Uma volta no Mercedes eActros, o caminhão elétrico com autonomia de carro
Caminhão elétrico da Mercedes tem até 40 toneladas de PBT e potência que supera os Actros mais potentes à venda no Brasil
Caminhões elétricos já são uma realidade na Europa e também no Brasil. Mas as aplicações são limitadas, quase sempre, a operações estritamente urbanas ou de médias distâncias, quando a limitação da autonomia das baterias não chegam a ser um problema.
Estas aplicações, porém, não necessariamente precisam estar limitadas a caminhões leves. O Mercedes eActros 300 é vendido na Europa desde 2021 e tem PBT de até 27 toneladas, mas que chegará a 40 toneladas em versão cavalinho 4×2 com 4m de entre-eixos que será lançada no segundo semestre de 2023.
Esta nova configuração foi apresentada neste ano no IAA Transportation, em Hannover (Alemanha), e soma a uma oferta de versões 6×2 com entre-eixos entre 4,60 e 5,50 m.
Todos, porém, contam com o mesmo eAxle, que é como a Mercedes chama o eixo de tração do seu caminhão elétrico. Ele combina dois motores elétricos que, juntos, entregam 440 cv em condições normais e 544 cv em situações de pico. Esse conjunto tem duas marchas, além da ré e a velocidade máxima é limitada a 89 km/h.
As baterias são alojadas entre as longarinas do chassi. Cada bateria tem 112 kWh de capacidade e o eActros 300 pode receber até três conjuntos, o que permite uma autonomia de até 330 km de acordo com a fabricante. Mas há outros dois cenários: o eActros 4×4 promete 220 km de autonomia quando com 40 toneladas.
Ainda existe uma versão de autonomia estendida, o eActros 400, com quatro conjuntos de bateria e até 400 km de autonomia.
Trazendo esses alcances para o Brasil, um eActros 300 6×2 seria capaz de cobrir uma viagem de ida e volta entre São Paulo e Piracicaba, por exemplo, com sobra de 30 km.
Mas é possível recarregar. O Mercedes eActros aceita carregadores rápidos de até 160 kW e é capaz de recuperar de 20 80% da carga em 1h15. Não é uma situação muito diferente daquela de carros elétricos, seja em termos de recarga ou de autonomia.
Uma experiência na boleia
Durante o IAA Transportation, tive a oportunidade de dar uma volta por Hannover de carona no eActros. Claro que a experiência é limitada, mas a mecânica elétrica, por si só, proporciona situações curiosas.
Sem o motor turbodiesel de 13 litros foi possível que nosso passeio começasse e terminasse dentro do stand da Daimler no evento sem o risco de contaminar o ar do ambiente ou de alguém reclamar do barulho do motor. A Mercedes também pôde ousar e traçar um roteiro passando por avenidas, vias expressas e também por bairros residenciais sem abalar a paz da vizinhança.
O silêncio e a falta de vibração na cabine é chocante. Contudo, não há um silêncio absoluto: hora ou outra o compressor de ar necessário para a operação dos freios e da suspensão pneumática entra em ação e, embora seu ruído não seja alto, é notável a todo tempo. O mesmo vale para o barulho dos freios.
Dentro da cabine, a grande semelhança com um Actros convencional, porém, é algo bem vindo. Isso é preservado a ponto de a alavanca direita, que comandaria o retarder, passar a controlar a intensidade da regeneração de energia.
Com tantas qualidadades e semelhanças frente a um caminhão convencional, o grande desafio é superar o preço, que pode ser até quatro vezes maior que o de um caminhão equivalente a diesel.