Golf elétrico? Como conceito VW ID.2all pode revolucionar a marca

O jeito é de Golf elétrico, mas o conceito Volkswagen ID.2all, que acaba de ser revelado, é um retrato de um novo futuro que acaba de ser traçado pela fabricante. Este é um carro muito importante por ser o primeiro elétrico do Grupo VW com preço anunciado para algo ao redor dos 25 000 euros (R$ 140.000) e também por iniciar uma nova linguagem de design para a Volkswagen.

A nova administração liderada por Oliver Blume (CEO do Grupo VW) e, posteriormente, Thomas Schafer (CEO da VW e marcas de volume do Grupo) assumiu o controle da empresa e várias decisões e políticas definidas pelos antecessores, liderados por Herbert Diess, foram alteradas ou mesmo revertidas. 

O diretor de design também foi substituído para gerar um melhor alinhamento de ideias com os novos altos executivos (o ex-chefe de design da Bentley, Andreas Mindt, foi chamado para ocupar o lugar de Jozef Kaban) e, embora a nova equipe só tenha tomado posse oficialmente no dia 1 de fevereiro, percebe-se que já estavam trabalhando há algum tempo no design externo e interno do Volkswagen ID.2all.

Kaban já tinha apresentado uma primeira visão embrionária do futuro ID.2 (o ID.Life, em setembro de 2021), mas as suas formas quadradas não geraram consenso dentro da empresa e o projeto foi congelado e, posteriormente, descartado. 

Schafer quer reavivar a ideia de que a VW é a “marca do povo” e também reforçar o seu apelo emocional: “Estamos transformando a empresa (…) com o objetivo claro de fazer da Volkswagen uma verdadeira “marca para amar”. O ID.2all mostra onde queremos levar a marca: perto do cliente, com tecnologias de ponta e um design fantástico. Vamos implementar essa transformação num ritmo acelerado para fazer chegar a mobilidade elétrica às massas”. 

Isso também explica a razão pela qual este concept-car se chama “para todos” (2all), um sufixo que certamente cairá quando se transformar no modelo de produção em série, provavelmente simplificado para ID.2.

O novo carro elétrico compacto – que estará à venda dentro de dois anos – é baseado na plataforma MEB, mas é o primeiro modelo de tração dianteira construído sobre esta arquitetura. A potência é de 226 cv e surge com a promessa de permitir até 450 km de autonomia com uma carga completa de bateria, cuja capacidade não foi ainda divulgada. 

A aceleração de 0 a 100 km/h pode ser feita em menos de 7 segundos e a recarga em postos de carregamento rápido (corrente direta, DC) a bateria passaria dos 10 aos 80% em 20 minutos. O carregamento doméstico e em postos públicos em corrente alternada (AC) pode ser feito até 11 kW, mas nenhum número foi fornecido em relação à capacidade da bateria e potência máxima de carregamento em DC.

Nova linguagem de design

O DNA da Volkswagen corre nas veias do novo líder do estilo na VW, já que seu o pai foi designer em Wolfsburg. Andreas Mindt ingressou na Volkswagen em 1996 e criou best-sellers como o primeiro Tiguan e a sétima geração do Golf. Em 2014, mudou-se para a Audi em Ingolstadt como diretor de design externo. O próximo passo surgiu em 2021, quando Mindt se tornou o chefe de estilo da Bentley, em Crewe (Reino Unido), mas sempre manteve laços estreitos com a marca-mãe e até hoje é orgulhoso proprietário de um Fusca. 

Suas palavras destacam a relevância dos ícones do passado na linha VW à medida que avançamos para um futuro diferente: “Estamos transferindo o DNA de nossos ícones para o futuro. O ID.2all é, portanto, também uma homenagem ao Fusca, ao Golf e ao Polo.” E a verdade é que as semelhanças com os traços gerais dos Golf mais recentes são mais do que evidentes e não acontecem por acaso.

