Além do Kardian, Renault terá sete novos carros fora da Europa até 2027
Renault planeja substituta da Oroch, nova geração para a Alaskan e até dois SUVs com plataforma de Volvo
O Renault Kardian será lançado no Brasil apenas no primeiro semestre de 2024, mas já tem sua importância. O SUV compacto é o primeiro e o menor dos oito novos carros que a Renault vai lançar fora da Europa até o final de 2027, sob um investimento total de 3 bilhões de euros. O objetivo é agregar valor à marca fora do mercado europeu.
Um deles é a nova geração da picape média Alaskan, outros dois serão SUVs grandes fabricados na Coreia do Sul em parceria com a Geely, usando a plataforma CMA (também usada por Volvo e Smart), para carros híbridos. Terão versões 4×2 e 4×4 e o primeiro será apresentado no fim do primeiro semestre de 2024.
Desta forma, os outros quatro carros restantes serão baseados em variações da plataforma CMF, que o Kardian estreia no Brasil. Na verdade, o Kardian será o menor carro desta nova leva.
Esta plataforma modular do grupo Renault será usada em carros fabricados na América Latina (Brasil, Argentina e Colômbia), Turquia, Marrocos e Índia. Ela tem quatro medidas possíveis de entre-eixos entre 2,60 e 3 m, três módulos traseiros distintos e permite que os carros tenham entre 4 e 5 metros de comprimento.
Mais que isso: essa arquitetura permite que os carros recebam apenas motores de combustão interna, sejam eles a gasolina, flex, a GLP ou mesmo híbridos. A Renault prevê híbridos leves 48V com alguma capacidade do motor-gerador mover o carro em baixa velocidade, híbrido pleno e híbrido plug-in, com tração dianteira ou 4×4.
A Renault espera chegar em 2027 com carros híbridos e elétricos representando um em cada três veículos vendidos em todo o mundo.
Daí a importância do Renault Niagara Concept. Ele antecipa uma futura picape intermediária monobloco com 4,90 m de comprimento e 2,95 m de entre-eixos. A fabricante também detalhou sua mecânica: terá motor a combustão híbrido leve 48V (possivelmente o 1.3 turboflex, que será nacionalizado) movendo as rodas dianteiras e um motor elétrico montado no eixo traseiro para compor a tração 4×4.
Por conta da demanda de energia deste motor, possivelmente teria uma bateria robusta que necessite de recarga por fonte externa. Logo, seria um híbrido plug-in. O lançamento desta picape poderia ficar para 2026. A intenção da Renault é substituir a Oroch pela Niagara, que será fabricada em Córdoba, na Argentina.
O Brasil é o segundo maior mercado da Renault, mas não necessariamente receberá todos os oito carros que serão lançados. Os SUVs sul-coreanos, por exemplo, não devem aparecer por aqui.
O fato é que todos os outros quatro carros que serão lançados são SUVs posicionados entre os compactos maiores que o Kardian, como a nova geração do Renault Duster (cuja versão Dacia será mostrada daqui a um mês), e médio, com porte de um Jeep Compass ou Volkswagen Taos, equivalente ao Renault Austral recém-apresentado na Europa.
Em entrevista a jornalistas do Brasil, o CEO da Renault, Fabrice Cambolive, sugeriu que, mesmo que a fabricante esteja caminhando para ter apenas SUVs e picapes no futuro, logo existirá um grande desafio com a aerodinâmica dos carros. Talvez um caminho seja oferecer um SUV cupê médio similar ao Renault Rafale lançado neste ano na Europa.
Cambolive não descartou totalmente a oferta de carros de sete lugares, ainda que não tenham grande volume de vendas.
Em sua defesa, o Brasil tem, pelo menos, o tamanho do mercado e um novo centro de design. Antes localizado em São Paulo, agora está instalado dentro da fábrica de São José dos Pinhais (PR). E já teve participação ativa no projeto do Kardian, bem como pode atuar em projetos para carros que serão vendidos em outros mercados.
E como fica o Renault Kwid?
Menor carro da Renault, o Kwid está de fora do plano estratégico da marca francesa até o fim de 2027. Sua plataforma é menor, a CMF-A, justamente por atuar no segmento A. O que a Renault busca neste momento é se fortalecer em segmentos superiores, mas sem perder espaço entre os carros de entrada.
O que pode acontecer é o Renault Kwid garantir uma nova geração no próximo ciclo de investimentos da marca, após 2028. Até lá, porém, o máximo que poderia acontecer é mais uma renovação no visual e na mecânica atuais.