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Teste: Fiat 500e cativa pela nostalgia e toca música clássica em movimento

Totalmente elétrica, a terceira geração do modelo continua apertada, mas compensa com muita diversão, beleza e tecnologia

Por Guilherme Fontana Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 16 set 2021, 17h52 - Publicado em 16 set 2021, 17h00
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  • Fiat 500e
    Fiat 500e chega ao Brasil por R$ 239.990, na verão única Icon (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    Lançado em 1957, o Fiat 500 chega à sua terceira geração com a maior evolução de todos os tempos: ele passa a ser totalmente elétrico e, por isso, também foi rebatizado de 500e. Apresentado em 2020 na Europa, o modelo já está à venda também no Brasil. Veja todos os detalhes no vídeo abaixo e mais fotos na galeria que está no final da matéria.

    O 500e é um belo exemplo de como se fazer a reinterpretação de um clássico, já que ele é praticamente idêntico às duas gerações passadas, mas com evidentes avanços visuais e tecnológicos. Isso faz com que o modelo mantenha seu apelo emocional e nostálgico, e adicione predicados modernos para conquistar o público.

    Preços, revisões e dimensões do Fiat 500e

    Por aqui, o subcompacto chega na versão única Icon, de R$ 239.990. Os preços das revisões confirmam as teorias de que carros elétricos têm menores custos de manutenção por terem menor quantidade de partes móveis e menos fluidos. Tanto que os intervalos são de 15.000 km e não 10.000 km como nos Fiat a combustão.

    Veja os valores:

    Somadas, as seis primeiras revisões saem por R$ 1.824.

    Nas dimensões, o modelo é ligeiramente maior do que o anterior, de 2007. São 3,63 metros de comprimento (9 centímetros a mais), 1,68 m de largura, 1,53 m de altura e 2,32 m de entre-eixos. O porta-malas, por sua vez, continua com os mesmos 185 litros e abriga o conjunto de reparo dos pneus e o carregador doméstico. As rodas são de 16 polegadas com pneus 195/55 do tipo runflat, ou seja, não há estepe.

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    Fiat 500e
    Traseira mantém a simplicidade dos outros 500 e passa as luzes de ré para a base do para-choque (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    Principais itens de série do Fiat 500e

    O 500e Icon tem pacote fechado de equipamentos, ou seja, tudo o que você vê nas imagens, é item de série. Não há nenhum opcional disponível.

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    Entre os itens estão: teto solar elétrico, faróis full LED automáticos (incluindo facho alto), luz de circulação diurna, lanternas de LED, 6 airbags, sensor de chuva, câmera de ré, espelhos retrovisores internos com desembaçador, carregador de smartphones por indução, wi-fi nativo e quadro de instrumentos digital com tela de 7 polegadas. A central multimídia tem 10,25 polegadas, e Android Auto e Apple CarPlay, ambos com conexão sem fio.

    Fiat 500e
    (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    Há também um pacote de sistemas de auxílio à condução, com: piloto automático adaptativo, assistente de permanência em faixa (com alertas e correção ativa), frenagem automática de emergência com detecção de pedestres, detector de fadiga, leitura de placas de velocidade, sensores de estacionamento 360º, assistente de estacionamento e alerta de pontos cegos.

    O 500e sai de fábrica com duas chaves para usos diferentes. Existe a comum, presencial e com os tradicionais botões de travar e destravar as portas, acender os faróis e destravar o porta-malas. Há também uma segunda chave, apenas presencial, que pode ser submersa em até 15 metros de água por até 1 hora. Esta é dedicada a quem pratica esportes e não pode deixar a chave do veículo em qualquer lugar.

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    Fiat 500e
    Teto solar está entre os itens de série do modelo (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    Motor, bateria, recarga e autonomia do 500e

    A nova geração do Fiat 500 é puramente elétrica, não há qualquer previsão de versões a combustão. Assim, aqui no Brasil, o modelo chega com motor elétrico de 118 cv de potência e 22,4 kgfm de torque. Uma das características mais marcantes dos elétricos é a disponibilidade imediata de todo o torque, o que rende agilidade (veja mais abaixo no teste do 500e).

    O sistema elétrico é composto por uma bateria de 42 kWh e 350V. A autonomia declarada pela fábrica é de 320 km, porém, a Fiat garante que o alcance pode chegar a até 460 km. Para isso, a velocidade máxima é limitada a 150 km/h.

    Fiat 500e
    O motor elétrico do 500e entrega 118 cv e 22,4 kgfm (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    A marca diz que o modelo pode ser recarregado em até 4 horas em carregadores wallbox de 11kW e pode chegar aos 80% em 35 minutos em carregadores ultra-rápidos de até 85kW. Também é possível recarregar o veículo em tomada doméstica.

