Apenas nos anos 90 é que a indústria brasileira voltou seus olhos para os veículos turbinados. O Fiat Uno Turbo foi o primeiro automóvel de passeio a sair de fábrica com turbocompressor, num distante ano de 1994. Desde então, as fabricantes começaram a investir nesta tecnologia, que se difundiu para valer nos últimos anos com a popularização do conceito de downsizing, a tendência de aproveitar o potencial do turbo em motores com menor cilindrada para entregar desempenho de modelos mais potentes com baixo consumo de combustível. Este número, aliás, tende a crescer com o início da produção dos futuros Volkswagen Golf e Audi A3 Sedan nacionais, previsto para setembro.
A segunda parte do nosso especial de turbinados nacionais é dominada por Volkswagen e Fiat, esta última a marca que mais investiu neste tipo de tecnologia. E se você perdeu a primeira parte, é só clicar aqui para ler.
VOLKSWAGEN GOL E PARATI TURBO
A indústria automobilística vivia o auge dos motores 1.0 16V quando a Volkswagen apresentou em 2001 o Gol 16V Turbo – a Parati chegaria às ruas poucos meses depois. A nova motorização nasceu por uma questão mais mercadológica do que estratégica, já que, nesta configuração, a VW conseguia oferecer um produto atraente em termos de desempenho pagando os mesmos 10% de alíquota de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) cobrados nos modelos de até 1000 cm3.
Com 112 cv (ante os 76 cv originais do motor aspirado) e torque máximo de 15,8 mkgf a 2.000 rpm, o Gol levava apenas 9,8 segundos para ir de 0 a 100 km/h, atingindo a velocidade máxima de 191 km/h. De acordo com a fabricante, várias peças foram substituídas por outras mais reforçadas visando garantir a durabilidade do conjunto, que tinha desempenho superior às versões com motor 1.6, 1.8 e até 2.0 – apenas o 2.0 16V de 145 cv conseguia fazer frente ao novo conjunto. Além das respostas rápidas, o comportamento da dupla turbinada agradava por praticamente eliminar os efeitos do turbo-lag (ou seja, as respostas preguiçosas em baixas rotações). Infelizmente, Gol e Parati Turbo foram descontinuados já na linha 2004, mas a fórmula de motor 1.0 com turbocompressor voltaria 11 anos depois com o Up! TSI.
FIAT LINEA T-JET:
A chegada do Linea fez a Fiat sonhar com os tempos em que o Tempra era sinônimo de sonho da classe média/alta. Mas este sucesso acabou não se repetindo. Lançado em 2008, o modelo tinha duas opções de motorização, com destaque para a 1.4 16V Turbo que equipava a então inédita versão T-Jet. Com 152 cv e torque máximo de 21,1 mkgf, ela fazia o sedã acelerar de 0 a 100 km/h em 10,2 segundos e atingir a velocidade final de 202 km/h.
Mas, diferente dos antigos Tempra Turbo e Marea Turbo, o Linea T-Jet não tinha vocação 100% esportiva. Pelo contrário: a escolha do motor segue o conceito de downsizing, oferecendo conjuntos de menor cilindrada sobrealimentados para entregar desempenho de motorizações maiores. As baixas vendas fizeram a Fiat descontinuar a versão em 2014.
FIAT PUNTO T-JET
O visual esportivo sempre foi um dos principais argumentos de compra do Punto. Mas faltava uma versão genuinamente esportiva ao hatchback lançado em 2007. O Punto T-Jet surgiria apenas em 2009, trazendo o motor Fire 1.4 16V Turbo (fabricado na Itália) que havia estreado por aqui no Linea explorando o conceito de downsizing. No caso do Punto, os 152 cv e 21,1 mkgf de torque máximo faziam o hatch acelerar de 0 a 100 km/h em 9,3 segundos e chegar aos 198,5 km/h de velocidade máxima.
O design também mereceu atenção especial, com direito a para-choques exclusivos, rodas de liga leve de 17 polegadas, saias laterais e ponteira dupla de escapamento. Por dentro, havia bancos esportivos revestidos em couro, apliques no painel na cor da carroceria e um mostrador indicando a pressão da turbina. Em 2012 toda a linha foi reestilizada, ganhando novo visual e o sistema DNA, uma espécie de seletor de modos de condução que aumenta a sensibilidade do acelerador se o modo “Dinâmico” estiver ativado.
FIAT BRAVO T-JET:
Quatro meses após o lançamento do Bravo, a Fiat resolveu trazer o sobrenome T-Jet ao hatch médio. O motor é o mesmo do Punto, movido apenas a gasolina e com 152 cv e torque máximo de 21,1 mkgf. Pena que o desempenho não empolga tanto quanto no Punto: o Bravo T-Jet levou 9,5 segundos para ir de 0 a 100 km/h, perdendo para rivais mais fracos. Nada mais natural considerando a diferença de peso entre Bravo e Punto: 1.370 contra 1.230 quilos. Pelo menos há a opção da função Overboost, que sobe momentaneamente a pressão do turbo de 0,9 para 1,3 bar. Com isso, o torque chega a 23 mkgf. No começo deste ano o Bravo sofreu uma leve reestilização.
VOLKSWAGEN UP TSI
O caçula do clube dos turbinados nacionais acaba de chegar às lojas. O Up! TSI é o primeiro modelo da Volkswagen equipado com o moderno motor EA-211 1.0 turbo no Brasil. Com até 105 cv se abastecido com etanol, o conjunto se destaca pelo torque máximo de 16,5 mkgf disponíveis a apenas 1.500 rpm. Isso faz com que o compacto leve apenas 9,1 segundos para acelerar de 0 a 100 km/h, atingindo a velocidade máxima de 182 km/h, de acordo com dados fornecidos pela VW. Fabricado em São Carlos (SP), o motor tem injeção direta de combustível, duplo comando de válvulas variável na admissão e no escape e várias peças forjadas e redimensionadas.
Ao contrário da maioria dos turbinados, o motor TSI é oferecido em praticamente todas as versões do Up!, com exceção da básica Take Up!. Visualmente, o “foguetinho” é identificado pela tampa traseira pintada de preto brilhante – imitando o estilo do modelo europeu -, embora a VW ofereça uma versão com apelo esportivo chamada Speed Up!, vendida com faixas azuis laterais, espelhos retrovisores pintados de azul e teto pintado de preto brilhante.
>> Clique na foto abaixo para ler a primeira parte do nosso especial “10 turbinados nacionais de fábrica”!