Um dos últimos marcos de uma categoria (a das peruas) cada vez mais esquecida pelo mercado, a segunda geração do Renault Megane desembarcou no Brasil em 2006 — o sedã chegou primeiro, em março, seguido da perua, que veio em novembro.
Logo na chegada, a perua Grand Tour garantiu o primeiro lugar no comparativo feito por QUATRO RODAS, contra Toyota Fielder e Peugeot 307 SW graças às boas credenciais de espaço (incluindo um porta-malas de 520 litros), visual, tecnologia embarcada e custo-benefício.
O Megane para a família chegou, inicialmente, nas versões Expression e Dynamique. A primeira era equipada exclusivamente com motor 1.6 flex de 115/110 cv e 16/15,2 mkgf com etanol/gasolina, enquanto a segunda poderia ter, além do mesmo 1.6, um 2.0 16V a gasolina de 138 cv e 19,2 mkgf.
A motorização 1.6 vinha sempre acompanhada de câmbio manual de cinco marchas, enquanto a 2.0 tinha as opções de transmissão manual de seis marchas ou automática de quatro.
Além do motor 2.0, a versão Dynamique trazia ar-condicionado, computador de bordo, freios a disco nas quatro rodas (com ABS e EBD) e airbag duplo.
Dois anos depois, em 2008, surgia a versão top de linha Privilège, sempre com motor 2.0 e câmbio automático, equipada com sensores de chuva, farol e ré, retrovisores retráteis, ar digital e som com MP3 e disqueteira. Muito segura, a Grand Tour obteve na época a pontuação máxima de cinco estrelas nos testes de impacto EuroNCAP.
Mas nem tudo eram flores: o padrão de qualidade deixava a desejar quando comparado às rivais, e as primeiras unidades sofreram com uma série de problemas, como para-brisa trincado e panes elétricas.
O pós-venda também maculou sua imagem, com reclamações de peças caras e dificuldade de fazer reparos que resolvessem seus problemas.
Em 2009, a série Extreme dava aparência mais esportiva à perua, com para-choques agressivos e carroceria disponível apenas na cor preta. Em 2010, a perua passou por uma discreta reestilização: mudaram apenas as cores dos borrachões externos e a disposição interna das lanternas.
No final daquele ano, passou a ser oferecida em versão única (Dynamique 1.6) em um bom pacote fechado de equipamentos e com preço menor, próximo ao de Palio Weekend e VW Spacefox. Foi então, quase no final da vida, que ela começou a vender realmente bem.
Fuja da roubada
Cuidado com as primeiras Grand Tour, fabricadas até 2007. Houve uma série de panes elétricas e problemas diversos, como para-brisa trincado, fechaduras inoperantes e portas desalinhadas. Algumas não tiveram todos os problemas solucionados durante a garantia, fazendo delas verdadeiras bombas-relógio.
ONDE O BICHO PEGA
Cartão eletrônico – Verifique se o cartão-chave se encontra em bom estado: uma unidade nova não custa barato, e não é tão fácil de se encontrar.
Portas desalinhadas – Nesse caso, elas são difíceis de abrir ou fechar e podem apresentar ruídos nas borrachas de vedação com o carro em movimento. A maior dificuldade é diferenciar uma porta desalinhada de fábrica da trocada após um acidente. Na dúvida, peça a opinião de um funileiro.
Direção – Falhas na assistência elétrica da direção indicam mau contato no chicote elétrico ou problema na fixação do módulo do sistema. Em casos graves, é preciso substituir todo o conjunto
Embreagem – A trepidação no sistema é comum e só pode ser eliminada com a substituição do conjunto e retífica do volante do motor.
Infiltração – O modelo carrega um histórico de infiltrações na cabine. Proprietários relatam a invasão de água no piso dianteiro — no fim, o problema era decorrente do ar-condicionado.
