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Guia de Usados: Renault Mégane Grand Tour

A perua média agrada quem quer espaço, segurança, equipamentos e estilo sem gastar muito dinheiro na compra

Por Guilherme Fontana e Felipe Bitu
Atualizado em 13 fev 2023, 15h42 - Publicado em 13 set 2016, 16h08
Renault Mégane Grand Tour Dynamique 1.6 16V
Design de linhas retas passou pela prova do tempo (Acervo/Quatro Rodas)

Um dos últimos marcos de uma categoria (a das peruas) cada vez mais esquecida pelo mercado, a segunda geração do Renault Megane desembarcou no Brasil em 2006 — o sedã chegou primeiro, em março, seguido da perua, que veio em novembro.

Logo na chegada, a perua Grand Tour garantiu o primeiro lugar no comparativo feito por QUATRO RODAS, contra Toyota Fielder e Peugeot 307 SW graças às boas credenciais de espaço (incluindo um porta-malas de 520 litros), visual, tecnologia embarcada e custo-benefício.

O Megane para a família chegou, inicialmente, nas versões Expression e Dynamique. A primeira era equipada exclusivamente com motor 1.6 flex de 115/110 cv e 16/15,2 mkgf com etanol/gasolina, enquanto a segunda poderia ter, além do mesmo 1.6, um 2.0 16V a gasolina de 138 cv e 19,2 mkgf.

A motorização 1.6 vinha sempre acompanhada de câmbio manual de cinco marchas, enquanto a 2.0 tinha as opções de transmissão manual de seis marchas ou automática de quatro.

Além do motor 2.0, a versão Dynamique trazia ar-condicionado, computador de bordo, freios a disco nas quatro rodas (com ABS e EBD) e airbag duplo.

Renault Mégane Grand Tour Dynamique 1.6 16V
Interior da versão Dynamique 1.6 é simples, mas com superfícies emborrachadas (Acervo/Quatro Rodas)
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Dois anos depois, em 2008, surgia a versão top de linha Privilège, sempre com motor 2.0 e câmbio automático, equipada com sensores de chuva, farol e ré, retrovisores retráteis, ar digital e som com MP3 e disqueteira. Muito segura, a Grand Tour obteve na época a pontuação máxima de cinco estrelas nos testes de impacto EuroNCAP.

Mas nem tudo eram flores: o padrão de qualidade deixava a desejar quando comparado às rivais, e as primeiras unidades sofreram com uma série de problemas, como para-brisa trincado e panes elétricas.

O pós-venda também maculou sua imagem, com reclamações de peças caras e dificuldade de fazer reparos que resolvessem seus problemas.

Renault Mégane Grand Tour Dynamique 1.6 16V
Padrão de acabamento é melhor que o da Toyota Fielder (Acervo/Quatro Rodas)
Renault Mégane Grand Tour Dynamique 1.6 16V
Amplo espaço no banco de trás, com apoios de cabeça e cintos de três pontos para todos (Acervo/Quatro Rodas)
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Em 2009, a série Extreme dava aparência mais esportiva à perua, com para-choques agressivos e carroceria disponível apenas na cor preta. Em 2010, a perua passou por uma discreta reestilização: mudaram apenas as cores dos borrachões externos e a disposição interna das lanternas.

No final daquele ano, passou a ser oferecida em versão única (Dynamique 1.6) em um bom pacote fechado de equipamentos e com preço menor, próximo ao de Palio Weekend e VW Spacefox. Foi então, quase no final da vida, que ela começou a vender realmente bem.

Fuja da roubada

Cuidado com as primeiras Grand Tour, fabricadas até 2007. Houve uma série de panes elétricas e problemas diversos, como para-brisa trincado, fechaduras inoperantes e portas desalinhadas. Algumas não tiveram todos os problemas solucionados durante a garantia, fazendo delas verdadeiras bombas-relógio.

Renault Mégane Grand Tour Dynamique 1.6 16V
Motor 1.6 16V é fraco para as dimensões do carro; se quiser mais desempenho, vá de 2.0 (Acervo/Quatro Rodas)

ONDE O BICHO PEGA

Cartão eletrônico – Verifique se o cartão-chave se encontra em bom estado: uma unidade nova não custa barato, e não é tão fácil de se encontrar.

