Especialista em Amarok, mecânico de Goiânia é requisitado até pela VW
Tiago Soares recebe qualquer picape diesel, mas é referência nacional quando o assunto é Amarok: já atendeu mais de 1.500 delas e tem até estoque de serviço
“Se você tem um problema com uma Volkswagen Amarok, procure o Tiago, de Goiânia (GO)”. A frase é uma dica comum nos grupos de WhatsApp de concessionárias Volkswagen e nos grupos de proprietários de picapes de diferentes marcas no Facebook.
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QUATRO RODAS foi atrás de descobrir quem é o “papa das Amarok” e o que levou ele a ser referência no Brasil inteiro.
Trata-se de Tiago Soares Silva, proprietário da Tiago Manutenção Automotiva, que chegou a viralizar pela quantidade de Amarok reunidas. Com a ajuda de dois mecânicos, ele toca o galpão da oficina e outro, do outro lado da rua, onde cabem mais 32 picapes, que é algo entre o que seria um estoque de trabalho para fazer e uma fila de espera.
Parece muito, mas falta espaço. Em um dia normal sempre há ainda mais picapes paradas na rua. E por mais que os letreiros da oficina destaquem que ela é multimarcas, exibindo até a fotos de Toyota Hilux e Ford Ranger, a maior frequência ali é de VW Amarok. A estimativa de Tiago é que mais 1.500 picapes da VW já passaram por ali.
A história desse envolvimento de Tiago com a Amarok começou em 2011, antes da picape completar um ano à venda no Brasil. Ele trabalhava em uma retífica e, nas horas vagas, instalava câmbio automático e tração 4×4 nas Hilux da sétima geração, lançadas em 2005 e apelidadas de “pitbull”.
“Enquanto eu trabalhava com as Hilux, percebia como as Amarok eram desconhecidas e, por isso, os profissionais da minha área evitavam trabalhar com o modelo. É uma mecânica mais complexa e procurei formas de estudar a fundo a picape, como fazer cursos nas concessionárias e, dessa forma, me especializar no veículo,” lembra Tiago.
Hoje, Tiago faz desde manutenções simples, pelo menos para ele, como troca de óleo do motor, e até adaptações mais complexas. Uma feita recentemente foi um “swap”, a instalação do motor V6 3.0 turbodiesel de uma Amarok Extreme em uma Amarok cabine simples, que saía de fábrica apenas com o quatro-cilindros 2.0 em versões com um ou dois turbocompressores. O pedido incomum foi de uma empresa de remapeamento de motores.
A familiaridade com a picape da Volks é tamanha que, enquanto conversávamos, Tiago falava naturalmente sobre os diversos defeitos comuns na Amarok. Um muito recorrente é a aceleração involuntária.
“Atendo uma média de cinco picapes com o conhecido problema de aceleração espontânea por mês. Essa pane acontece por uma confusão na troca de óleo, pois o dreno do óleo do câmbio parece com o dreno do óleo do motor de outros carros. Assim, o atendente retira o óleo da transmissão e completa o óleo do motor sem ter esgotado o lubrificante velho. Isso leva ao excesso de óleo do motor, somando mais de 14 litros. Esse excesso chega à câmara de combustão e acaba causando aceleração espontânea nas VW Amarok”, conta Tiago, que adianta que o conserto disso fica ao redor dos R$ 4.500.
Outro problema comum na picape média da Volkswagen, e que Tiago diz atender uma média de 15 veículos por mês, é a quebra da bomba de alta pressão.
“O problema ocorre quando o rolete da peça se danifica, solta limalhas e contamina todo o sistema de injeção. O carro simplesmente apaga, já que as agulhas dos bicos injetores ficam bloqueadas. Com as peças originais, o conserto fica em média por R$ 15.000”, conta Tiago.
Com histórias intermináveis para contar, Tiago lembra de uma Amarok enviada de Belém (PA), pois ninguém conseguia fazer o motor funcionar novamente. Foi chegar na oficina que o goiano logo decifrou o enigma.
“Pediam mais de R$ 15.000 para trocar todo o sistema de injeção, pois ninguém conseguia fazer o motor funcionar. Logo que comecei a trabalhar no carro descobri que o fusível principal da bomba de combustível estava queimado. Foi só trocar ele que o carro voltou a funcionar”, lembra Tiago com a experiência de quem já recebeu carretas carregadas com Amarok de grandes frotas.
A fama é com a picape da Volkswagen, mas o mecânico também tem histórias do tipo com outras marcas. “Uma vez chegou uma Fiat Toro a diesel de uma grande fazenda de soja da região que a concessionária havia condenado o motor. Então limpei a válvula EGR e a picape ficou como nova”, conta Tiago.
A fama do mecânico goiano também entre os concessionários da Volkswagen não é sem motivo. Além de proprietários, ele também costuma atender concessionárias, que recorrem à oficina para executar alguns serviços mais complexos.
Antes de encerrar a nossa conversa, Tiago confessa gosta mesmo é de picapes. Ele até tem a sua: uma Volkswagen Amarok.