Ford Fiesta 1.0 Ecoboost: o preço da modernidade
O badalado motor 1.0 EcoBoost, turbinado de três cilindros, finalmente chega ao Fiesta. Mas, por enquanto, será um privilégio para poucos
Especialistas em tecnologia usam uma clássica tese do sociólogo Everett Rodgers para explicar como uma novidade é absorvida pelo mercado. Segundo ela, os clientes se dividem em cinco grupos, sendo que os inovadores são os primeiros a experimentar um novo produto. Não importa o preço nem a funcionalidade da ideia: se eles aprovam, tem tudo para vingar.
A Ford diz que esse seleto grupo comprará o Fiesta EcoBoost: são pessoas ávidas por inovações que não ligam em pagar muito por uma novidade. Até porque barato ele não é: a Ford pede R$ 71.990 pela versão Titanium Plus, única versão disponível com essa motorização – e apenas para o hatch.
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Pelo menos quem levar o Fiesta para casa entenderá por que ele é o atual tetracampeão do prêmio International Engine of the Year. Importado da Romênia, o motor EcoBoost roda apenas com gasolina. A Ford diz que pode adaptá-lo à tecnologia flex se houver demanda de mercado.
Hoje ele é um dos mais modernos à venda no país, trazendo tecnologias como turbo, injeção direta de combustível, duplo comando de válvulas variável, coletor de escape integrado ao cabeçote (acelera o aquecimento do motor na fase inicial) e correia banhada em óleo (tecnologia patenteada pela Ford que reduz atrito e consumo de combustível). O cabeçote é de alumínio, apesar de o bloco ser de ferro fundido, ambos comuns ao Ka.
Além do funcionamento bem mais suave que o Sigma 1.6, que permanecerá em linha, o conjunto é silencioso nas acelerações e quase não vibra, mesmo em ponto-morto, ao contrário da grande maioria dos motores tricilíndricos. Mas o ronco continua característico de um três cilindros, com a discreta compania do sibilo do turbocompressor.
Diferentemente de outros motores Ford, o pequeno 1.0 Ecoboost se entende bem com a transmissão automatizada de dupla embreagem PowerShift. A despeito da insistência em patinar as embreagens em algumas trocas, como se quisesse simular o conversor de torque das transmissões automáticas convencionais, ela faz mudanças nas rotações adequadas, evitando elevar o giro em excesso.
Assim dá para dispensar o uso do modo sequencial, um alívio diante do péssimo modo de trocas de marcha adotado pela marca, realizadas por botões na lateral da alavanca.
Mas complicado mesmo é lidar com os plásticos duros e encaixes imprecisos do painel, e também com o sistema multimídia SYNC, que integra um painel de controle repleto de teclas e uma pequena tela monocromática que remete aos anos 90: pelo preço desta versão, uma central multimídia de verdade seria de bom grado.
Comparando as duas motorizações, o 1.0 turbo leva a melhor sobre o 1.6 Sigma tanto na aceleração de 0 a 100 km/h (9,5 contra 10,5 s, fazendo dele o novo líder do nosso ranking entre os compactos) quanto nas provas de retomada, superando o 1.6 em quase 2 s na retomada de 80 a 120 km/h. No consumo, nova vitória para o estreante: 12,5 km/l na cidade e 16,1 km/l na estrada, contra 11,3 km/l e 14,2 km/l do Fiesta 1.6, respectivamente.
Mais dos que os números, o motor 1.0 EcoBoost maximiza as ótimas qualidades de condução já presentes no Fiesta, como a direção direta e precisa e o excelente comportamento em curvas. A performance fica bem próxima à dos esportivos vendidos no Brasil (no 0 a 100 km/h, ele bate Suzuki Swift Sport e Fiat 500 Abarth), com fôlego de sobra em qualquer situação e até um certo nervosismo em trechos urbanos.
De resto tudo fica como está. Ou quase: a antiga versão de entrada S foi substituída pela SE (R$ 51.990) e a nova versão intermediária SEL estreia por R$ 58.790 com câmbio manual e R$ 64.990 com a caixa PowerShift. A Titanium Plus será vendida nas duas motorizações, 1.6 Sigma (R$ 70.690) e 1.0 EcoBoost. Assim, o motor Sigma 1.5 vira exclusividade dos frotistas – agora, o cliente comum poderá encontrá-lo apenas na linha Ka.
Por R$ 71.990, o Titanum EcoBoost não possui concorrentes diretos no mercado. Considerando os outros hatches compactos premium, ele seria intermediário entre o Peugeot 208 Griffe (R$ 66.190) e o 208 GT (R$ 80.590). No caso do 208 GT com motor 1.6 THP, as propostas são até parecidas – hatches com visual discreto, ótimo desempenho e baixo consumo – mas o Peugeot justifica o preço maior: tem vocação realmente esportiva, anda mais e é bem mais requintado por dentro.
Aceleração de 0 a 100 km/h: | 9,5 s |
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Aceleração de 0 a 1000 m: | 31 s – 170 km/h |
Velocidade máxima: | n/d |
Retomada de 40 a 80 km/h: | 3,9 s |
Retomada de 60 a 100 km/h: | 4,8 s |
Retomada de 80 a 120 km/h: | 6,5 s |
Frenagens 60/80/120 km/h – 0 m: | 17/27,8/65,8 m |
Consumo urbano: | 12,5 km/l |
Consumo rodoviário: | 16,1 km/l |
Motor: | gasolina, dianteiro, transversal, 3 cil., inj. direta, turbo, 999 cm³, 12V, 125 cv a 6.000 rpm, 17,3 mkgf de 1.400 a 4.000 rpm |
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Câmbio: | automatizado de dupla embreagem, seis marchas, tração dianteira |
Suspensão: | McPherson (diant.)/ eixo de torção (tras.) |
Freios: | a disco (diant.)/ tambor (tras.) |
Direção: | elétrica, 10,5 m (diam. giro) |
Rodas e pneus: | liga leve, 195/50 R16 |
Dimensões: | comprimento, 396,9 cm; altura, 146,4 cm; largura. 172,2 cm; entre-eixos, 248,9 cm; peso, 1.178 kg; tanque, 52 l |
Equipamentos de série: | 7 airbags, ar digital, assistente de partida em rampas, botão de partida, controles de estabilidade e tração, piloto automático |
Preço: | R$ 71.990 |