Alfa Romeo Spider: uma obra aberta
O conversível que por mais de 25 anos foi um prazer tanto de olhar quanto de dirigir
Algumas ideias não são inéditas, mas aperfeiçoam tanto o original que acabam roubando seu brilho. A Giulietta Spider já havia introduzido na Alfa Romeo a esportividade em formato de um pequeno roadster, em 1955.
O conceito deu certo, pois até então os conversíveis da marca em geral eram maiores, mais sofisticados e caros. A Giulietta foi criada exatamente com o intuito de vender em massa, mas coube à Spider de 1966 a tarefa de difundir essa proposta – e o fez tão bem que o modelo saiu de linha apenas em 1993.
Nenhum modelo fica 26 anos no mercado sem conquistar uma legião de adoradores. Mérito do desenho de Pininfarina aliado ao temperamento esquentado dos esportivos da Alfa, comprovado ao longo de décadas de vitórias nas pistas.
Vista de lado, a carroceria tinha um formato ovalado, suave e longilíneo. A capota podia ser fechada com um único braço sem que o motorista levantasse do seu banco. Como seu preço era equivalente ao do Jaguar E-Type, ela era chamada maldosamente de “Ferrari de pobre”.
Quando foi apresentado no Salão de Genebra de 1966, o modelo não tinha nome. Para batizá-lo, a Alfa criou um concurso na Itália: virou Duetto, perfeito para um dois-lugares.
Mas os adoradores da marca preferiram identificá-lo como “1600 Spider”, referência ao seu motor de 1 570 cm³, com dois carburadores Weber comando duplo e 109 cv de potência. O câmbio manual tinha cinco velocidades e os freios eram a disco nas quatro rodas. Segundo a fábrica, ia de 0 a 100 km/h em 11,5 segundos.
Esses números foram apimentados a partir de 1968, quando surgiu a versão 1750 Spider Veloce, com motor de 1.779 cm³ de 118 cv. O desempenho só podia melhorar: 0 a 100 km/h em 10 segundos.
Para quem queria só visual do Spider, havia também o 1300 Spider Junior, de 89 cv. No futuro veio ainda um motor 2.0 de 132 cv.
No Salão de Turim de 1969 foi apresentada sua primeira reestilização, com a traseira podada por um corte reto. Depois vieram outras mudanças, mas sempre discretas, como os para-choques bojudos de borracha preta para 1983.
A Spider acompanhou os altos e baixos do segmento de roadsters até 1994, quando saiu de linha depois de quase 124.000 unidades produzidas. No ano seguinte, retornaria, mas com um desenho bem diferente, ainda da Pininfarina, de linhas mais retas e vincos marcantes.
Diferentemente do anterior, o novo design servia tanto para o conversível como para um cupê, chamado GTV. Mais luxuosa, a Spider perdia o charme da simplicidade e do baixo preço que marcou um dos conversíveis mais clássicos da história do automóvel.
O filme
Em 1967, a Spider rodou o mundo quando Dustin Hoffman guiou um modelo 1966 ao som de Simon e Garfunkel em A Primeira Noite de um Homem (The Graduate, no original). Filme e trilha se tornaram ícones da época. Por isso, criaram até uma versão só para os Estados Unidos: a Spider Graduate, de 1985.
Motor | 4 cilindros em linha, 1 570 cm3 |
---|---|
Potência | 109 cv a 6 000 rpm |
Câmbio | manual de 5 velocidades |
Dimensões | comprimento, 425 cm; largura, 163 cm; altura, 129 cm; entre-eixos, 225 cm |
Carroceria | conversível, 2 portas, 2 lugares |
Desempenho | 185 km/h e 0 a 100 km/h |