Um elemento importante desta nova linguagem de design é a forma do pilar C, que se assemelha ao do primeiro Golf. Ele evoca a corda tensionada de um arco que aponta na direção da viagem e esta nova interpretação está destinada a tornar-se uma caraterística comum entre os carros compactos da Volkswagen. Outras caraterísticas marcantes do estilo do carro-conceito incluem uma carroçaria com uma forte presença, um rosto “amigável” e uma silhueta mais dinâmica em comparação com o conceito que Kaban apresentou há um ano e meio e que foi abandonado.

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O interior também mostra uma clara tentativa de melhorar a percepção de qualidade que tem sido criticada nos modelos ID e os executivos da VW destacam que foi feito um grande esforço para oferecer um sistema de infoentretenimento tão intuitivo quanto possível e com comandos de audio físicos e um bloco independente de comandos do ar condicionado.

Simples e intuitivo como objetivo

A tela tátil de 12,9 polegadas tem novos menus e logo abaixo tem menu independente para o ar-condicionado. A VW aprendeu com os erros nos ID anteriores e as principais funções da climatização são controladas por botões iluminados e entre eles está um pequeno botão giratório para regular o volume do sistema de infoentretenimento. 

Localizadas um nível abaixo estão duas bases de carregamento indutivo para smartphones. Outras funções do veículo são operadas por meio de um menu de controle no console central, que também pode ser usado para alterar a aparência da instrumentação digital. O novo volante multifuncional apresenta apenas dois comandos giratórios de cada lado, com dois botões cada.

O quadro de instrumentos, por sua vez, tem tela de 10,9” (o dobro dos atuais ID) e um head-up display que fornece o máximo de informação ao motorista. Os smartphones são alimentados por várias portas USB-C no habitáculo e por suportes magnéticos com função de carregamento indutivo nos encostos dos bancos dianteiros.

Espaço e compartimentos generosos

Os carros elétricos são conhecidos pelo seu generoso espaço interno e este ID.2 prova isso mais uma vez. O encosto rebatível do banco do passageiro dianteiro pode criar uma área de carga contínua de 2,20 m de comprimento em combinação com o rebatimento do encosto do banco traseiro, que pode baixar numa partição de 40:60.

O porta-malas de 440 litros (expansível até aos 1330 litros – ou seja, maior do que a do ID.3) inclui uma caixa de arrumação retangular sob o seu piso duplo e existe uma área de arrumação adicional de 50 litros sob o banco traseiro, especialmente concebido para colocar cabos de carregamento e itens como kit de primeiros socorros, coletes de visibilidade e kit de emergência. Além disso, há espaço suficiente neste compartimento com fechadura para dispositivos maiores, como laptops e tablets, que aí podem ser carregados.

O ID.2all será um dos 10 novos carros elétricos que a Volkswagen terá à venda até 2026. Após a chegada, este ano, do facelift do ID.3, do novo ID. Buzz estará também disponível em versão entre eixos mais longo e será lançado o sedã ID.7, substituto do Passat. Ainda está nos planos um SUV elétrico compacto, que estará no mercado em 2026.

Antes deste SUV, porém, a marca alemã quer oferecer um carro elétrico de entrada abaixo dos 20.000 euros (R$ 110.000), o ID.1. Se conseguir viabilizar isso, a fabricante alemã terá uma ampla gama de modelos elétricos, fundamental para que 80% da sua produção de automóveis para a Europa seja de elétricos, que é o objetivo antes do final da década.

Ficha técnica – Volkswagen ID.2all

• Plataforma: MEB, Tração Dianteira
• Potência:  226 cv (166 kW)
• Autonomia:  até 450 km (WLTP)
• Carregamento: 10 a 80% em 20 minutos
• Desempenho: 0-100 km/h 7 s; Velocidade máxima de 160km/h
• Dimensões: Comprimento. 4,05 m; Largura, 1.81 m; Altura, 1,53 m; Distância entre eixos, 2,60 m; Porta-malas, 490 a 1.330 l
• Rodas: 225/40 R20
• Preço: Abaixo de 20 000 euros