Esquema de clonagem de veículos do exército teve até Porsche e Ferrari
Mais de 3.000 veículos de luxo foram clonados em 11 estados brasileiros; o prejuízo por sonegação de impostos pode ultrapassar os R$ 500 milhões
Já pensou em comprar um modelo de luxo como um Porsche Macan S com R$ 40.000 de desconto? Não há dúvida de que a oferta é muito atraente. Porém, não trata-se de promoção, e sim de fraude. Esse “abatimento” do valor total em carros de luxo só foi possível graças às clonagens dos chassis de veículos oficiais do Exército.
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Modelos de marcas como Ferrari, Porsche, Mercedes e Land Rover fazem parte dos carros apreendidos durante operação batizada de Fiat Lux, organizada desde 2020 pelas polícias Federal e Rodoviária Federal.
A operação apura clonagem de cerca de 3.300 veículos do Exército. O prejuízo causado soma mais de R$ 500 milhões. Entre os modelos estão unidades de Porsche Macan S, Mercedes-AMG A 45, Volvo XC40, Ferrari 458 Italia, BMW Série 3, Land Rover Defender e Velar, e Porsche Cayenne. Uma Mitsubishi L200 amarela está entre os carros mais baratos apreendidos. Ou seja, o lote de veículos é milionário.
Ao todo, a Operação Fiat Lux identificou cerca de 10.000 adulterações no sistema veicular brasileiro. Os criminosos, segundo a polícia, também criavam veículos fictícios no Sistema Federal da Secretaria Nacional de Trânsito, permitindo a realização de financiamentos bancários, já que não havia informações cruzadas.
Segundo os investigadores, as clonagens dos chassis do Exército só foram possíveis porque servidores do Detran e despachantes fizeram parte do esquema. Assim, 95 servidores do Detran foram afastados de suas funções, sendo 85 do Detran-SP, 7 do Detran-TO e 3 do Detran-MG. Também houve o afastamento de 20 despachantes, estes apenas no estado de São Paulo.
Também durante a investigação, além dos nomes fictícios de veículos, apurou-se que os mesmos servidores do Detran e despachantes inseriam, no Sistema Federal de Registro de Veículos Automotores, automóveis comprados na Zona Franca de Manaus.
Assim, eles poderiam obter a isenção de PIS e Cofins para reduzir o valor do automóvel, mas emplacavam os carros em São Paulo, de forma indevida, para burlar a fiscalização. Por fim, foram identificados aproximadamente 300 automóveis com documentos falsificados.
O abatimento ilegal de cada veículo ficava em torno de R$ 30.000 a R$ 40.000. Depois, eles eram revendidos sem recolhimento dos devidos impostos.
Mandados de prisão, e de busca e apreensão, começaram a ser cumpridos nesta quinta-feira (24). Os suspeitos poderão responder pelos crimes de financiamento fraudulento, lavagem de dinheiro, inserção de dados falsos e organização criminosa.
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