    Visual com toque clássico

    A aparência é uma das características mais marcantes do 500e, já que ele une a nostalgia à modernidade. Na dianteira, os faróis continuam sendo compostos por quatro círculos, dois de cada lado, agora compostos por LEDs. Os círculos mais baixos são vazados, com a parte central na cor da carroceria. Já os superiores são divididos pelo corte do capô, formando uma espécie de “sobrancelha”.

    Fiat 500e
    Lanternas são iluminadas por LEDs (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    Pela primeira vez, porém, o 500 substitui o logo da Fiat pelo nome do próprio veículo, deixando claro seu caráter disruptivo na marca.

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    De lado, mais referências ao passado, como no formato da carroceria e o uso de cromados nas janelas. Porém, também há inovações, como a maçaneta embutida e o repetidor de seta na lateral, que não se rendeu ao modismo e não foi para os retrovisores. No 500e, os piscas parecem surgir do capô como asas, em um efeito visual interessante.

    Fiat 500e
    Pintura Verde Oceano varia em tons de verde e azul conforme a incidência de luz: repare a alternância de cores na imagem (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    As rodas são de 16 polegadas, sempre com pintura em grafite e pneus 195/55. O desenho é simples, mas pessoalmente tem seu charme. Na traseira, as lanternas têm um belo arranjo interno, sem perder a identidade do clássico 500. Já as luzes de neblina e ré foram deslocadas para a base do para-choque.

    São quatro cores diferentes para a carroceria: Nero Onice (preto), Bianco Ghiaccio (branco), Grigio Minerale (cinza fosco) e Verde Oceano, que é a cor da unidade testada, e produz um interessante efeito camaleão, variando entre tons de verde e azul de acordo com a incidência de luz.

    Fiat 500e
    Repetidores de seta laterais parecem asas surgindo do capô (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    Interior e espaço interno

    O painel do Fiat 500e é bem minimalista, já que a maioria dos comandos ficam na central multimídia, ou no quadro de instrumentos digital. A parte central do painel repete sempre a cor da carroceria e, em volta tem uma borda prateada. Apesar de não ter materiais emborrachados, os plásticos utilizados são boa qualidade e aparência agradável.

    Fiat 500e
    Painel é minimalista e tem visual que remete às gerações passadas do 500; parte central é na cor do veículo (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    Ele também tem vários detalhes escondidos, como o número 500 atrás da central multimídia, um desenho do modelo antigo com a inscrição “Made in Torino” no puxador das portas e o desenho da cidade de Torino no carregador por indução. O volante é sempre de couro com a parte externa em um tom mais claro, igual ao dos bancos, que têm o nome do carro e da Fiat bordados. Os ajustes dos bancos são manuais.

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    Uma curiosidade, e que lembra carros mais antigos, é o vão deixado onde normalmente se tem um console central com porta-copos e alavanca de câmbio. No 500e, o porta-copos fica embutido em uma tampa que pode ser aberta neste vão e o câmbio e tem acionamento por botões. Além do câmbio, da partida do motor e do freio de estacionamento, as portas também são abertas por botões. 

    Fiat 500e
    Bancos são em tom claro e têm bordados no encosto com os nomes do carro e da marca (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    A central multimídia, de 10,25 polegadas, tem diversos modos de personalização de telas, funções e até da cor de fundo, que pode repetir a cor do carro. O funcionamento do sistema é muito bom, é rápido e intuitivo.

    O quadro de instrumentos tem 7 polegadas, também com boa leitura e vários modos de visualização. 

    Fiat 500e
    Detalhe escondido nos puxadores das portas deixa claro de onde o Fiat 500e ganha o mundo (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    Espaço é o maior problema do 500e. Mesmo quem vai na frente não tem tanto espaço assim, é tudo bem justo. Pelo menos, na dianteira o teto é bem alto e a largura é boa para os ombros. Nos bancos traseiros, porém, é praticamente impossível dar ao menos uma carona a um adulto. As pernas dos ocupantes ficam pressionadas nos bancos dianteiros e a cabeça raspa no teto. Além disso, o 500e é restrito a apenas quatro ocupantes.

    Fiat 500e
    Espaço traseiro é pequeno e não consegue levar adultos com mais de 1,70 m (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    Como é andar no 500e?

    Não despreze a aparente pouca potência do Fiat 500e, com seus 118 cv. Graças aos 22,4 kgfm de torque instantâneos, ele tem acelerações e retomadas muito rápidas. E esse é o foco dele, ser rápido e ágil em situações corriqueiras, como no trânsito urbano. E ele atinge o objetivo.

