O ditado, em italiano, Piano, piano, se va a lontano, versão do popular “devagar se vai ao longe”, explica bem o conjunto de técnicas de direção econômica, que o especialista Cesar Novaes, batizou de método Slow Drive e que, apesar do slow (devagar) no nome, promete aumentar a velocidade média dos carros no trânsito urbano e reduzir o consumo em até 40%. Nesta época de combustíveis caros, esse é o método que todos precisamos conhecer.
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Para apresentar os princípios do Slow Drive, chamamos o especialista Cesar Novaes, que ministra cursos sobre o tema há mais de 20 anos e convidamos três motoristas com perfis (idade, sexo e experiência) distintos como voluntários.
O objetivo era avaliar as médias de consumo de cada motorista antes e depois de conhecidas as técnicas de condução econômica.
Para isso, nos reunimos na sede da Abril, na zona oeste de São Paulo (SP), em um sábado de manhã, quando o trânsito é mais ou menos constante na região, e realizamos duas rodadas de test-drives, com cada motorista.
Priscylla Palazolo Caputo, de 33 anos; Lucas Barboza, de 30, e Marcos Antônio de Carvalho, de 58, se revezaram ao volante de nosso Chevrolet Onix Plus, do teste de Longa Duração, que foi devidamente instrumentado, com aquisitor de dados V-Box e o medidor de fluxo de combustível PLU, para medição e registro preciso dos números obtidos.
Em setembro de 2014, promovemos esse mesmo teste com outros candidatos e obtivemos uma economia de combustível de mais de 40%.
Naquela ocasião, porém, o teste foi realizado com um VW Up! 1.0, equipado com câmbio manual, e neste nós utilizamos o Onix Plus, que tem câmbio automático e, portanto, sem a variável da realização das trocas pelas pessoas. E os resultados foram diferentes, mas ainda assim animadores.
A escolha por um modelo automático ocorreu porque há um crescimento da procura por veículos automáticos no Brasil. Eles já representam mais de 40% das vendas de automóveis no país, segundo a consultoria Jato Dynamics.
Além disso, a intenção foi mostrar que é possível aplicar os conceitos do método também nesse tipo de equipamento.
Primeiro test-drive
Começamos as atividades com um bate-papo em que o instrutor explicou as atividades propostas, dizendo que na primeira rodada de test-drives, os motoristas deveriam dirigir como fazem habitualmente, sem se preocupar se estavam sendo avaliados ou com as marcas de consumo obtidas.
Depois, eles teriam uma aula de direção econômica, e então voltariam a campo para praticar o que aprenderam.
O trajeto escolhido tinha 5 km de extensão, com descidas íngremes, subidas, rotatórias e semáforos.
O primeiro a assumir o volante foi o Marcos Antônio, que disse ter mais de 40 anos de habilitação e ser um motorista naturalmente preocupado com a economia de combustível.
Na prática, porém, foi possível sentir que ele, que é dono de um Honda Accord, tem um estilo de dirigir que poderia ser classificado como esportivo.
Já de saída, ele arrancou pisando fundo no acelerador e seguiu acelerando até o primeiro semáforo, que estava fechado. Na descida, Marcos pisou diversas vezes no freio, para voltar a acelerar em seguida e o giro do motor se manteve na maior parte do tempo com a rotação acima de 3.000 rpm.
Pryscilla assumiu o Onix Plus em seguida e mostrou ser uma pessoa mais cautelosa, fazendo acelerações mais progressivas. Mas, mesmo assim, ela também usou bastante os freios na descida e manteve o motor trabalhando em giro alto.
O terceiro convidado, Lucas, teve um comportamento ao volante mais parecido com o de Marcos, mas visivelmente pisou ainda mais no freio do que os outros dois candidatos.
Reaprendendo a dirigir
Antes da segunda rodada de testes, como foi explicado, os participantes voltaram à sala de treinamento da editora Abril para serem apresentados aos conceitos de condução econômica.
“Faço questão de mostrar todos os preceitos na teoria para que os alunos comprovem em seguida que funciona na prática”, afirmou o professor Cesar.
O primeiro tópico foi a importância de manter a rotação do motor abaixo de 2.500 rpm. “Esse é o grande segredo”, disse o especialista.
“Mantendo baixo o giro do motor, a economia de combustível é imediata, porque, basicamente a motorização exige menos combustível para funcionar”, explicou.
O consultor também destacou que o gasto de combustível é muito maior nas arrancadas, quando tiramos o veículo da inércia. Segundo ele, nesse momento, o consumo é cerca de 20% maior na comparação com o momento em que o carro está em movimento, quando o ideal é manter uma velocidade constante.
