Mais da metade dos carros vendidos na China já são elétricos ou híbridos
Mercado chinês alcançou marco histórico nas vendas de 'carros de novas energias' mais rápido do que era esperado
O mercado automotivo chinês alcançou um novo recorde histórico: na primeira quinzena de abril, mais da metade dos carros novos vendidos no país foram híbridos e elétricos.
Quer dizer que dos 516.000 carros novos vendidos de 1° a 14 de abril, 260.000 (ou 50,4%) foram carros elétricos elétricos ou híbridos plug-in com mais de 50 km de autonomia elétrica – conhecidos como NEVs na China.
Embora esse montante represente queda de 11% nas vendas totais, na comparação com o mesmo período de 2023, e uma queda de 3% na comparação com março, também indica um crescimento de 32% nas vendas de NEVs na comparação com o ano anterior.
Embora esses números representem apenas duas semanas de um ano, representam um avanço muito rápido nas vendas de carros elétricos e híbridos na China. Mais rápido do que se previa: a Economist Intelligence Unit, divisão de pesquisa e análise da revista The Economist, estimava que os NEVs só alcançariam 50% de participação em 2028.
Já de acordo com a Federação Chinesa de Carros de Passeio, os híbridos e elétricos representarão 40% dos carros vendidos em 2024, prevendo vendas totais de 12 milhões de automóveis novos ao longo deste ano. O CEO da BYD, Wang Chuanfu, porém, previa que os 50% seriam alcançados até junho.
Marcas estrangeiras começam a reagir na China
O crescimento nas vendas de carros híbridos plug-in e elétricos têm outros significados. Representam a expansão das novas fabricantes chinesas em seu próprio país, enquanto as joint-venture entre empresas locais e marcas ocidentais, ainda com suas vendas dominadas por carros a combustão, perdem espaço.
O fato é que, hoje, existe um degrau enorme em termos de tecnologia embarcada entre os carros de fabricantes chinesas e estrangeiras.
No Salão de Pequim, enquanto marcas chinesas destacam as plataformas dos seus carros elétricos, que contempla radares e sensores de alta precisão, e enaltecem a capacidade dos processadores de última geração embarcados nos seus carros (cada vez mais baratos, diga-se), as estrangeiras aparentam estar começando a reagir à queda nas vendas apenas agora.
A Honda, que atua na China em parceria com a GAC, anunciou uma nova submarca voltada a carros elétricos dedicados ao mercado chinês, chamada Ye. Os dois primeiros SUVs serão lançados ainda em 2024, na tentativa de contornar a queda nas suas vendas. Em 2023, a queda foi de 14,5% frente ao ano anterior.
A Volkswagen vai pelo mesmo caminho. Suas vendas na China caíram 8% em 2023 (considerando sua joint venture com a SAIC) mas, durante o Salão de Pequim, anunciaram a criação da submarca ID.UX, que será formada por carros desenvolvidos na China exclusivamente para o mercado local, na tentativa de fazer carros elétricos mais baratos e adequados ao gosto local.
Já a joint venture entre a General Motors e a SAIC, que teve uma queda de 14,3% nas vendas em 2023, não mostrou reação no Salão de Pequim. Enquanto a Chevrolet apresentava a nova geração do Equinox híbrido plug-in, o Equinox EV nem sequer estava aberto ao público. E a Wuling, que já teve o carro elétrico mais vendido da China (o Mini EV), apresentou o Starlight EV, um sedã elétrico simples e barato, e muito distante do nível de tecnologia ao qual os chineses se acostumaram tão rapidamente.