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    As acelerações podem não ser tão bruscas como nos concorrentes Peugeot 208 e-GT e Mini Cooper S E, já que o 500e tem um temperamento mais suave e progressivo, até para ser mais confortável e seguro nas cidades. Mesmo assim, ele tem números de desempenho que impressionam.

    Fiat 500e
    Rodas com desenho palitado parecem simples, mas têm seu charme (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    Nos nossos testes, o 500e foi de 0 a 100 km/h em 8,7 segundos. Isso é só 0,2 segundo mais lento do que o 208, que tem uma proposta bem mais esportiva, e mais rápido do que o Renault Zoe, que fez 9,1 segundos e é mais potente com seus 135 cv.

    Ele também vai bem na autonomia. Na ficha técnica, a Fiat apresenta a autonomia de 320 km. Na vida real, porém, a marca aponta que o modelo pode ficar entre 270 e 460 km de alcance, variando de acordo com os modos de condução e a forma com que o motorista conduz o veículo. São três modos: normal, range e sherpa – este último é o mais econômico e limita a velocidade máxima a 80 km/h.

    Fiat 500e
    Recarga pode ser feita em casa, em sistemas wallbox e carregadores rápidos; LEDs indicam o nível da carga (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    A dirigibilidade do 500e lembra muito a da segunda geração do 500, que foi vendida no Brasil até 2017. É aquele tipo de carro que transmite solidez pelo peso que é possível sentir no acelerador e na direção. Apesar de ter sido corrigida em relação ao modelo anterior, a posição de dirigir continua alta, também como em carros mais antigos e voltados para uso urbano. Ainda em relação à antiga geração, ele perdeu os freios traseiros a disco, que passaram a ser a tambor no elétrico. 

    Fiat 500e
    Porta-malas tem apenas 185 litros de capacidade (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    A suspensão parece ter passado por uma boa tropicalização para chegar ao Brasil, com funcionamento ideal para o solo esburacado brasileiro. O ajuste é totalmente voltado para o conforto, permitindo que o veículo passe por imperfeições do solo sem grandes problemas, a altura em relação ao solo garante a integridade dos para-choques e o trabalho dos amortecedores é bem silencioso. Isso é bom, principalmente num carro elétrico, que não faz barulho. 

    Fiat 500e
    O 500e pode não ser o elétrico mais potente do mercado, mas vai bem em acelerações e retomadas (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    Quer dizer, mais ou menos.

    Em manobras e velocidades até 20 km/h, o 500e produz um ruído futurístico do lado de fora, para alertar aos pedestres que um veículo se aproxima. Acima dos 20 km/h, o ruído se transforma em um assovio bem agudo, quase imperceptível.

    Fiat 500e
    Traseira é sóbria e o nome do modelo foi parar no canto direito da tampa (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    Mas a graça está na melodia que o carro toca quando atinge os 21 km/h: um trecho da música tema do filme Amarcord, composta por Nino Rota. A sinfonia é executada do lado de fora do veículo, em alto e bom som. Por isso, quem está do lado de dentro também consegue ouvir – ainda que em menor volume. É apenas uma brincadeira a mais, mas diverte e reforça a alma clássica (e italianíssima) do 500e.

    Porém, a música só toca ao chegar aos 21 km/h pela primeira vez após ligar o veículo. Em caso de paradas e retomadas que cheguem a esta velocidade, a melodia não se repetirá. Para ouvir novamente, é preciso desligar e ligar o carro e, aí sim, acelerar para ouvir os acordes mais uma vez.

    Fiat 500e
    Toda a iluminação do 500e é em LED: a seta pista no círculo mais baixo, que é vazado (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    Veredicto

    Mesmo com tanta modernidade, o Fiat 500e mantém sua alma clássica e continua conquistando pela emoção. Isso sem contar os inúmeros detalhes do modelo e a divertida dirigibilidade. O conjunto da obra faz do 500e um dos elétricos mais legais do mercado brasileiro.

    Galeria de fotos

    Ficha Técnica – Fiat 500e

    Motor: elétrico, dianteiro, 118 cv, 22,4 kgfm
    Câmbio: automático, 1 marcha, tração dianteira
    Suspensão: indep., McPherson (diant.), eixo de torção (tras.)
    Freios: disco (diant.), tambor (tras.)
    Pneus: 195/55 R16
    Dimensões: comprimento, 363,1 cm; largura, 168,3 cm; altura, 152,7 cm; entre-eixos, 232,2 cm; porta-malas, 185 l; peso, 1.352 kg
    Autonomia: 320 km

    Fiat 500e
    (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    Teste de desempenho – Fiat 500e

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