Dirigimos os últimos Audi RS6 e RS7 a combustão da história
A Audi preparou as últimas versões de RS6 e RS7 equipadas com motores a combustão, de modo que elas se tornem inesquecíveis para os fãs da marca
Com exceção da Porsche, que declarou seu amor pela gasolina sintética, outras marcas, mesmo que esportivas, já começam a aposentar motores a combustão. Foi assim com a Lotus, com a Jaguar e agora é a vez da Audi (que, como a Porsche, pertence ao Grupo VW).
Sua divisão esportiva Audi Sport apresentou simultaneamente, mês passado, duas versões de despedida: a perua RS6 e o cupê de quatro portas RS7, que já é eletrificado: híbrido leve. As próximas gerações desses modelos, previstas para 2030, serão 100% elétricas.
Os esportivos de Ingolstadt (cidade alemã onde fica a sede da Audi) trazem poucas mudanças visuais para além de algumas peças com acabamento cinza-escuro como no spoiler dianteiro, na carcaça dos retrovisores e no difusor traseiro.
No interior, predominantemente preto, há alguns detalhes em azul vivo (Mercato Blue). O volante, de aro fino e coberto de Alcantara, tem um toque excelente e a elegância e a qualidade de construção e acabamentos continuam a imperar.
Com esses discos cerâmicos e as rodas opcionais (sempre aro 22), os Audi conseguem emagrecer 54 kg, sendo 34 kg pela troca dos discos e 20 kg pelas rodas, aumentando a diferença em relação aos projetos originais que já ficaram mais leves. Só de materiais de isolamento acústico foram retirados 8 kg, segundo a Audi, “já que os clientes queriam uma sonoridade mais crua e menos filtrada”.
Mesmo que com pequenos ajustes, o diferencial Torsen central é mais compacto e mais rápido, segundo o engenheiro Roland Washkow, especialista de chassis na Audi Sport. Seguramente mais relevante (pelo menos no dia a dia e em rodovias) é, no entanto, a facilidade que o RS6 Avant e o RS7 Sportback demonstram para colocar toda a sua força no chão, sempre com um comportamento muito estável e previsível, característico dos modelos quattro.
Mas o que importa nessa hora do adeus é mesmo o que foi feito sob o capô. O poderoso V8 recebeu turbocompressores maiores (são dois) com mais 0,2 bar de pressão (total de 2,6 bares) e uma central remapeada. Foi possível alcançar um incremento de potência, de 600 cv para 630 cv; e de torque, de 81,6 kgfm para 86,7 kgfm, às ordens do motorista a partir das 2.300 rpm.
A aceleração de 0 a 100 km/h em 3,4 s (RS6) e 3,2 (RS7) também é resultado de um ganho de 0,2 s relativamente aos modelos lançados em 2019, enquanto a velocidade máxima pode chegar aos 280/305 km/h, respectivamente (ante 250 km/h) – com o pacote Dynamic Plus, que inclui direção mais direta, eixo traseiro direcional, diferencial traseiro autoblocante e disco de freio cerâmico.
O test-drive de apresentação desses torpedos sobre rodas foi nos Estados Unidos, mais precisamente na região do Napa Valley, na Califórnia – por motivo óbvio: é lá que está a maioria dos compradores desses modelos da Audi (e de esportivos em geral). Bem que a apresentação poderia ter sido um pouco mais ao sul (o Napa Valley fica ao norte de São Francisco). De preferência, na pista de Laguna Seca (em Monterey), com seu famoso Corkscrew (saca-rolhas), onde os RS ficariam mais à vontade.
Mas a avaliação ficou limitada às ruas e estradas públicas em um país onde se guia devagar e o controle policial parece ter olhos de raios X. Não deu muito para mais do que um ou outro atrevimento em seções de estrada mais isoladas e sinuosas, mas sem excessos.
Sensação inebriante
Além do V8 igual ao do RS6, o RS7 dispõe de um sistema de 48 volts, cujo motor de arranque/gerador consegue recuperar até 12 kW de potência na desaceleração. Sem que o motorista tenha que fazer seja o que for, esta energia é armazenada numa pequena bateria de íons de lítio, para depois ser aplicada em retomadas de velocidade e acelerações intermediárias, o que ajuda a reduzir o consumo. Em velocidades entre 55 km e 160 km/h, quando o motorista levanta o pé do acelerador, a central eletrônica decide se é o momento de acumular energia ou movimentar o carro sem gastar gasolina, ou seja, com o motor a gasolina desligado (desde que no modo Efficiency).
