Guia de Usados: VW Gol Geração 5
Líder de mercado há 27 anos, ele continua sendo um dos hatches mais disputados no mercado de usados
Procurando um hatch compacto e não sabe por onde começar sua escolha? Que tal experimentar o modelo preferido pelos brasileiros há 27 anos? A quinta geração do VW Gol justifica a fama conquistada pelos antecessores: continua sendo um verdadeiro cheque ao portador no mercado de usados. Baseada na plataforma PQ-24 (Polo e Fox), a G5 enfim adotou o motor na posição transversal: versão de entrada (1.0 de 72/76 cv ou 1.6 de 101/104 cv). Mas manteve o acabamento espartano: trazia só a regulagem de altura para o banco do motorista e os cintos, para-choques pintados, faróis monoparábola e roda de aro 13 com calota.
A versã Trend agregava faróis biparábola, roda aro 14 com calota, chave canivete, conta-giros, porta-
objetos e estofamento superior. A Power (só 1.6) adicionava direção hidráulica, roda aro 15 com calota, faróis de neblina, frisos laterais, detalhes cromados e kit visibilidade (limpador/desembaçador traseiro). O Gol passava a oferecer opcionais como airbags e ABS, mas a maior parte deles só foi equipada com ar, roda de liga, vidros e travas elétricas, computador de bordo I-System e rádio com Bluetooth. O acabamento era inédito: carroceria com vãos uniformes e interior com plásticos bem-encaixados.
Nesta geração, o Gol deu seus tropeços: cinco recalls nos três primeiros anos de fabricação, com
problemas como para-brisa trincado, servofreio inoperante, rolamento de roda com defeito e uma campanha para trocar o óleo e estender a garantia do motor. Problemas que acabaram sanados, mas que danificaram aquela aura de indestrutível do Gol.
De lá para cá, mudou pouco: câmbio automatizado I-Motion em 2009, série Seleção em 2010 (1.0,
direção hidráulica, farol de neblina e roda exclusiva), versão Rallye em 2011 (suspensão alta e visual aventureiro) e a opção por luz de emergência em frenagens bruscas e volante multifuncional em 2012. Tudo indica que ele não completará o 28º ano na ponta: o Palio já assumiu a liderança e o Onix tem ameaçado. Mas ele continuará firme entre os usados, graças à dirigibilidade agradável, manutenção barata e liquidez inquestionável. Basta anunciar que vende.
FIQUE DE OLHO
Muito cuidado com os primeiros Gol G5 com o motor 1.0 VHT, que apresentou problemas de lubrificação. Em casos extremos, o bloco foi substituído por outro com numeração diferente ainda em garantia, mas sem a retificação obrigatória no documento do carro junto ao aos órgãos competentes. Portanto, cheque sempre a numeração.
NÓS DISSEMOS
Julho de 2008
“O motor EA-111 1.0 é o mesmo do Geração 4 (agora na posição transversal), mas a versão 1.6 trocou o motor AP600 pelo EA-111 (mais evoluído) de Golf, Polo e Fox. (…) Os engenheiros da Volkswagen puseram coxins de motor feitos de alumínio. As vibrações do antigo Gol, que faziam lembrar um carro a diesel, ficam no passado. (…) O novo modelo resgata todos os valores que faziam o Gol dos anos 80 ser um carro gostoso de dirigir. (…) A suspensão é justinha sem ser dura, tão boa quanto a do Polo e talvez melhor que a do Fiesta. O novo câmbio é uma delícia, de engates certeiros e facílimos, uma homenagem ao Gol pioneiro.”
PREÇO DOS USADOS (EM MÉDIA)
Gol 1.0
2010: 21 400
2011: 22 818
2012: 23 975
2013: 26 202
Gol 1.6
2010: 24 496
2011: 26 967
2012: 27 801
2013: 31 800
Gol 1.6 Rallye
2011: 32 084
2012: 33 238
2013: 35 985
PREÇOS DAS PEÇAS
Para-choque dianteiro
Original: 695
Paralelo: 480
Farol (cada um)
Original: 580
Paralelo: 390
Pastilhas dianteira (par)
Original: 150
Paralelo: 110
Disco de freio (cada um)
Original: 182
Paralelo: 160
Lanterna traseira (cada uma)
Original: 287
Paralelo: 264
PENSE TAMBÉM NUM…
Hyundai HB20
O maior rival do Gol é o Fiat Palio, mas seu brilho foi ofuscado pela chegada do HB20 no fim de 2012: bonito e moderno, ele chacoalhou o mercado, disposto a aguardar até três meses de espera pelo coreano. Robusto e bem-construído, ele resistiu ao teste de Longa Duração, apresentando baixo custo de manutenção e bom atendimento da rede. Tem garantia de cinco anos e seu acabamento é de boa qualidade e a dirigibilidade da versão 1.6 16V guarda um trunfo sobre o Gol: uma autêntica transmissão automática convencional, que tem apenas quatro marchas, mas trabalha sem os trancos do I-Motion.
ONDE O BICHO PEGA
Transmissão I-Motion
Atenção especial ao estado de peças como disco de embreagem e atuadores hidráulicos do câmbio. Apesar dos trancos serem normais, o sistema deve funcionar bem, com trocas no tempo correto e sem falhas, pois o reparo pode ser caro.
Infiltração
Falhas no alinhamento e solda do monobloco provocaram infiltração de pó e água nas primeiras unidades produzidas. Fique atento ao cheiro de mofo, indício claro de umidade causada pela água que pode entrar até mesmo por trincas no para-brisa.
Ar-condicionado
Se não estiver gelando, verifique a mangueira do gás refrigerante perto do painel dianteiro, facilmente danificada em pequenas colisões. A troca da mangueira e a recarga do gás custam em torno de 300 reais.
Rolamentos
Ruídos estranhos e contínuos nas rodas traseiras em alta velocidade merecem atenção redobrada: o risco de travamento e queda de roda motivou um recall para substituição desses componentes.
I-System
Acione todos os dispositivos do computador de bordo em busca de falhas na visualização dos caracteres: a tela de cristal líquido é bem sensível ao calor, o que pode tornar sua leitura quase impossível.
A VOZ DO DONO
“O melhor do Gol é o motor: anda bem, é econômico e sua manutenção não pesa no bolso. Já o acabamento é muito simples, poderia ser bem melhor. Apesar do bom espaço interno, sua ergonomia é mais adequada a motoristas de estatura elevada: o banco é muito baixo e o volante, muito alto.” Aimée Mellero Masci, 22 anos, estudante, Santo André (SP)
O QUE EU ADORO
“É econômico, confiável e fácil de manter: mecânica simples com peças baratas e sempre disponíveis. Destaque para a visibilidade e a dirigibilidade: estou muito satisfeita.” Marluce Loes, 61 anos, aposentada, Uberaba (MG)
O QUE EU ODEIO
“O consumo é alto e a frente raspa em valeta ou saída de garagem. Mas o problema maior são as panes elétricas intermitentes: a rede autorizada é incapaz de saná-las.” André Saraiva, 39 anos, administrador de empresas, Caxias do Sul (RS)