Jaguar XE R-Sport: o quarto elemento
Belo, bem-equipado e divertido de guiar, o sedã chega para bater de frente com o trio alemão
Até pouco tempo atrás era fácil bancar o entendido em vinhos. Bastava procurar um bom tinto francês no supermercado e pronto. No segmento dos sedãs premium, a história era parecida. Por décadas os modelos alemães foram – e continuam sendo – referência de luxo e status.
De uns tempos para cá, porém, a fila andou. Assim como rótulos de outras nacionalidades ganharam lugar de destaque na prateleira das enotecas, a Alemanha deixou de ser unanimidade em sedã premium. O Jaguar XE que o diga.
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Não é a primeira vez que a marca inglesa peita Audi, BMW e Mercedes. De 2001 a 2009, a marca vendeu o X-Type, uma fracassada tentativa de ganhar mercado aproveitando plataforma (e outros componentes) do Ford Mondeo – um ultraje para uma marca acostumada à exclusividade. Mas a Jaguar aprendeu a lição.
O XE inaugura uma plataforma que acaba de ser aproveitada no utilitário-esportivo F-Pace e também servirá ao novo XF. É um produto inédito em vários sentidos, inclusive pela construção refinada: cerca de 75% de sua arquitetura é de alumínio, algo inédito na categoria.
Assim como um admirador de vinhos cumpre um ritual antes da degustação, gastei alguns minutos admirando o XE antes de guiá-lo. E poderia ficar várias horas fazendo aquilo. Seus traços lembram o XF, inclusive com peças em comum (como as entradas de ar nos para-lamas), enquanto a silhueta remete ao F-Type.
O interior lembra o de um BMW, com posição de dirigir baixa (e esportiva), acabamento primoroso e volante com ótima empunhadura. Mas o desenho da cabine não precisava ser tão sóbrio assim.
O XE estreia com a missão de fazer a Jaguar ser uma marca consumida em vez de apenas cobiçada. “Queremos derrubar a imagem de marca inacessível e mostrar que é possível, sim, ter um Jaguar”, diz Vinicius Frata, gerente de produto da empresa.
O sedã será vendido nas versões Pure, R-Sport e S, todas com tração traseira e câmbio de oito marchas. São dois motores: 2.0 turbo (240 cv) e 3.0 V6 (340 cv). As opções 2.0 focam no conforto, com suspensão macia como no Classe C. Já na S V6 a história é diferente. Qualquer acelerada é seguida do ronco ardido típico do F-Type – nada mais lógico, já que ambos têm o mesmo motor.
Para nosso teste, chamamos a versão 2.0, que foi de 0 a 100 km/h em 7,2 segundos – os rivais variaram de 7,1 (320i) a 9,1 (C 180). Mas decepcionou no consumo: 9,8 e 12,8 km/l em ciclo urbano e rodoviário, contra 10,5 e 15,4 do BMW.
Os ingleses preparam uma estratégia agressiva para conquistar novos clientes. A rede autorizada crescerá das atuais 32 revendas para 42 até o fim de 2016 e o XE terá custos de manutenção competitivos.
Só os preços podem atrapalhar os planos: o Pure sai por R$ 177.160, mais que A4 Ambiente (R$ 150.190), C 200 Avantgarde (R$ 175.900) e 320i Sport GP (R$ 1174.950), embora seja mais potente que todos os concorrentes. Já a V6 custa R$ 310.250. Mesmo assim, a marca quer vender 600 carros nos próximos 12 meses, sendo de 70% a 80% da R-Sport e 5% da S. Fosse um bom vinho, eu diria que apesar de caro, o XE pertence a uma safra exclusiva, harmonizando perfeitamente com sofisticação e deixando um retrogosto de F-Type na boca. Nada mal.
MOTOR E CÂMBIO
Desempenho de sobra e trocas de marcha rápidas alegram o motorista.
DIRIGIBILIDADE
Estável em situações críticas, o XE é confortável como poucos.
SEGURANÇA
Controles de estabilidade e de tração são de série em todas as versões.
SEU BOLSO
Se os preços são altos, a Jaguar promete seguro abaixo de R$ 4.000, revisões baratas e recompra garantida.
CONTEÚDO
Mais generoso do que os alemães, todo XE tem ar digital bizona, faróis de xenônio e quatro modos de condução.
VIDA A BORDO
Acabamento esmerado e espaço de sobra para quatro pessoas.
QUALIDADE
Além de ser bem construído, o XE é o único sedã da categoria feito de alumínio.
VEREDICTO QUATRO RODAS
Bonito como poucos modelos à venda no país, o XE entrega desempenho de esportivo sem deixar o conforto de lado, surgindo como uma alternativa interessante (e empolgante) aos alemães.
Motor | gasolina, dianteiro, longitudinal, 4 cilindros, 16V, injeção direta |
---|---|
Cilindrada | 1 999 cm3 |
Potência | 240 cv a 5 500 rpm |
Torque | 34,7 mkgf de 1 750 a 4 000 rpm |
Câmbio | automático, 8 marchas, tração traseira |
Dimensões | comprimento, 467,2 cm; largura, 185 cm; altura, 141,6 cm; entre-eixos, 283,5 cm |
Peso | 1 530 kg |
Peso/Potência | 6,3 kg/cv |
Peso/Torque | 44 kg/mkgf |
Porta-malas | 450 litros |
Tanque | 63 litros |
Suspensão dianteira | duplo “A” |
Suspensão traseira | multilink |
Freios | discos ventilados nas quatro rodas |
Direção | elétrica |
Pneus | 225/40 R19 (diant.) / 255/35 R19 (tras.) |
Equipamentos | assistente de partida em rampas, start-stop, controles de estabilidade e de tração, sensores de estacionamento diant. e tras., rodas de liga leve aro 18, som Meridian de 380 W, câmera de ré |
Consumo urbano | 9,8 km/l |
Consumo rodoviário | 12,8 km/l |
0 a 100 km/h | 7,2 s |
0 a 1000 m | 27,6 s |
Retomada 40 a 80 km/h | 3,3 s |
Retomada 60 a 100 km/h | 3,8 s |
Retomada 80 a 120 km/h | 4,6 s |
Velocidade máxima | 250 km/h |
Frenagem | 15,9 (60 a 0 km/h) /26 (80 a 0 km/h) /61,8 m (120 a 0 km/h) |