Estes itens não estão no carro para te agradar, mas para reduzir impostos
Equipamentos vindos de carros de luxo, como faróis de leds e bancos ventilados, ganham espaço entre os compactos para melhorar notas de eficiência
![GRADE ATIVA BMW 330E](https://gutenberg.quatrorodas.abril.com.br/wp-content/uploads/2020/05/grade-ativa-bmw-530e.jpg?quality=70&strip=info&w=1024&crop=1)
Você pode já ter percebido que carros mais baratos começaram a ganhar equipamentos antes restritos a modelos mais caros. É o caso de monitor de pressão dos pneus, faróis e lanternas de led, start-stop, grade ativa e até bancos ventilados.
Acredite: todos eles, de alguma forma, ajudam a economizar combustível. Mas estão ganhando espaço por serem um meio relativamente fácil de melhorar a eficiência energética dos veículos e, com isso, reduzir a carga de impostos que incide sobre o custo do carro.
Acontece que os fabricantes que se inscreveram no Rota 2030 precisam, entre outras coisas, cumprir metas de eficiência para conseguir abatimento de até 2 pontos percentuais do IPI.
Até 2023 automóveis comercializados no Brasil precisarão estar pelo menos 11% mais eficientes, alcançando o índice médio de eficiência de 1,65 MJ/km. Uma redução no peso médio da frota, também prevista, deverá ajudar a alcançar esta meta.
Ao fim da primeira, justamente em 2023, existe a possibilidade de o IPI (imposto sobre produtos industrializados) passar a ser aplicado não mais pela capacidade cúbica do motor, mais pelo seu índice de eficiência.
Um dos meios de melhorar a nota de eficiência é adotar equipamentos que promovem redução de consumo na vida real, mas que dificilmente (para não dizer impossível) teriam impacto no consumo em ciclo normal de testes de eficiência.
![Indicador de troca de marcha](https://gutenberg.quatrorodas.abril.com.br/wp-content/uploads/2020/05/unnamed.jpg?quality=70&strip=info&w=1024&crop=1)
Por exemplo, rodar com pneus na pressão correta e trocar as marchas no momento certo sempre ajudam a economizar combustível, desde que o motorista não os ignore.
Já o impacto do start-stop no consumo depende do tempo de cada parada e a grade ativa, capaz de abrir e fechar as aletas da grade para romper o ar com mais facilidade, atua em função de condições específicas de temperatura do motor e do ambiente.
Eles não teriam efeito sobre a nota de eficiência divulgada pelo Inmetro, calculada por meio de testes feitos em laboratório, com dinamômetro. Mas na vida real ajudam, sim, a fazer o combustível render um pouco mais no tanque.
Então, como estimular a presença destes equipamentos que promovem redução de consumo nos carros novos?
![Renault Sandero 2020](https://gutenberg.quatrorodas.abril.com.br/wp-content/uploads/2019/07/cvt-traseira.jpg?quality=70&strip=info&w=1024&crop=1)
A solução foi garantir créditos sobre a nota de consumo aos modelos dotados com equipamentos que promovem redução real de consumo, ainda que indiretamente.
Até mesmo vidros refletivos, bancos ventilados – que ajudariam na eficiência térmica do ar-condicionado –, freios regenerativos e o simples fato de usar motor flex também garantem um abatimento no cálculo de eficiência, ajudando a melhorar a nota de cada carro.
Só não vale se o equipamento for opcional. Para ser considerado, os itens que garantem créditos precisam ser de série da versão.
Isso começou em 2018. O Inovar-Auto, regime automotivo que vigorou entre 2012 e 2017 para estimular a indústria automotiva e a eficiência de carros novos, não considerava estes equipamentos em seu projeto original. Mas os fabricantes pleitearam mudança.
A partir de 2015 ficou garantido uma espécie de crédito-bônus no cálculo de eficiência energética, que continua válido no Rota 2030 – substituto do Inovar-Auto lançado no final de 2018.
Este índice, obtido em megajoules por quilômetro (MJ/km) vem do programa de etiquetagem veicular do Conpet, que contempla medições de consumo e emissões, e classifica cada modelo vendido no mercado por meio de um índice de eficiência energética.