“Quando o semáforo fechar lá na frente, você já tem que reduzir a velocidade de modo que ganhe tempo suficiente para que ele reabra sem a necessidade de parar o carro totalmente”, disse.
Segundo Cesar, quando o motorista começa a ter esse tipo de atitude, é natural que passe a desfrutar do que ele chama de “ondas verdes” que surgem nas avenidas, quando o condutor aproveita todos os semáforos abertos e mantém a velocidade constante.
Outro ensinamento importante foi que, via de regra, a cada 25 kg acrescentados à carga do veículo é gasto 1% a mais de combustível. “Portanto, carregar coisas desnecessárias, por comodismo ou mesmo esquecimento, no interior do carro, faz o consumo de combustível aumentar
Segundo test-drive
Os candidatos ficaram animados com a perspectiva da economia que poderiam fazer e rapidamente se dirigiram ao segundo test-drive, que seguiu a mesma ordem do primeiro.
Marcos, assim que saiu da imobilidade, demonstrou que havia aprendido o que lhe foi passado e ao ver que o primeiro semáforo estava fechado (de novo) já diminuiu a velocidade tentando evitar a parada total do veículo.
Na descida, ele usou mais o freio motor do carro, conforme o instrutor orientou e manteve a rotação abaixo das 2.500 rpm.
O computador de bordo do carro não era um instrumento válido para as medições, mas Marcos comemorou quando viu a tela indicar a média de consumo de 18 km/l, em certo momento, no painel do Onix Plus.
Na volta anterior, no mesmo trecho, o computador marcava 14 km/l. Chegando ao destino, ainda sem saber quais foram suas médias, registradas no computador de teste, Marcos já comemorava o fato de perceber que havia posto em prática o que tinha aprendido, dizendo que em 40 anos de direção jamais havia dirigido prestando tanta atenção ao giro do motor ou mesmo se semáforos à frente estavam abertos ou fechados, podendo antecipar as desacelerações ou retomadas.
Cesar ainda observou que Marcos usou menos o freio e destacou que esse comportamento é importante porque também economiza as pastilhas de freio, o que é igualmente útil para segurança, uma vez que a utilização do sistema de freios sem necessidade pode gerar fadiga no conjunto com o risco de surgirem falhas em um momento de emergência.
Examinando os números de consumo conseguidos por Marcos antes e depois, verificou-se que, sim, ele melhorou suas marcas. No primeiro test–drive, ele obte a média de 7,6 km/l e no segundo, 8,8 km/l.
O ganho foi de 15,1 %, mas poderia ser maior, porque seus companheiros conseguiram diferenças maiores.
Pintou a campeã
Seguindo a sequência do primeiro test-drive, Priscylla foi a segunda a voltar à pista. Ela também poupou o sistema de freios e conduziu de forma mais econômica, chegando a surfar em uma onda verde entre semáforos, que soube aproveitar.
Ao final do percurso, ela terminou com a maior evolução em seu rendimento, consagrando-se como a mais econômica dos três motoristas. Na primeira volta, segundo o PLU, ela consumiu 7,2 km/l e na segunda 9,03 km/l – uma melhora de 25,4%.
Coube ao Lucas o segundo lugar entre os voluntários, com um ganho de 25% entre os testes. Ele conseguiu a média de 7,6 km/l, no primeiro test–drive, e 9,5 km/l no segundo.
A seu favor, pesa o fato de que ele foi o que obteve a melhor média de consumo do dia, a bordo do Onix Plus.E, além disso, Lucas foi o que mais reduziu o número de acionamentos do freio: pisou 56 vezes na primeira volta e 15 na segunda – uma redução de 273% ou 41 acionamentos a menos.
No final do dia, o resultado foi positivo para todos os participantes, que saíram da experiência motivados a economizar cada vez mais e chegar a uma economia de 40% prometida pelo método, além disso, entenderam que as mudanças são simples e fáceis de ser aplicadas.
E você também pode começar a economizar, e já na próxima vez que ligar o seu carro.
Técnicas Slow Drive
- Mantenha a rotação do motor abaixo de 2.500 rpm.
- Desenvolva velocidades constantes.
- Gerencie o fluxo de tráfego no trânsito. Tente antecipar suas paradas ou planeje as ultrapassagens.
- Cuide da manutenção geral do carro e mantenha os pneus calibrados.
- Gerencie fontes de consumo extra: peso morto no porta-malas, bagageiro cheio, ar-condicionado ligado.