Ford Ka (2ª geração): versões, preços, desvalorização e defeitos
Prático e barato de manter, a segunda geração do hatch é uma das opções mais baratas para quem não precisa de quatro portas
Agora que o Ka acabou de mudar, vale olhar para a geração anterior, uma escolha racional de um usado de duas portas para quem anda quase sempre sozinho e não se importa com a menor liquidez e valor de revenda. Encontrado a preços baixos, esse Ka é uma boa opção para o dono que usa pouco o banco traseiro. Renovado e com cinco lugares, ele estreou em 2008, na linha 2009.
Com 15 cm a mais que o anterior, ganhou porta-malas maior: de 106 a 205 litros (conforme o ajuste do banco) para 263, mas manteve a estabilidade: o novo subchassi dianteiro garantiu equilíbrio nas reações, sem macular o prazer da direção arisca. Bom de suspensão, o Ka tinha um motor 1.0 de 69/73 cv que proporcionava boa desenvoltura em cidade e estrada. O 1.6 não chega a ser esportivo, mas os 102/107 cv garantem diversão ao volante. O interior não é mal-acabado, mas incomoda a falta de isolamento acústico e de ajustes de altura de cinto, banco e volante. Barulhento e nada ergonômico, o conforto se sustenta em poucos itens, como travamento automático das portas, alarme com controle remoto e porta-malas com abertura elétrica.
Com versão única, seu valor de mercado depende dos opcionais: o pacote Fly trazia preparação para áudio, ar-quente, brake light e desembaçador/limpador traseiro e podia ser combinado com o Somma (ar-condicionado), o Neo (vidro elétrico), o Prestige (direção hidráulica). O Class reunia Somma, Prestige e Neo. Conta-giros e cintos traseiros retráteis, só no Pulse. A performance superior do motor 1.6 ficava restrita ao pacote Performer, com rodas de liga aro 14 e os itens de Classe e Pulse. Mudanças viriam só na linha 2012, com dianteira remodelada e novas lanternas e quadro de instrumentos. Surgia também o Ka Sport 1.6, com rodas de liga aro 15, pneus 195/55, spoiler, saias e aerofólio, com chamativas faixas em capô e laterais.
Além de acessível, o Ka também é fácil de manter: sua mecânica é velha conhecida das oficinas e as peças são baratas, sempre encontradas para pronta entrega nas autorizadas. O seguro também é baixo, mas alguns donos reclamam do alto consumo.
FIQUE DE OLHO
Se você não abre mão de segurança, cuidado: o Ka nunca ofereceu ABS nem como opcional. Muitos vendedores anunciam a presença desse item por um erro no material de divulgação interna da Ford. E o airbag só entrou para a lista de opcionais da versão 1.0 em 2010.
NÓS DISSEMOS
“O novo Ka começou a ser desenhado no Brasil em 2004, para ser vendido na América Latina. (…) Ele parece bem maior que o anterior, e é fato: está 15 cm mais comprido, tanto quanto o Fiesta Street. (…) Falta isolamento acústico nesse Ka. O barulho do motor é permanente e mesmo o rolar das rodas, em chão de cimento liso, chama atenção. Em nome do silêncio, a Ford trocou a cobertura de plástico do portamalas, mais barata, pela de fibra acarpetada. Ruído é um defeito do Ka. (…) A caixa de direção é do EcoSport. Motores 1.0 flex e 1.6 flex vêm do Fiesta. O câmbio é o do Fiesta, mas o sistema de acionamento é novo.
PREÇOS DOS USADOS (EM MÉDIA) 1.0 8V Flex
2010: 17 832
2011: 18.958
2012: 20 906
2013: 23 031
Sport 1.6
2012: 26 333
2013: 29 412
PREÇOS DAS PEÇAS Para-choque dianteiro
Original: 877
Paralelo: 850
Farol (cada um)
Original: 580
Paralelo: 530
Retrovisor (cada um)
Original: 366
Paralelo: 280
Disco de freio (par)
Original: 130
Paralelo: 110
Pastilhas de freio (jogo)
Original: 65
Paralelo: 56
PENSE TAMBÉM NUM… Chevrolet Celta
O Ka chegou a ser líder dos hatches de duas portas, mas sua fórmula foi copiada da GM: nascido para custar pouco, o Celta mantinha plataforma e peças do Corsa 1994, aliadas a um acabamento espartano e motores simples e econômicos. Barato e fácil de manter, o Celta de duas portas manteve-se firme e forte no mercado por 13 anos ininterruptos. Apesar da robustez, ele requer cuidados com o sistema do radiador (que podem apresentar vazamentos) e os ruídos metálicos no motor, provocados por falhas na construção dos pistões, problema amenizado pela GM nos últimos anos.
ONDE O BICHO PEGA
Eficiente e bem dimensionado para o clima brasileiro, ele pode apresentar problemas no compressor. O mais comum é causado por um defeito na válvula torre, que diminui sua capacidade. Já uma falha no selo “lip seal” pode comprometer o rolamento da polia por vazamento de fluido.
Sistema de arrefecimento
Cuidado com o vaso de expansão do radiador. Líquido turvo indica corrosão, que pode travar a válvula termostática e trincar o vaso, superaquecendo assim o motor. Para piorar, o painel não traz marcador de temperatura.
Cabeçote
Falta de torque e potência são indício de perda de compressão, provocada pelo mau assentamento das válvulas nas sedes. Óleo vazando pela junta quase sempre é resultado de cabeçote empenado por superaquecimento.
Recall 1
As primeiras 41 460 unidades foram convocadas para troca do tubo de freio, sujeito a fissuras por atrito com a braçadeira do radiador, causando falhas na frenagem.
Recall 2
Outros 166 460 carros feitos entre 2008 e 2010 foram chamados para reparo do chicote elétrico, cujo isolamento pode estar comprometido pelo atrito com alguns pontos da carroceria. Falhas no isolamento podem causar pane elétrica, curto-circuito e risco de incêndio.
A VOZ DO DONO
“Ideal para quem gosta de dirigir: pequeno, ágil e confortável para um modelo popular. Tem ótimo
desempenho na cidade e na estrada, mas seu consumo é proporcional à pisada do acelerador. O único problema do Ka é a bateria: às vezes não sustenta carga por mais de dois dias, problema não sanado pela rede autorizada.” – Juliana Esteves, 35 anos, relações públicas, São Bernardo do Campo (SP)
O QUE EU ADORO
“Muito estável, ele é ótimo para brincar nas curvas. Tem uma agilidade que ajuda a explorar seus 73 cv, o ar-condicionado gela muito bem e a manutenção é bem simples.” – Rafael Jejesam Bonamigo, 33 anos, projetista mecânico, Curitiba (PR)
O QUE EU ODEIO
“Ele poderia ser mais econômico, confortável e bem-acabado. A suspensão é dura e o interior apresenta ruídos internos e infiltração de água.” – Bruna Torres, 28 anos, jornalista, Brasília (DF)