A BYD, ao chegar no Brasil no ano passado, afirmou que já em 2024 começaria a produzir ou pelo menos montar seus carros em território nacional. Com atrasos, a empresa mudou o início da operação para o primeiro semestre de 2025, o que, agora, também pode não acontecer.
O vice-presidente sênior da BYD do Brasil, Alexandre Baldy, contou ao portal Reuters que as máquinas para produção de carros híbridos e elétricos na fábrica de Camaçari (BA) estão paradas há quase dois meses no Porto de Salvador. Isso pode atrasar ainda mais a operação da empresa.
As máquinas estão travadas por alguns por conta de processamento de um pedido para regime de exceção tarifária, afirmou Baldy. A BYD quer enquadrar os produtos no processo de incentivo fiscal, para se isentar dos impostos. Porém, como há fabricação local equivalente, estas máquinas não se enquadram no benefício.
“Desde maio a gente aguarda com o pedido que foi feito à Câmara de Comércio Exterior para que a gente pudesse ter então esse regime de Ex-Tarifário”, disse Baldy à Reuters.
Segundo o executivo, em julho o governo solicitou mais informações sobre os itens importados, que foi prontamente atendido pela empresa. O pedido segue em processamento enquanto a BYD aguarda a deliberação do Comitê-Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Gecex) sobre a reconsideração do pedido de isenção tarifária.
As máquinas, que serão utilizadas no sistema de movimentação e transferência de carrocerias na linha de montagem da fábrica, começaram a chegar no Porto de Salvador no dia 28 de agosto e seguem travadas até hoje.
Baldy não se comprometeu a dizer o quanto de atraso esse processo trará a BYD na produção local de seus veículos. No entanto, o executivo afirmou que pelo menos 60 dias de atraso podem ocorrer.
A BYD seguirá na luta para tentar as isenções fiscais para suas máquinas travadas no porto. A empresa pode optar por pagar as tarifas exigidas pelo governo.
As máquinas que estão paradas no porto representam 15% da capacidade total que será implementada na fábrica de Camaçari. Segundo a BYD, a falta destes aparelhos inviabiliza totalmente o início da produção.
A primeira fábrica nacional da BYD terá capacidade de produzir até 150.000 carros por ano em sua primeira fase. A empresa afirma que em 2028 a produção chegará a 300.000 unidades por ano.
Além da fábrica de produção de carro, há outros dois complexos que a empresa precisa construir: uma dedicada a produção de baterias e outra para caminhões leves.
A empresa estuda iniciar estes outros dois complexos sem o regime de isenção de impostos, já que o “custo x benefício” com a armazenagem dos maquinários pode não compensar.
Até o presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva comentou sobre o caso das máquinas da montadora chinesa paradas no porto baiano. Lula afirmou que trabalhará para liberar os equipamentos da BYD, e que “a fábrica funcionará a todo vapor, produzindo carro elétrico, ônibus e o que quiser”.
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