Charmoso, prático e divertido, ele poderia ser confundido com um brinquedo. Assim é o Smart Fortwo, que teve importação oficial no Brasil de 2009 a 2015, quando a marca desistiu de atuar no Brasil.
Se na Europa ele surgiu como um racional veículo urbano, aqui virou figurinha carimbada para quem abre mão da discrição em favor da personalidade: sua estrutura reforçada de aço forma uma célula de sobrevivência que transparece entre painéis de plástico colorido.
A robustez dessa estrutura é evidenciada pelas quatro estrelas no crash-test Euro NCAP, pelo menos nas regras da época. Há airbags frontais e laterais, ABS e ESP, que ajudam na condução de um carro curto, alto (1,54 metro) e estreito (1,56 metro). Por sinal, o que o Smart Fortwo tem de comprimento, os BYD Dolphin têm de entre-eixos: 2,70.
Equipamentos do Smart ForTwo
Oferecido no início só na versão Passion, o Smart ForTwo sempre tem ar-condicionado, direção elétrica, farol de neblina e som com MP3 nas opções Coupe (teto panorâmico plástico) e Cabriolet (capota de lona elétrica). O espaço é mais que suficiente para dois e o motorista dispõe de boa ergonomia, mesmo sem ajustes na direção.
O motor 1.0 turbo de três cilindros, sob o porta-malas de 220 litros, bebe pouco (13,3 km/l na cidade e 16,6 na estrada, no nosso teste de pista), mas seus 84 cv e 12,2 kgfm lhe conferem desempenho convincente, desde que se troquem as marchas manualmente, pois para o câmbio automatizado de cinco marchas o consumo sempre será a prioridade.
Apesar de estável, o pequeno Smart sofre na estrada com o deslocamento de ar de veículos pesados e com a buraqueira de nossas ruas, devido à suspensão muito dura – seu dono precisa se acostumar com pancadas e batidas secas, agravadas pelos pneus de perfil baixo 155/60 R15 na frente e 175/55 R15 atrás.
Em 2010 veio a série Brazilian Edition, com 300 carros amarelos cuja decoração era baseada na bandeira brasileira. Perdia o turbo (o motor ficou só com 71 cv e 9,4 kgfm), a direção elétrica, as borboletas no volante e o teto panorâmico. Porém adotava o start-stop, que desliga o motor abaixo de 8 km/h.
Para a linha 2013, o Smart ForTwo ganhou uma leve atualização visual. A logomarca da smart saiu do capô e foi para a grade, enquanto as tomadas de ar passam a exibir novo design e tela em formato hexagonal. A versão de entrada mhd tem grade superior emoldurada por um friso preto. As demais versões, têm luzes de leds.
Por dentro, o destaque é a central multimídia com tela de 6,5 polegadas sensível ao toque, com direito a GPS, leitores de CD, MP3 e DVD, entrada para SD card e conexão Bluetooth para telefone celular e streaming de áudio.
O alto custo da mão de obra e a falta de preparo da rede de três concessionárias incomoda, mas suas peças de reposição não são tão caras e quase sempre se encontram disponíveis.
Fuja da roubada
No nosso teste de Longa Duração, nem a rede autorizada Smart foi capaz de fornecer um serviço adequado. por isso, tome cuidado com os carros importados por independentes: é possível achá-los no mercado a preço de popular básico, mas a falta de um plano de revisões não permite obter um confiável histórico de manutenção.
Com menos de 10 cm de flanco nos pneus, as rodas do Smart sofrem com a buraqueira das ruas brasileiras. Cheque se os aros estão amassados ou empenados, pois cada um custa pelo menos 1500 reais na autorizada.
Problemas e defeitos do Smart ForTwo
Turbo – Vale pedir a um mecânico que verifique se não há vazamentos na linha de pressurização (causa queda no desempenho) ou se a turbina se encontra em bom estado, sem folga nos mancais. Fumaça branca em marcha lenta é indício de que algo não vai bem.
