em ação com 80% de carga da bateria.
Graças aos vidros com tratamento acústico, é bem difícil ouvir seu funcionamento e muitas vezes só sei que a gasolina está sendo consumida pela indicação no painel. Como o SF5 recupera energia das frenagens, o 1.5 se desliga em descidas e é possível dirigir o carro apenas com o pedal do acelerador, inclusive na cidade.
Segundo a fábrica, o SF5 acelera de 0 a 100 km/h em 3,9 segundos. Após superar com facilidade diversas situações na cidade, em que a bordo de outro carro eu me obrigaria a parar, e ultrapassar na rodovia modelos mais lentos sem pensar duas vezes, chegou a hora de recarregar as baterias. Ironicamente, os três eletropostos que busquei estavam inoperantes. Foi graças à boa e velha gasolina que não passei aperto.
No final da avaliação, concluí que o SF5 é um elétrico perfeito para quem tem medo de ficar parado sem energia (range anxiety, ou ansiedade de alcance, como dizem os especialistas) e também para um país como o nosso, sem infraestrutura de recarga ampla e funcionando.
Mas, pensando na tão falada neutralidade do carbono na mobilidade, o conceito de autonomia estendida tem um grande ponto fraco, que é seguir emitindo como acontece com os veículos híbridos (emissões de CO2 e evaporativas).
Ficha técnica do Seres SF5
- Preço: cerca de R$ 580.000 (estimado)
- Motores: Huawei DriveOne; um elétrico em cada eixo; 693 cv e 104 kgfm (total)
- Gerador: transversal, 4 cilindros em linha, 1.498 cm²; 112 cv a 8.200 rpm
- Câmbio: 1 marcha, tração integral
- Direção: elétrica com seletor de modos
- Suspensão: duplo A (dianteira), multi-braços (traseira)
- Freios: disco ventilado nas quatro rodas
- Pneus: 255/45 R20
- Dimensões: comprimento, 470 cm; largura, 193 cm; altura, 162,5 cm; entre-eixos, 285,7 cm; peso, 2.307 kg; porta-malas, 526 l; tanque, 56 l
- Desempenho: 0 a 100 km/h, 3,9 s; velocidade máxima de 290 km/h