Com preços próximos ao Polo, VW Gol automático encalha nas vendas
Quase dois anos após o lançamento, versão 1.6 MSI com caixa de seis marchas nunca emplacou. Ficar perto demais do Polo talvez seja a explicação
Em julho de 2018, o Volkswagen Gol abandonou a caixa automatizada monoembragem i-Motion para estrear uma versão dotada do motor 1.6 MSI (16V flex) de 120 cv acoplada ao câmbio automático de seis marchas da Aisin.
Junto a isso, o hatch de entrada da marca adotou como padrão a dianteira já usada pela extinta versão Rallye e pela picapinha Saveiro, com grade alargada, conferindo um aspecto visual mais robusto.
Parecia, àquela altura, o maior salto evolutivo do subcompacto desde a chegada da terceira geração, lançada 2008 e vendida até hoje em nosso mercado, com três facelifts no meio do caminho.
No entanto, passados dois anos já se pode afirmar que o Gol 1.6 automático não vingou, acumulando desempenhos para lá de discretos (para não dizer fracos) em vendas.
E olha que o subcompacto ainda tem apelo no mercado, tendo sido o quinto modelo mais emplacado no país nos cinco primeiros meses de 2020, segundo dados da Fenabrave (associação nacional dos fabricantes).
Só que em abril e maio, por exemplo, quando o Gol foi responsável por 1.648 e 1.616 unidades comercializadas, respectivamente, a versão automático respondeu por menos de 5% dos emplacamentos. Os dados são da Mobiauto, plataforma de venda digital de veículos.
Em abril, o Gol 1.6 automático registrou 80 exemplares comercializados, o equivalente a 4,85% do total. Em maio, os números caíram para 56 ou 3,46%.
Assim, temos um raro caso de um carro que não ficou mais atrativo ao ganhar câmbio automático (de verdade). O que explica o fenômeno?
Poderíamos falar que o maior foco do velho Gol está nas vendas diretas, o que é verdade, mas nos últimos meses o mercado o subcompacto foi responsável por emplacar mais unidades no varejo do que para frotistas.
E mesmo na comparação com a versão 1.6 8V manual, que tem motor mais antigo e menos potente, o desempenho do 1.6 automático é pífio.
Em abril e maio, por exemplo, o Gol 1.6 manual respondeu por 31,7% e 19,3% das vendas totais do modelo, quase seis vezes o volume da configuração automática.
Ou seja: a questão está mesmo na falta de apelo da versão, apesar do conforto da caixa com conversor de torque de seis marchas da Aisin e do motor MSI mais moderno e potente.
Talvez a questão esteja no preço. Um Gol 1.6 automático parte de R$ 61.390 e chega a R$ 68.590 com todos os opcionais mais pintura metálica.
Por R$ 65.990 já é possível comprar um Polo 1.6 MSI automático, dotado do mesmíssimo trem de força. E o primo maior chega a R$ 70.715 com todos os itens possíveis nessa versão, uma diferença de apenas R$ 2.125.
Se o cliente fizer um esforço um pouco maior, leva um Polo Comfortline 200 TSI por R$ 74.450.
Assim, o que tem atravancado o sucesso do Gol automático é o seu posicionamento na faixa dos R$ 60.000, o que permite ao comprador alçar voos mais altos com um carro maior e mais moderno oferecido pela própria VW.
Para o velho Gol, resta o consolo de continuar a se dar muito bem na versão única com motor 1.0 três-cilindros e câmbio manual: esta acumulou 64,4% e 77,2% de todas as vendas do modelo nos últimos dois meses.
É bem mais do que o Polo 1.0 MPI consegue alcançar.
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