Brasil já importa mais carros da China do que do México e da Alemanha
Fim da isenção de imposto para elétricos e híbridos fez bombar a importação em dezembro e as vendas de importados em janeiro
Janeiro chegou ao fim com um grande aumento na venda de carros importados no Brasil: 19,5% dos emplacados no último mês vieram de fora do país, a maior participação dos últimos 10 anos. Isso já acendeu o sinal amarelo na associação dos fabricantes de automóveis, que vai acompanhar a evolução desse número nos próximos meses.
“Desde 2014 que nós não temos uma participação tão expressiva de veículos importados emplacados no Brasil. A cada 10 carros vendidos, 2 vieram de fora do Brasil. É um número que precisa ser acompanhado”, disse Marcio de Lima Leite, presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).
Dos 119.000, 31.493 foram importados. Destes, 46% vieram da Argentina, mercado de onde o Brasil mais importa carros. Mas em segundo lugar está a China, com 25% de participação nos emplacamentos de importados, com 7.958 carros. Só depois aparecem México (11%), Alemanha (6%) e Uruguai (2%).
Em janeiro de 2020 a Argentina respondia por 63% do volume de carros importados vendidos no Brasil, o México por 15% e, a China, por apenas 2% do mercado de importados.
Ainda considerando o volume de carros importados emplacados no Brasil em janeiro, 19% foram híbridos e 14% elétricos. Esses carros eletrificados ajudam a explicar a alta nas importações.
“No Brasil, houve o encerramento do programa de alíquota zero no imposto de importação [de carros híbridos e elétricos], então várias empresas importaram veículos em dezembro, em volume maior que a demanda, pra que pudessem comercializar esses veículos em janeiro e fevereiro utilizando o imposto zero. Então nós tivemos um grande impacto nos emplacamentos do mês de janeiro pelos volumes de importação ocorridos em dezembro de 2023”, explicou Lima Leite.
“Isso quer dizer que é temporário? Não, significa que devemos monitorar. Tem que fazer um monitoramento para que não se crie um desequilíbrio principalmente nessas tecnologias. Mas há também produção local com uma participação muito importante”, disse o presidente da Anfavea antes de destacar a participação de carros híbridos e elétricos nas vendas totais de janeiro. “Foram 7,9%, é patamar de mercados desenvolvidos”.
Mas existe um empenho e preocupação por parte da entidade em ver esses números crescendo graças à produção nacional. “Nós não podemos ter uma participação tão expressiva de produtos importados no Brasil. É natural, o que nós queremos é produção local. É crescimento da indústria, produção e geração de empregos.”