Em condução cotidiana – e juntamente com a função que desliga uma das bancadas de quatro cilindros em cargas baixas ou nulas de acelerador –, estes recursos permitem diminuir o consumo. A fábrica fala em médias de 8,3 km/l (RS6) e 7,9 km/h (RS7), em ciclos mistos. Durante nosso test-drive, de 130 km, com o RS7, a média registrada foi de 14,9 l/100 km (6,7 km/l), mesmo com longos períodos de ritmos calmos (uma toada mais esportiva iria fazer disparar esse valor acima dos 20 litros ou 5 km/l).
A personalidade dinâmica da dupla RS6/RS7 se altera de forma sensível, conforme os modos de condução: Efficiency, Comfort, Auto e Dynamic, além dos personalizáveis RS1 e RS2, que afetam a resposta de motor, transmissão, suspensão, direção, som do motor e do diferencial.
A entrega de torque é, como ponto de partida, feita em proporções de 40:60, com primazia para a traseira, mas depois pode variar em função do tipo de condução, da aderência do piso e da sinuosidade da estrada, até um máximo de 70% do torque enviado para as rodas dianteiras ou um pico de 85% para as traseiras, em questão de milésimos de segundo.
O opcional Pacote RS Dynamic Plus – o tal que dá direito aos 305 km/h – inclui entrega seletiva de torque com recurso a um diferencial autoblocante eletrônico, empurrando para ainda mais longe os limites até onde pode ir o comportamento do carro. Ganha-se, segundo a Audi Sport, ainda mais capacidade de tração e estabilidade, principalmente a meio e à saída de curvas mais fechadas.
A dupla de despedida não configura uma revolução sobre rodas, longe disso, ela apresenta apenas ajustes técnicos que melhoraram o desempenho, para torná-lo talvez inesquecível. Com mais rendimento no V8 de 4 litros, chassis melhorado e estética de acordo com a proposta, estão garantidas as sensações inebriantes ao volante, para voltas carregadas de adrenalina a qualquer circuito de velocidade ou para se perder a carteira de habilitação por um bom tempo. Ou tudo isso junto.
Na traseira, o túnel da transmissão rouba espaço
Veredicto Audi RS6
Esta RS6 Performance faz jus à tradição de sua linhagem de peruas mitológicas da marca Audi.
Ficha Técnica – Audi RS6
Preço: 174.570 euros
Motor: gas., diant., long., V8, inj. direta, biturbo, 3.996 cm³, 630 cv a 6.000 rpm, 86,7 kgfm a 2.300 rpm
Câmbio: automático, 8 m., tração integral
Direção: elétrica, com eixo traseiro direcional (até 5 graus) opcional
Suspensão: duplo A (diant.), multibraços (tras.)
Freios: disco ventilado (cerâmico, opcional) nas quatro rodas
Pneus: 285/30 R22
Dimensões: comprimento 500,9 cm; largura, 195 cm; altura, 142,4 cm; entre-eixos, 293 cm; peso, 2.140 kg; porta-malas, 565-1.390 l; tanque, 73 l
Desempenho*: 0 a 100 km/h, 3,4 s; velocidade máxima de 280 km/h; consumo misto, 8,3 km/l
*Dados de fábrica
Veredicto – Audi RS7
Sem a fama da perua, o RS7 é igualmente veloz, gostoso de guiar e faz boa figura onde aparece.
Ficha Técnica – Audi RS7
Preço: 175.570 euros
Motor: gas., diant., long., V8, inj. direta, biturbo, 3.996 cm³, 630 cv a 6.000 rpm, 86,7 kgfm a 2.300 rpm, elétrico auxiliar híbrido leve de 48 volts
Câmbio: automático, 8 m., tração integral
Direção: elétrica, com eixo traseiro direcional (até 5 graus) opcional
Suspensão: duplo A (diant.), multibraços (tras.)
Freios: disco ventilado (cerâmico, opcional) nas quatro rodas
Pneus: 285/30 R22
Dimensões: comprimento, 500,9 cm; largura, 195 cm; alt., 142,4 cm; entre-eixos, 293 cm; peso, 2.065 kg; porta-malas, 535 l; tanque, 73 l
Desempenho*: 0 a 100 km/h, 3,2 s; velocidade máxima de 305 km/h; consumo misto, 7,9 km/l
*Dados de fábrica