Pouco adianta que os carros sejam eletrificados enquanto o resto do mundo ainda utiliza energia poluente, certo? É por isso que todos os setores, incluindo a aviação, vêm buscando seu caminho para um futuro mais verde. No caso da Azul, a solução é parecida com o mundo das quatro rodas e envolve… mecânica híbridos.
A companhia aérea oficializou neste mês sua intenção de converter seis aviões de sua frota em aeronaves híbridas, em parceria com a norte-americana Ampaire. Uma saída que não apenas contribuirá para quedas drásticas na poluição, mas também para maior economia.
O modelo da Azul que receberá a atualização é o Cessna 208B Grand Caravan, menor aeronave da frota da empresa. Utilizado até na ponte aérea entre Congonhas (SP) e Jacarepaguá (RJ), o monomotor leva 9 passageiros e tem alcance de 1.982 km.
A ideia é que, além do motor Pratt & Whitney a combustão, haja um motor elétrico funcionando em paralelo. Como em um carro, a dupla se alterna conforme a eficiência de cada um nas etapas da viagem: a eletricidade comanda o táxi e o voo de cruzeiro; na decolagem ambos trabalham e, em rotas curtas, é possível até voar totalmente em modo elétrico.
O Eco Caravan, como é chamado, pode reduzir seu consumo de querosene em até 70%. Caso seja utilizado um combustível de origem renovável, as emissões no ciclo completo podem até ser nulas, permitindo voos 100% limpos. Segundo a Azul, a aeronave também pode reduzir o custo de assento por km em 25%, sendo essa a principal métrica utilizada para balizar o preço das passagens.
Como as baterias de um veículo híbrido são menores, o Eco Caravan mantém a capacidade de carga em 1.100 kg, também sem prejuízo da autonomia e, caso o aeroporto não tenha infraestrutura adequada, basta utilizar o motor térmico normalmente. Por se tratar de uma conversão, o processo para homologar a aeronave é mais simples e a previsão é de no ano que vem o monomotor já estará liberado para voos comerciais.
Futuro promissor
A Ampaire é uma das empresas mais avançadas na conversão de aeronaves híbridas. Seu primeiro avião do tipo realizou testes animadores em rotas de verdade, atraindo pedidos de encomenda de diferentes empresas aéreas do mundo, como a Air France-KLM.
Também há dinheiro da Nasa envolvido, a fim de incentivar as pesquisas inovadoras da startup. A Ampaire credita que o sucesso do Eco Caravan pode levá-la a projetos de aviões ainda maiores, como os ATR 72-600 que a Azul também opera e levam até 72 passageiros.