Acabamento – Verifique o estado das laterais de porta (não devem estar descascadas), maçanetas internas (podem estar soltas) e difusores de ar (devem estar íntegros). São peças difíceis de encontrar.
A VOZ DO DONO
“Ótimo carro, com estilo e acabamentos bonitos e atuais. A oferta de equipamentos também é um ponto positivo, além da facilidade de manuseio dos mesmos. Tem encosto de cabeça para todos os ocupantes, ótimo espaço interno e porta-malas grande. O motor 2.0 de 140 cv é forte, mas tem consumo de combustível excessivo. Com gasolina, faço média de 7 km/l na cidade (5,5 km/l com ar-condicionado ligado). Na estrada, consigo até 13 km/l a 110 km/h, com piloto automático e em sexta marcha. O modelo peca pelo sistema multimídia incompleto, pela fragilidade da caixa de direção e pelo preço alto das peças.” – Pedro Orso Neto, 29 anos, visual merchandising, Chapecó (SC).
“O custo-benefício é imbatível e o carro tem equipamentos difíceis de serem achados em carros na mesma faixa de preço. Com muito espaço, é ideal para quem precisa levar cadeirinha e carrinhos de bebê. Possuo duas Grand Tour em casa, ambas com menos de 50.000 km e com as manutenções em dia. Tenho certeza que as levarei até pelo menos os 200.000 km.” – Rafael Leite, 37 anos, Técnico de Suporte, São José dos Campos (SP)
“Existe um cabeamento debaixo dos bancos que frequentemente apresenta mau contato. Com isso, o quadro de instrumentos acusa o aviso “Service” para um problema no sistema de airbags. Na tampa do porta-malas, outro cabeamento altera o comportamento do carro com “sintomas” estranhos, como ligar o limpador do para-brisa quando o carro é ligado. E o preço do conserto em caso de colisão é bem alto em relação ao valor do veículo.” – Neimar Hahmeier, 37 anos, Programador, Joaçaba (SC)
2007 | 2008 | 2009 | 2010 | 2011 | 2012 | 2013 | |
---|---|---|---|---|---|---|---|
Expression 1.6 Manual | R$ 21.195 | R$ 22.332 | R$ 23.076 | R$ 26.965 | R$ 28.422 | – | – |
Dynamique 1.6 Manual | R$ 22.129 | R$ 23.172 | R$ 24.798 | R$ 27.454 | R$ 28.823 | R$ 30.051 | R$ 31.203 |
Dynamique 2.0 Manual | R$ 21.226 | R$ 22.493 | R$ 24.279 | R$ 27.985 | – | – | – |
Dynamique 2.0 Aut. | R$ 22.827 | R$ 23.595 | R$ 24.800 | R$ 28.411 | R$ 30.049 | – | – |
Privilège 2.0 Aut. | – | R$ 26.972 | R$ 28.037 | R$ 30.964 | – | – | – |
Extreme 1.6 Manual | R$ 24.219 | R$ 26.385 | R$ 27.251 | R$ 28.790 | – | – | – |
Extreme 2.0 Manual | – | – | R$ 28.466 | R$ 29.992 | – | – | – |
Extreme 2.0 Aut. | – | – | R$ 30.508 | R$ 32.120 | – | – | – |
NÓS DISSEMOS
Julho de 2006
“Seu interior repete a receita encontrada no sedã. No painel, feito de plástico agradável ao olhos e aos dedos, são círculos para todos os lados, incluindo os marcadores, os botões do ar-condicionado, a base da alavanca de câmbio (…). O espaço interno é bom e a cabine é ampla graças ao entre-eixos de 2,69 metros. (…) O porta-malas tem bom acesso e comporta, com a cobertura plástica puxada, 520 litros (…). Na pista de Interlagos, a perua mostrou que tem conjunto motriz acertado. (…) A suspensão é complacente demais em curvas e permite que a carroceria incline além do desejável. A contrapartida é um rodar mais suave em pisos acidentados.”