Se tivéssemos de eleger um Cadillac clássico, ele seria o Eldorado. Ápice de luxo em Detroit, ele surgiu quando a marca completava 50 anos e estava no auge. Primeiro veio o conceito El Dorado – alusão a bodas de ouro do aniversário. Para 1953 surgia a série especial Eldorado.
Ao custo de então astronômicos 7.750 dólares, era o carro mais caro da América. Só 532 unidades foram produzidas. O presidente Dwight Eisenhower até usou um em sua posse. Conversível, o Eldorado trazia para-brisa envolvente, que seria copiado pela indústria depois.
O Eldorado era 7,6 cm mais baixo que o Série 62 conversível, mais simples. Um V8 de 5,4 litros e 210 cv com carburador quádruplo atuava em parceria com um câmbio automático de três marchas. Ar-condicionado e direção hidráulica eram opcionais, assim como o novo olho autrônico, dispositivo que reduzia a intensidade dos faróis quando outro veículo vinha em sentido oposto.
Frente nova e rabos-de-peixe maiores marcaram o 1954, com preço reduzido que multiplicou por quatro as vendas. O desenho mudou em 1955, com barbatanas maiores. Em 1956 chegou o Eldorado Seville, a versão cupê, enquanto o conversível virava Eldorado Biarritz. Maior pela primeira vez desde 1949, o V8 cresceu para 6 litros, com 305 cv.
Na linha 1959, ápice do exagero do estilo da Cadillac, o Eldo ganhava um V8 6.3 de 345 cv e tornava-se um dos maiores ícones da marca e de Detroit, com suas barbatanas de 107 cm de altura. Depois, o estilo foi sumindo, até sair de cena em 1965.
A maior renovação da história do Eldorado viria em 1967. Como no Oldsmobile Toronado, a tração passou a ser dianteira. Com 22,8 cm a menos entre os eixos, ele só era oferecido como cupê com linhas retas, simples, elegantes.
Para 1968 veio um V8 7.7 de 375 cv. É desse ano o carro das fotos. Sem ressalto de eixo cardã no assoalho e com banco dianteiro inteiriço, ele leva até seis pessoas. A direção é bem leve e o câmbio automático na coluna oferece engates fáceis. O torque altíssimo é percebido nos arranques. Muito macia, a suspensão não inclina muito nas curvas.
Em 1970, o V8 passou a 8,2 litros, considerado o maior já feito pela marca. Para 1979, o modelo perdeu 540 kg e ganhou nova suspensão traseira independente. A mecânica logo passaria a ser compartilhada com o Seville, com opções de – acredite – motor a diesel e V6.
Mais duas gerações e o Eldorado chegaria aos 50 anos (morreu na linha 2002) com um nome famoso, mas brilho apagado pela dificuldade da Cadillac de enfrentar as concorrências alemã e japonesa.
Exclusivo
Na mira dos Rolls-Royce, o Brougham (foto acima) lançado em 1957 foi o Eldorado mais exclusivo. Tem suspensão a ar, teto de aço inoxidável sem pintura e até pulverizador de perfume francês. Menos de 1 000 foram feitos artesanalmente até 1961.
Ficha técnica – Cadillac Fleetwood Eldorado 1968
- Motor: V8 de 7,7 litros
- Potência: 375 cv a 4.400 rpm
- Câmbio: automático de 3 marchas, tração traseira
- Carroceria: cupê
- Dimensões: comprimento, 561 cm; largura, 203 cm; altura, 135 cm; entre-eixos, 305 cm; peso, 2.160 kg
- Desempenho: 0 a 100 km/h em 8,3 segundos, velocidade máxima de 201 km/h