Carbonização – O plano de manutenção pede a troca de velas a cada 60 000 km, mas nosso teste de Longa Duração mostrou que esse intervalo prolongado acaba por impeder a queima ideal da mistura, provocando o acúmulo de carvão nas válvulas de admissão.
Embreagem – Como em todo automatizado, é bom verificar o estado de atuadores e solenoides. O kit completo de embreagem não sai por menos de 3 100 reais.
Capota elétrica – O Cabrio não costuma apresentar infiltração de água ou poeira, mas é sempre melhor verificar sua estanqueidade antes da compra. Abra e feche a capota para verificar se o motor e as articulações estão funcionando: qualquer defeito obriga a troca do teto inteiro.
NÓS DISSEMOS Maio de 2009
“O câmbio automatizado do Smart foi programado para vencer maratonas de economia de combustível. (…) Mas basta trocar as marchas por conta própria, no paddle-shift, para o Fortwo mudar da água para o vinho. (…) O acabamento interno aposta na beleza do design, em lugar de cromados ou superfícies macias. Mas algumas economias incomodam. como não há ajuste de altura para banco e cintos de segurança, pessoas mais baixas ficam com a tira roçando o pescoço. Falta tampa no porta-luvas, computador de bordo e rádio com sistema Bluetooth.”
Qual o preço do Smart ForTwo?
Modelo | 2009 | 2010 | 2011 | 2013 | 2014 | 2015 |
ForTwo 1.0 Turbo | – |
–
|
– | R$ 69.300 |
R$ 78.400
|
R$ 92.500
|
ForTwo Passion | R$ 53.500 |
R$ 57.200
|
R$ 61.400 | – | – | R$ 88.197 |
ForTwo Cabrio |
R$ 55.500
|
R$ 57.700
|
R$ 65.600
|
R$ 80.000 |
R$ 88.000
|
R$ 89.800
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ForTwo Cabrio Passion |
R$ 59.900
|
R$ 62.900
|
R$ 65.000
|
– | – | – |
ForTwo MHD |
–
|
R$ 50.000
|
R$ 54.000 | R$ 65.000 | R$ 66.000 | R$ 79.000 |
Pense também em um Fiat 500 usado
Menos radical que o Fortwo, o 500 se baseia na tradicional mecânica de motor transversal com tração dianteira e seu estilo apela para a onda retrô. A suspensão é mais adequada ao Brasil e ele sofre menos que o Smart na estrada. O acabamento merece destaque, com peças internas da mesma cor do carro, simulando partes metálicas. Bem equipado, impressiona pelos sete airbags e itens de segurança como ABS, EBD, ASR e ESP. Leva vantagem ainda na enorme rede autorizada Fiat, mas deixa a desejar em exclusividade: a última fornada dos Fiat 500 passou a vir do México a preço convidativo, o que aumentou sua presença nas ruas.
A VOZ DO DONO
“É um carro urbano por excelência: fácil de estacionar, cabe em qualquer vaga, tem desempenho adequado e é muito econômico. Na estrada anda junto de carros mais potentes e seu porta-malas basta para um casal, pois acomoda duas bolsas grandes. Tem a suspensão muito dura, mas é um carro robusto, tanto que pretendo trocar o meu por outro zero.”
Denis Silva, 23 anos, comerciante, Santo andré (SP)
O QUE EU ADORO
“Rápido nas arrancadas e ágil no trânsito urbano, ele tem suspensão bem firme, altíssimo nível de equipamentos e baixo consumo na cidade e na estrada.”
Fernando Noronha, 54 anos, técnico judiciário, porto alegre (RS)
O QUE EU ODEIO
“A depreciação é alta, há ruídos internos desde novo e a suspensão é muito seca em pisos ruins. Na estrada, balança quando passam os caminhões.”
Felipe Ramos Pereira Bruel, 28 anos, advogado, Brasília (DF)