Guia de Usados: Ford Fusion (1ª geração)
Com boa oferta de equipamentos, espaço, desempenho e status, um modelo 2006 pode sair por R$ 26.000
Em 2006, a Ford causou enorme impacto no segmento dos sedãs grandes no Brasil. O Fusion chegou oferecendo dimensões internas (como os 530 litros do porta-malas) e externas mais generosas, mais luxo e tecnologia em relação à concorrência – tudo isso com preços extremamente convidativos.
Agora no mercado de usados, a primeira geração do sedã continua sendo uma ótima opção para quem busca todas as credenciais acima, aliadas a um status que, mesmo após mais de uma década de vida, continua maior que o dos sedãs médios do mercado.
Vendido em versão única na época de seu lançamento, a SEL, o Fusion vinha de série com ar-condicionado automático, freios ABS, airbags frontais (de duplo estágio), laterais e de cortina, bancos de couro com regulagens elétricas para o motorista, piloto automático, volante multifuncional, computador de bordo e sistema de som com MP3 e capacidade para seis CDs.
Apenas o teto solar era opcional. Um ano depois ganhou sensores de estacionamento, teclas numéricas para abertura/fechamento das portas e monitoramento da pressão dos pneus. A motorização também poderia ser apenas uma: 2.3 de quatro cilindros com 162 cv e 20,7 mkgf, sempre acompanhada do câmbio automático de cinco marchas.
A típica aparência americana da primeira geração do sedã conquistou o público, com suas linhas horizontais e seus volumes bem definidos, além da grande quantidade de cromados – especialmente na característica grade. As rodas diamantadas completavam o visual.
Em 2009, o Fusion passou por sua primeira mudança no Brasil – uma reestilização de meia vida antes da chegada de uma geração totalmente nova, que só viria em 2013. O facelift deu ares mais esportivos ao classudo sedã, com faróis mais afilados, integrados à grade e dotados de projetores, para-choque com aberturas maiores e lanternas com formato irregular e trama de colmeia.
O interior também ficou mais moderno: ganhou apliques em aço escovado, iluminação azul e quadro de instrumentos com novo grafismo de feito tridimensional.
Na segunda safra, o modelo passou a ser vendido em duas configurações distintas. Ambas ofereciam controles de estabilidade e tração, ar-condicionado de duas zonas, piloto automático, faróis automáticos, retrovisores aquecidos. A mais cara tinha como extra o sistema multimídia SYNC. E o teto solar era opcional.
O grande destaque da reestilização, que diferenciava as duas versões, estava debaixo do capô. O Fusion abandonou o motor 2.3 em favor de dois novos propulsores: um 2.5 de quatro cilindros, 173 cv e 23,7 mkgf e um moderno V6 3.0 de 243 cv e 30,8 mkgf, com bloco, cabeçote e cárter de alumínio.
Enquanto o câmbio – automático de seis marchas – tinha a mesma configuração para os dois motores, o V6 tinha tração integral.
Espaçoso e confortável, ele é um ótimo companheiro de viagens, com um rodar classudo e sólido, mas sem ser duro, e bom desempenho com qualquer motorização.
Em 2010, o Fusion 2.5 de quatro cilindros precisou de 10,4 segundos para atingir os 100 km/h, com bons números de consumo (9,1 km/l na cidade e 14,3 km/l na estrada). Já o V6 3.0 com tração integral foi de 0 a 100 km/h em 8,9 segundos, mas bebeu bem mais: 7,4 km;l na cidade e 11,1 km/l na estrada.
Onde o bicho pega
Consumo – Tanto espaço, conforto e potência cobram um preço alto: apesar do tanque ultrapassar os 60 litros de capacidade, as paradas nos postos de combustível são comuns.
Tamanho – Os quase 5 metros de comprimento do Fusion podem fazer você sofrer no trânsito ou em vagas mais apertadas. Para piorar, o esterço das rodas é reduzido – problema que foi resolvido em 2010, já com a nova cara.
Câmbio – São muitos os relatos de problemas no câmbio, com trancos, vazamento e, em casos extremos, até a quebra da transmissão, especialmente na versão V6 – a de quatro cilindros tem menos queixas. Por isso, em 2010, a Ford emitiu um boletim técnico para a resolução do problema, com o reparo do módulo de controle do câmbio ou a substituição de todo o conjunto.
Conservação – Bom por um lado, o baixo valor de mercado dos Fusion usados também pode ser ruim. O carro pode cair nas mãos de proprietários menos zelosos e despreparados para os altos custos de manutenção.
Teto solar – Alguns donos reclamam da baixa durabilidade da borracha de vedação do teto solar, que com o tempo apresenta trincas. Na dúvida, leve-o para teste em um lava-rápido.
Freios – Nas unidades mais antigas, são comuns relatos de ruídos e trepidações, tema de reportagem na seção Autodefesa na edição de outubro de 2008. Segundo a Ford, o defeito estaria no pino e molas de fixação do cavalete e nas pinças, que precisariam ser trocadas.
A voz do dono
- Nome: Marcelo Queiroz
- Idade: 45 anos
- Profissão: advogado
- Cidade: Campinas (SP)
“O Ford Fusion de primeira geração é um carro que tem como virtudes o espaço, conforto e o motor potente, independentemente de versão ou ano. O design, apesar de já estar ficando meio datado, ainda é imponente e agrada. O ponto negativo é a manutenção muito cara, o consumo e o fato de não esterçar muito – fazer baliza ou manobrar em lugares apertados com ele dá trabalho.”
Preço médio de usados (FIPE)
Modelo | 2006 | 2007 | 2008 | 2009 | 2010 | 2011 | 2012 |
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SEL 2.3 | R$ 26.366 | R$ 28.495 | R$ 29.362 | R$ 30.952 | – | – | – |
SEL 2.5 | – | – | – | – | R$ 39.457 | R$ 42.329 | R$ 45.726 |
SEL V6 3.0 | – | – | – | – | R$ 40.114 | R$ 44.637 | R$ 49.239 |
NÓS DISSEMOS…
Maio de 2006 – “O Vectra 2.4 não está mais à vontade na base do mercado de sedãs médio-grandes. O Fusion tem mais espaço, qualidade de acabamento, mecânica mais refinada e nível de equipamentos equivalente. E está 5% mais barato. Contra o Fusion, a incerteza: sobre seu sucesso no mercado (o Vectra já tem) e sobre a cotação do dólar.”
Maio de 2009 – “Os 243 cv do 3.0 V6 avançam para as quatro rodas monitorados por sistemas de tração e estabilidade, garantindo comportamento de esportivo ao sedã. E é sob uma tocada nervosa que o câmbio automático de seis marchas se destaca. Com trocas rápidas, é possível notar que a nova transmissão tem um ‘algo mais’ em sua construção (…) Ao trocar o jeitão executivo da geração anterior por um estilo esportivo de corpo e alma, o Fusion virou uma página de sua vida. O problema é que em sua jornada até então, o sedã da Ford andou encarando gente grande no mercado.”