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Portas desalinhadas – Nesse caso, elas são difíceis de abrir ou fechar e podem apresentar ruídos nas borrachas de vedação com o carro em movimento. A maior dificuldade é diferenciar uma porta desalinhada de fábrica da trocada após um acidente. Na dúvida, peça a opinião de um funileiro.

Direção – Falhas na assistência elétrica da direção indicam mau contato no chicote elétrico ou problema na fixação do módulo do sistema. Em casos graves, é preciso substituir todo o conjunto

Embreagem – A trepidação no sistema é comum e só pode ser eliminada com a substituição do conjunto e retífica do volante do motor.

Infiltração – O modelo carrega um histórico de infiltrações na cabine. Proprietários relatam a invasão de água no piso dianteiro — no fim, o problema era decorrente do ar-condicionado.

Acabamento – Verifique o estado das laterais de porta (não devem estar descascadas), maçanetas internas (podem estar soltas) e difusores de ar (devem estar íntegros). São peças difíceis de encontrar.

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A VOZ DO DONO

“Ótimo carro, com estilo e acabamentos bonitos e atuais. A oferta de equipamentos também é um ponto positivo, além da facilidade de manuseio dos mesmos. Tem encosto de cabeça para todos os ocupantes, ótimo espaço interno e porta-malas grande. O motor 2.0 de 140 cv é forte, mas tem consumo de combustível excessivo. Com gasolina, faço média de 7 km/l na cidade (5,5 km/l com ar-condicionado ligado). Na estrada, consigo até 13 km/l a 110 km/h, com piloto automático e em sexta marcha. O modelo peca pelo sistema multimídia incompleto, pela fragilidade da caixa de direção e pelo preço alto das peças.” – Pedro Orso Neto, 29 anos, visual merchandising, Chapecó (SC).

“O custo-benefício é imbatível e o carro tem equipamentos difíceis de serem achados em carros na mesma faixa de preço. Com muito espaço, é ideal para quem precisa levar cadeirinha e carrinhos de bebê. Possuo duas Grand Tour em casa, ambas com menos de 50.000 km e com as manutenções em dia. Tenho certeza que as levarei até pelo menos os 200.000 km.” – Rafael Leite, 37 anos, Técnico de Suporte, São José dos Campos (SP)

“Existe um cabeamento debaixo dos bancos que frequentemente apresenta mau contato. Com isso, o quadro de instrumentos acusa o aviso “Service” para um problema no sistema de airbags. Na tampa do porta-malas, outro cabeamento altera o comportamento do carro com “sintomas” estranhos, como ligar o limpador do para-brisa quando o carro é ligado. E o preço do conserto em caso de colisão é bem alto em relação ao valor do veículo.” – Neimar Hahmeier, 37 anos, Programador, Joaçaba (SC)

Preço médio dos usados (Fipe)
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Expression 1.6 Manual R$ 21.195 R$ 22.332 R$ 23.076 R$ 26.965 R$ 28.422
Dynamique 1.6 Manual R$ 22.129 R$ 23.172 R$ 24.798 R$ 27.454 R$ 28.823 R$ 30.051 R$ 31.203
Dynamique 2.0 Manual R$ 21.226 R$ 22.493 R$ 24.279 R$ 27.985
Dynamique 2.0 Aut. R$ 22.827 R$ 23.595 R$ 24.800 R$ 28.411 R$ 30.049
Privilège 2.0 Aut. R$ 26.972 R$ 28.037 R$ 30.964
Extreme 1.6 Manual R$ 24.219 R$ 26.385 R$ 27.251 R$ 28.790
Extreme 2.0 Manual R$ 28.466 R$ 29.992
Extreme 2.0 Aut. R$ 30.508 R$ 32.120

NÓS DISSEMOS

Julho de 2006

“Seu interior repete a receita encontrada no sedã. No painel, feito de plástico agradável ao olhos e aos dedos, são círculos para todos os lados, incluindo os marcadores, os botões do ar-condicionado, a base da alavanca de câmbio (…). O espaço interno é bom e a cabine é ampla graças ao entre-eixos de 2,69 metros. (…) O porta-malas tem bom acesso e comporta, com a cobertura plástica puxada, 520 litros (…). Na pista de Interlagos, a perua mostrou que tem conjunto motriz acertado. (…) A suspensão é complacente demais em curvas e permite que a carroceria incline além do desejável. A contrapartida é um rodar mais suave em pisos acidentados.”

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