Dodge Challenger SRT8
A cavalaria da divisão SRT8 da Dodge avança em direção ao Brasil. E nós interceptamos o Challenger com seu V8 de 470 cv na costa oeste
A Freeway 405, que corta a Califórnia de norte a sul, é uma passarela para carros dos sonhos, capaz de despertar a cobiça de qualquer americano apaixonado por potência. Bastam alguns minutos aqui para topar com Ford Mustang, Chevrolet Camaro ou Corvette, a maioria impulsionada pelos V8. E é a bordo de um Challenger SRT8 laranja vivo, de 6,4 litros e 470 cv, que acelero rumo a Santa Barbara. Ele é um dos puros-sangues que a Dodge vai trazer ao Brasil em 2013 – juntamente com seu irmão Charger – para marcar a estreia da sua divisão de alta performace, a SRT 8 (Street and Racing Technology), no país.
A boa notícia é que ele já desembarca no Brasil trazendo a renovação da linha 2012, que lhe deu entradas de ar mais largas no capô, spoiler dianteiro redesenhado e um motor 45 cv mais potente que o anterior, de 6,1 litros. Mas o Challenger ainda conserva os elementos que remetem ao design do clássico dos anos 60, como capô alongado, quatro faróis redondos embutidos e lanternas que formam uma faixa horizontal. Apesar de seus 5,02 metros, o cupê está longe de ser um carro para levar a família. Acomoda bem duas pessoas nos bancos da frente, mas atrás é apertado para as pernas de três passageiros, com o agravante de que adultos com 1,80 metro rasparão a cabeça no teto.
Se o espaço desagrada, o mesmo não se pode dizer do acabamento. Os bancos dianteiros esportivos proporcionam muito conforto, sobre revestimentos de couro e camurça. Para o motorista, há regulagem elétrica de altura e distância e ajuste do apoio lombar. Igual capricho vale também para a forração das portas, de couro com detalhes imitando metal, e para os pedais de alumínio. Para facilitar o uso, o câmbio manual de seis marchas é levemente inclinado para o motorista. O volante tem agora diâmetro quase 1 polegada menor (2,54 cm). Uma tela colorida de 8,4 polegadas, sensível ao toque, comanda o ótimo áudio Harman Kardon, de 900W e 19 alto-falantes.
Mas o que encanta aqui é o motor, da lendária geração Hemi. Para ganhar 45 cv, mudaram taxa de compressão (de 10,3:1 para 10,9:1) e pistões (diâmetro 0,9 mm maior e curso 3,6 mm menor), para render mais em rotações menores. São 65 mkgf a 4 200 rpm (antes era a 4 800 rpm), torque superior ao da Ferrari 599 GTB. Recebeu um novo sistema de gestão do funcionamento dos pistões, no qual quatro deles podem ser desligados, e assim o consumo é reduzido em 25%. Os números oficiais são de 9,8 km/l na estrada e 6 km/l na cidade, no ciclo americano. Porém seu ponto forte continua sendo o desempenho: a Dodge divulga para a versão manual (há ainda um automático de cinco marchas) máxima de 293 km/h e 0 a 96 km/h abaixo de 4 segundos.
Com um novo sistema de amortecimento eletrônico e molas retrabalhadas, o SRT8 garante diversão de sobra em retas e curvas, proporcionando condução firme e direção direta. A suspensão adaptativa pode ser regulada em três níveis de enrijecimento, dependendo da velocidade do carro e do ângulo da direção, entre outros itens. Para conter seu ímpeto, há freios a disco ventilados com até 36 cm de diâmetro e pistões Brembo, controles de tração e estabilidade e ABS com EBD.
Todo esse banho de loja deixou o SRT8 bom para dirigir sem mexer no seu status de objeto de desejo americano. A prova viva: enquanto abastecia seu tanque de 72 litros, fui parado por um jornalista de TV americano especializado em carros, Stig Godal. “Se há algo que ainda se faz bem aqui são carros com motor V8. Um dia preciso levar esta máquina para meu programa”, diz ele. Se este SRT8 pintado de laranja desperta tanta atenção aqui na Califórnia, imagine o que não fará quando oV8 soar com seu ronco inconfundível nas nossas ruas?
VEREDICTO
ComumV8 de 470 cv, o Challenger SRT8 junta-se ao Camaro de 406 cv vendido no Brasil pela Chevrolet e fica à espera de a Ford trazer o Mustang para completer o trio de ouro dos muscle cars.