Ford Mustang GT: o puro-sangue que ainda sonhamos em ver no Brasil
Sexta geração do esportivo abre mão de tradições americanas para agradar o mundo
Alguns carros deixaram de ser meros veículos – foram alçados à verdadeiros mitos sobre rodas. O Ford Mustang é deles. Há mais de meio século o pony car desfila sua beleza pelo mundo, conquistando uma legião de fãs pelos quatro cantos do planeta. Com a sexta geração não é diferente: apresentada em 2013, o Mustang virou um modelo efetivamente global, sendo vendido em vários mercados. Na América Latina, Argentina e Chile devem recebê-lo em breve. Mas as notícias não são boas para o Brasil: a Ford ensaiou várias vezes a importação oficial para cá, mas até agora nada. Uma pena, já que a probabilidade de o Mustang fazer sucesso aqui é grande.
Foi o que concluímos após dirigir o Mustang GT pelas ruas e estradas da ensolarada Flórida, no sul dos Estados Unidos. Há quem diga que ele perdeu um pouco de sua personalidade nesta geração por ter ficado excessivamente parecido com outros modelos da Ford – a ponto de ser chamado de “Fusion cupê” pelos críticos. Porém, qualquer dúvida sobre isso desaparece no primeiro contato. Ele é, sim, um verdadeiro Mustang. Isso fica claro tanto nos pequenos detalhes, como no cavalo galopante no centro da grade e as lanternas com três luzes que piscam sequencialmente ao ligar a seta, quanto no vigoroso desempenho do motor V8 5.0. Debaixo do longo capô estão 441 cv prontos para acelerar de 0 a 100 km/h em aproximadamente 4,5 segundos, segundo dados de fábrica. Observo o velocímetro decorado com a frase “Ground Speed” (“velocidade de solo”, uma referência aos antigos caças P-51 Mustang utilizados na Segunda Guerra Mundial) e vejo o ponteiro subindo rapidamente. Assim que piso no acelerador, sou presenteado pelo inconfundível som de um motor oito cilindros em “V” invadindo a cabine sem cerimônia.
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A unidade avaliada estava equipada com o GT Performance Package, constituído por barra anti-torção dianteira, radiador maior, chassis com ajuste esportivo, barra estabilizadora traseira maior, molas esportivas, pinças de freio Brembo com seis pistões, rodas de liga leve exclusivas de 19 polegadas, eixo traseiro Torsen e mostradores de pressão de óleo e vacuômetro instalados no console central. Além deste pacote (vendido por US$ 2.495), o veículo tinha um kit formado por piloto automático adaptativo e sensor de chuva (US$ 1.195), confortáveis bancos esportivos Recaro (US$ 1.595) e GPS. Com todos estes itens, o preço do Mustang sobe de US$ 36.395 para US$ 43.880. O recurso mais interessante, no entanto, vem de fábrica: trata-se do Electronic Line Lock, uma função que trava os freios dianteiros enquanto permite que as rodas traseiras girem livremente à medida que o motorista pisa no acelerador. A Ford diz que este item serve para aquecer os pneus antes do uso em pista. Mas nós preferimos chamá-lo de “fazedor de burnout” (em lugares fechados e seguros, como um autódromo, que fique bem claro).
Ao contrário de outros modelos (leia-se Chevrolet Camaro), o Mustang não parece seguir a conhecida fórmula de esportivo norte-americano, nascido para acelerar sem pudor nas retas e inclinar excessivamente nas curvas por conta da suspensão mole. Nesta geração, a estabilidade é um dos pontos fortes, graças à suspensão calibrada com um compromisso entre conforto e esportividade nas proporções adequadas – mesmo quando equipado com molas mais duras e suspensão com calibragem esportiva, como no exemplar avaliado. Tanto a transmissão manual de engates curtos e precisos quanto a embreagem pesada foram projetadas pensando no prazer ao dirigir e desempenho, podendo suportar até preparações radicais comuns entre os entusiastas de velocidade nos EUA. Embora se comporte como um puro-sangue quando exigido, o Mustang é bastante dócil em baixas velocidades. O motorista não se sente incomodado quando precisa encarar o famoso anda-e-para dos congestionamentos. A suspensão também filtra bem as irregularidades do piso, tão raras nos Estados Unidos, mas presentes a cada esquina do Brasil.
Apesar da boa aceitação do Camaro, a Ford ainda não se decidiu quando (e se) começará a trazer o Mustang para cá. Rumores indicam que o carro chegaria em 2017, já como modelo 2018 e com o facelift de meia vida aplicado na maioria dos veículos após alguns anos de mercado. Enquanto não temos novidades, quem gostaria de ter um Mustang na garagem precisa recorrer às importadoras independentes, que cobram em torno de R$ 200.000 pelo pony car.
Motor | gasolina, diant., longitud., 4951 cm3, 441 cv a 6.500 rpm, 55,3 mkgf a 4.250 rpm |
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Câmbio | manual, 6 marchas |
Suspensão | independente, McPherson (diant.), independente, multi-link (tras.) |
Freios | discos ventilados nas quatro rodas (Performance Pack) |
Pneus | 225/40 R19 (diant.) / 275/40 R19 (tras.) |
Peso | 1.680 kg |
Dimensões | comprimento, 478,2 cm; altura, 138,1 cm; largura 191,5 cm; entre-eixos, 272 cm |
Porta-malas | 408 litros |
Tanque | 60 litros |
Equipamentos de série | ar digital bizona, central multimídia SYNC 3, seletor de modos de condução, 9 airbags, câmera de ré, monitoramento de pressão dos pneus |
Preço | US$ 36.395 |