![start-stop 1](https://gutenberg.quatrorodas.abril.com.br/wp-content/uploads/2019/12/start-stop-1.jpg?quality=70&strip=info&w=1024&crop=1)
O cálculo de eficiência energética é complexo, mas os créditos podem ser facilmente resumidos. Veja na lista abaixo:
Start-stop: 0,0227 MJ/km em automóveis e 0,0439 MJ/km em comerciais leves;
Freios regenerativos: elevam o crédito do start-stop a 0,06 MJ/km;
Grade frontal ativa: 0,0049 MJ/km;
![Honda_fit_exl_2018 (7)](https://gutenberg.quatrorodas.abril.com.br/wp-content/uploads/2017/09/honda_fit_exl_2018-7.jpg?quality=70&strip=info&w=1024&crop=1)
Iluminação por leds: limitado a 0,0079 MJ/km, respeitado os valores individuais de cada tecnologia conforme tabela abaixo:
![Crédito de eficiência energética leds](https://gutenberg.quatrorodas.abril.com.br/wp-content/uploads/2020/05/Cr%C3%A9dito-de-efici%C3%AAncia-energ%C3%A9tica-leds.jpg?quality=70&strip=info&w=1024&crop=1)
Sistema de monitoramento de pressão dos pneus (TPMS): 0,0134 MJ/km;
Indicador de troca de marcha (GSI): 0,0134 MJ/km;
Aerodinâmica ativa: é baseado no percentual de redução de arrasto aerodinâmico, excluído o efeito da grade ativa, conforme tabela abaixo:
![cálculo aerodinâmica ativa](https://gutenberg.quatrorodas.abril.com.br/wp-content/uploads/2020/05/c%C3%A1lculo-aerodin%C3%A2mica-ativa.jpg?quality=70&strip=info&w=1024&crop=1)
Motor flex: até 0,04 MJ/km, dependendo da diferença de eficiência entre álcool e gasolina;
Ar condicionado com compressor variável: 0,04 MJ/km;
Bancos ventilados, vidros refletivos e pintura refletiva de calor: até 0,0250, conforme tabela abaixo:
![cálculo eficiência térmica](https://gutenberg.quatrorodas.abril.com.br/wp-content/uploads/2020/05/c%C3%A1lculo-efici%C3%AAncia-t%C3%A9rmica.jpg?quality=70&strip=info&w=1024&crop=1)
Em caso de tecnologias que não são contempladas na lista, os fabricantes têm a possibilidade de solicitar créditos apresentando um laudo feito por entidade independente mostrando o ganho de eficiência.
No entanto, testes extras podem ser exigidos para quantificar os ganhos e todo o custo é do fabricante. O limite de concessão extra é de 0,0351 MJ/km.
![Creta 2020 6](https://gutenberg.quatrorodas.abril.com.br/wp-content/uploads/2019/08/creta-2020-6.jpg?quality=70&strip=info&w=1024&crop=1)
Créditos na prática
Uma coisa é importante salientar: as medições de consumo ainda têm maior peso nos índices de eficiência. Até porque o impacto desses créditos no cálculo final é pequeno e até ajuda a compensar a diferença de consumo entre as versões.
O mais curioso é observar a presença de uma parte destes equipamentos em carros com índices de eficiência ruins e notas baixas no programa de etiquetagem.
Por exemplo, o índice da Chevrolet Spin é de 1,91 MJ/km na versão LT 1.8 automática, conferindo nota D no segmento. Já o do Ford EcoSport é de 1,95 MJ/km, o equivalente a uma nota C, mesmo com motor três-cilindros 1.5 12V moderno. Em comum, ambos vêm com grade ativa.
![Spin 2017 Grade Ativa do chevrolet spin](https://gutenberg.quatrorodas.abril.com.br/wp-content/uploads/2016/11/57ae36e80e21637197022e2egrade-ativa.jpeg?quality=70&strip=info&w=1024&crop=1)
Já o Hyundai Creta Prestige traz monitor de pressão dos pressão dos pneus e start-stop em todas as versões 2.0, mas não há diferença no índice para a versão topo de linha Prestige, com banco do motorista ventilado e lanternas de led: todos recebem nota D no segmento e C geral, com 2,05 MJ/km.
O Jeep Renegade possui start-stop de série, monitor de pressão dos pneus e a versão topo de linha com motor 1.8, Limited, tem faróis e lanternas de leds. Seu índice: 2,17 MJ/km, nota E no segmento.
![Chevrolet Cruze Sport6 Monitoramento da pressão dos pneus é de série desde a versão LT](https://gutenberg.quatrorodas.abril.com.br/wp-content/uploads/2016/12/pbx_8977-tif.jpg?quality=70&strip=info&w=1024&crop=1)
Como o Fiat Argo foi lançado com start-stop de série e depois o equipamento se tornou opcional em algumas versões, é possível ver o impacto do sistema em sua nota. Na versão Precision 1.8 automática, o índice sobe de 1,90 para 1,99 MJ/km sem o equipamento. Mas a nota não deixa de ser E.
O antigo Argo 1.3 automatizado era ainda mais interessante. O start-stop fazia o índice passar de 1,64 para 1,57 MJ/km, diferença que fazia a sua nota de eficiência passar de B para A.
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