Usados: aprenda a desarmar a bomba-relógio
Aprenda o que deve ser checado e trocado depois de comprar um carro usado para que o problema não estoure depois na sua mão
Antes da comprar o carro usado, você tomou todos os cuidados para ter certeza de que lataria e mecânica estavam em ordem. Agora, com o veículo já na sua garagem, é hora de levá-lo ao mecânico para fazer a revisão mais aprofundada.
E se ele estiver fora da garantia, o cuidado deve ser redobrado, pois nunca se sabe com certeza como foi feita sua manutenção.
A seguir, Silvio Ricardo Candido, diretor do Sindirepa-SP (sindicato de oficinas independentes), e Francisco Satkunas, diretor da SAE Brasil (Sociedade de Engenheiros da Mobilidade), explicam tudo o que deve ser verificado na convivência com sua nova compra.
Óleo do motor
Se você conhecia o antigo dono, ou tinha boas referências dele, talvez nem precise trocar o lubrificante. Especialmente se o veículo ainda for novo. Mas esse é o tipo de cuidado que sempre vale a pena ter.
Substituir o óleo o ajuda a manter o controle: você terá certeza de que o motor está usando o lubrificante recomendado pelo fabricante e que o intervalo de troca está correto.
Filtros
Estejam eles novos ou não, a substituição de todos os elementos filtrantes (ar, óleo, antipólen e de combustível) lhe dará a certeza de que o automóvel está respirando e funcionando tão bem quanto poderia. É um cuidado eficaz e bem barato.
Correias
“Com uma volta, o mecânico já consegue ver se as correias têm qualquer tipo de rachadura. Muita gente, por prevenção, troca as correias, especialmente a dentada, só para ter certeza de que está tudo bem com o carro”, diz Satkunas.
Se a correia dentada quebrar, o prejuízo pode ser tão grande que talvez só uma retífica resolva. Nos casos mais graves, é necessária até a troca do motor.
Sistema de arrefecimento
Quando encostar seu usado na oficina, peça para o mecânico verificar se está tudo bem com radiador, mangueiras e líquido de arrefecimento.
Como esses componentes também envolvem o bom funcionamento do motor, qualquer falha pode levá-lo a ferver ou mesmo a fundir.
Óleo do câmbio
Nas transmissões manuais, é bom ter certeza de que as engrenagens estão devidamente lubrificadas e protegidas. A maioria das caixas automáticas não tem mais um modo para se verificar o nível do óleo, mas vale a pena pedir para conferir.
“Caso o fluido esteja baixo, o câmbio inteiro pode ser inutilizado”, explica Candido, que também alerta para as transmissões automatizadas. “Qualquer problema nelas, especialmente nos mecanismos de atuação, pode dar uma conta de mais de R$ 2.000.”
Airbags
Num usado, há o risco de o airbag já ter sido acionado e, na hora do conserto, não ter sido reposto para economizar a reposição de um equipamento tão caro.
Peça para seu mecânico ver se os airbags estão onde deveriam e se as luzes de verificação no painel não foram adulteradas. Não são raros os casos em que a luz de avaria é desligada para esconder o defeito.
Catalisador
É o mesmo caso dos airbags. Como é um item caro ao qual quase ninguém presta muita atenção, ele pode ser sido retirado, restando apenas sua carcaça no escapamento.
Pode ainda estar avariado ou fora da sua vida útil, que costuma variar de 80.000 km a 120.000 km.
Parte elétrica
Você tem ideia de quanto custa um chicote? Ou uma central eletrônica? Pode passar dos R$ 5.000 facilmente. Até os relês de alguns importados podem custar os olhos da cara.
Para evitar surpresas, peça uma verificação detalhada dos sistemas elétricos, especialmente se o veículo tiver itens não originais instalados, como alarmes ou sistema de som. Existe o risco de sobrecarga ou de curtos-circuitos nessa situação.
Amortecedores
Às vezes podem ser relativamente baratos, em outras, quase proibitivos. Não importa o custo: os amortecedores são peças fundamentais para sua segurança. Se um deles estiver danificado, tende a prejudicar o outro no mesmo eixo com o tempo.
Freios
Pastilhas com desgaste irregular podem ser sinais de problemas mais graves com o carro. Fluido vencido pode esquentar, formar bolhas e fazer os freios falharem nos piores momentos possíveis. Discos empenados ou riscados também podem “comer” pastilhas novas.
Melhor prevenir…
A lista de itens que fizemos para avaliar o estado básico do usado é uma prevenção para uma compra que você já fez. No entanto, o ideal é sempre fazer uma vistoria completa no automóvel antes de fechar negócio.
A maioria das oficinas oferece um check-up por valores relativamente baixos, cerca de R$ 150. Peça ao vendedor que o acompanhe a um mecânico de sua confiança e avalie o usado.
Com isso, você já saberá de antemão em que precisará gastar e até mesmo se a compra vale ou não a pena.